Grêmio Campeão Mundial 1983

No dia 12 de abril de 1961, o astronauta soviético Yuri Gagarin foi o primeiro ser humano a viajar para o espaço, até a órbita da Terra. Na volta, ele declarou uma das mais famosas frases do século 20: "A Terra é azul". Nesta mesma época, a Copa Intercontinental recém havia passado pela sua primeira edição, e era preparada para a segunda. Nem se imaginava que, 22 anos depois, o desfecho da competição cruzaria com a aventura de Gagarin.

A popularidade do Mundial Interclubes só aumentava em 1983. Todos os europeus e sul-americanos queriam estar no Japão. Pela Copa dos Campeões da UEFA, o Hamburgo quebrava a sequência inglesa ao ser campeão pela primeira (e única) vez. Na campanha, o time alemão eliminou Dínamo de Kiev, Real Sociedad, e na final venceu o Juventus por 1 a 0. No comando técnico da equipe estava o austríaco Ernst Happel, que em 1970 conduziu o Feyenoord ao título mundial.

Um campeão inédito também comemorou na Libertadores. Em sua segunda presença, o Grêmio passou por Flamengo, América de Cali e Estudiantes antes de vencer o Peñarol na decisão. O Tricolor empatou a ida por 1 a 1 e venceu a volta por 2 a 1, tornando-se o quarto brasileiro a confirmar vaga no Mundial.

No dia 11 de dezembro, o Nacional de Tóquio recebeu Grêmio e Hamburgo sob um tempo nublado, mas o fato não atrapalhou a qualidade do jogo. O time gaúcho tomou a iniciativa no primeiro tempo, e criou as melhores chances até fazer o primeiro gol.

Aos 37 minutos do primeiro tempo, Paulo Cezar Caju lançou para Renato no campo de ataque. O ponta arrancou pelo lado direito, entortou o zagueiro Hieronymus dentro da área e chutou cruzado entre a trave esquerda e o goleiro Stein. No segundo tempo, o Grêmio manteve-se firme, mas os alemães conseguiram o empate quase no fim. Aos 40 minutos, Magath cobrou falta na cabeça de Jakobs, que escorou a bola para Schröder na pequena área. O volante só teve o trabalho de empurrar para a rede.

A disputa foi à prorrogação. No terceiro minuto, Caio cruzou pelo lado esquerdo para Tarciso, que não alcançou a bola. Ela sobrou para Renato, que limpou a marcação e bateu rasteiro no canto esquerdo do gol. A partir daí o time alemão cansou, e o Grêmio segurou o 2 a 1 que lhe deu o maior título da sua história.

Porto Alegre e o Rio Grande do Sul pararam para ver os campeões desfilarem na volta para casa. Renato Portaluppi ficou consagrado como o maior ídolo do Grêmio, e o clube confirmou a célebre afirmação de Gagarin: sim, a Terra é mesmo azul.


Foto Jurandir Silveira/Agência RBS

Peñarol Campeão Mundial 1982

A conquista do Flamengo em 1981 estabeleceu um recorde até então inédito na história dos Mundiais. Foi o quarto título consecutivo conquistado por uma equipe sul-americana, superando os triênios 61/62/63 e 66/67/68, ambos obtidos pelo lado sudaca, que dava um banho de desempenho na Europa: 12 a 8. E mesmo com o retorno do interesse europeu em competir, a Copa Intercontinental ficaria sob uma supremacia da América do Sul ainda por mais algumas temporadas.

A Copa dos Campeões da UEFA viveu sob um domínio inglês durante as primeiras edições do Mundial no Japão. Em 1982, o país conseguiu o sexto título seguido na competição, o primeiro com o Aston Villa, que na final derrubou o Bayern de Munique por 1 a 0. Antes de enfrentar os alemães, os Villans eliminaram o Dínamo de Kiev e o Anderlecht.

Na Libertadores, o Uruguai voltou a dar uma grande demonstração de força e tradição. Depois de passar por São Paulo, Grêmio, Flamengo e River Plate, o Peñarol conseguiu o tetracampeonato em emocionante decisão contra o Cobreloa: empatou sem gols em casa e venceu por 1 a 0 fora, marcando aos 44 minutos do segundo tempo. A quarta presença carbonera no Mundial acirrou ainda mais a rivalidade com o Nacional. Agora seria a vez do Peñarol vivenciar a situação que o outro lado uruguaio teve dois anos antes.

Peñarol e Aston Villa se encontraram em 12 de dezembro no Nacional de Tóquio. O tempo estava fechado, mas isto não atrapalhou os planos dos uruguaios, que desde os primeiros minutos dedicaram-se a encurralar os ingleses, que chegaram a assustar com uma bola no travessão quando o placar ainda estava zerado.

Aos 27 minutos do primeiro tempo, o brasileiro Jair Gonçalves abriu o marcador ao time sul-americano. Ele cobrou uma falta da intermediária, a bola tocou no travessão e caiu atrás da linha do gol. O domínio do Peñarol só aumentava conforme o relógio corria. O segundo gol foi amadurecendo até a etapa final. Aos 23 minutos, Venancio Ramos ganhou dividida no meio-campo e lançou a bola para Walkir Silva, que avançou sobre a zaga e chutou na saída do goleiro Rimmer, que espalmou fraco. O próprio Silva aproveitou o rebote para ampliar o escore.

A superioridade do Peñarol foi mantida até o apito final, e o placar de 2 a 0 confirmou o tri mundial do clube, que acabou com 16 anos de fila. A conquista também isolou o Carbonero na liderança de títulos, superando os bis do Santos, da Internazionale e, sobretudo, do Nacional. A rivalidade uruguaia passava por um momento mágico em sua história.


Foto Arquivo/Peñarol

Flamengo Campeão Mundial 1981

Sucesso. Esta foi a palavra usada para definir a primeira edição da Copa Intercontinental no Japão. O público local abraçou o torneio, adotando Nacional e Nottingham Forest durante a estadia dos clubes no país. O apoio da Toyota definitivamente resolveu o problema que ameaçava a existência da competição. Mesmo os europeus, que antes viam prejuízo em jogá-la, passaram a lucrar mesmo com uma eventual derrota.

Para o ano de 1981, o planejamento foi repetido em tudo. A diferença é que, enfim, o Mundial voltaria a acontecer dentro do ano certo. Na Copa dos Campeões da UEFA, o Liverpool conseguiu o tricampeonato depois de eliminar equipes como CSKA Sofia e Bayern de Munique, além do Real Madrid na decisão. Os ingleses aplicaram 1 a 0 nos espanhóis e repetiram os feitos de 1977 e 1978. Nestes dois anos, um Mundial foi disputado pelo vice europeu e o outro sequer aconteceu. Mas os tempos eram outros, e o Liverpool viu no torneio a chance ideal para expandir sua marca, e também de mostrar a superioridade do futebol britânico.

Na Libertadores, uma nova força do futebol brasileiro surgiu. Logo na estreia, o Flamengo bateu adversários como Atlético-MG, Olimpia e Deportivo Cali. Na final, contra o Cobreloa, foi campeão em três partidas: venceu por 2 a 1 na ida, perdeu por 1 a 0 na volta, e venceu por 2 a 0 no desempate. A equipe de Zico, Júnior e Nunes foi a terceira a vencer a competição sul-americana e a primeira a comparecer no novo formato do Mundial.

Duas escolas diferentes de futebol se enfrentaram no Nacional de Tóquio, em 13 de dezembro. O Liverpool não seguiu o exemplo do compatriota da edição anterior e mandou o time completo ao jogo. O Flamengo, confiava na qualidade de seus craques. Porém, um possível equilíbrio no confronto não foi possível de se ver.

O rubro-negro tomou conta do jogo desde os primeiros minutos. Aos 12 minutos do primeiro tempo, Zico lançou para Nunes, livre da marcação defensiva. O atacante tocou na saída do goleiro Grobeelaar e abriu o placar. O gol desmontou o time inglês, e o Fla assumiu de vez o comando. Aos 34 minutos, Tita sofreu falta próximo à área. Zico bateu, Grobeelaar rebateu, e Adílio aproveitou o rebote para fazer o segundo. O baile carioca seguiu aos 41 minutos, quando Nunes recebeu outro passe de Zico e chutou cruzado no canto direito do goleiro.

Com 3 a 0 já na primeira etapa, o Flamengo dedicou-se a administrar o resultado no tempo seguinte, colocando o Liverpool na roda. Uma atuação inesquecível para os flamenguistas, que madrugaram para comemorar o título mundial, o maior da história do clube. Na volta ao Rio de Janeiro, o Fla ainda achou tempo para vencer o Vasco na final estadual, antecipando o Carnaval da sua torcida.


Foto Arquivo/Agência Jornal do Brasil/Placar

Nacional Campeão Mundial 1980

A década de 80 foi marcada por muitas transformações no mundo. No futebol não foi diferente, visto que as fronteiras esportivas entre os países foi diminuindo ano após ano. A Copa Intercontinental também passou por uma profunda reformulação, em 1980.

Depois das disputas capengas dos anos 70, UEFA e Conmebol precisavam chegar em um consenso para que o Mundial não morresse. A ideia escolhida foi a de realizar o torneio em partida única em campo neutro. Em um primeiro momento, Nova York foi o local escolhido. Mas era preciso que houvesse apoio financeiro, e nenhuma empresa dos Estados Unidos embarcou no projeto.

Até que entrou na história a Toyota, montadora de carros do Japão. Ela propôs que o Mundial fosse levado à Tóquio, e a organização seria feita a seis mãos. Em troca, a empresa bancaria todas as despesas dos clubes, além das premiações e a entrega de um carro para o craque da partida. O nome oficial da competição também seria alterado, para Copa Toyota (ou Copa Europeia/Sul-Americana). Os únicos trabalhos dos clubes seriam o de viajar e o de jogar.

Mas o principal inconveniente não estava resolvido. Como obrigar o campeão europeu a jogar sempre? A UEFA chegou a uma conclusão radical: passou a obrigar os clubes a assinarem um contrato, antes de entrarem na Copa dos Campeões, obrigando-os a disputar a competição se chegassem ao título. Caso não disputassem o Mundial, a quebra de contrato levaria à suspensão de competições europeias.

A mudança não foi bem digerida no Velho Continente. O Nottingham Forest conquistou o bicampeonato europeu, ao fazer 1 a 0 no Hamburgo, e foi ao Japão sob protesto: o técnico Brian Clough levou só 14 atletas para o torneio, alegando que o clube só faria aquele "amistoso" para cumprir o contrato. Na Libertadores, o Nacional do Uruguai também foi bi, depois de derrotar o Internacional na decisão, com 0 a 0 na ida e 1 a 0 na volta. Os uruguaios, ao contrário dos ingleses, foram empolgados para a Terra do Sol Nascente.

As negociações entre Conmebol, UEFA e Toyota foram longas, e o Mundial de 1980 foi jogado apenas no dia 11 de fevereiro de 1981. Foi a primeira de 22 finais no Estádio Nacional de Tóquio, que nesta primeira vez recebeu 62 mil torcedores. Ao meio-dia, a bola rolou no gramado queimado pelo frio. Como era de se esperar, o Nottingham se esforçou pouco, enquanto o Nacional deu o seu máximo. Logo aos dez minutos de jogo, Victorino recebeu cruzamento de Moreira e tocou rasteiro entre a zaga: 1 a 0 Bolso. O resultado persistiu até o fim, e a comemoração pelo segundo título varou a madrugada no Uruguai.


Foto Arquivo/Nacional

Olimpia Campeão Mundial 1979

Inúmeros problemas assolaram a realização do Mundial na década de 70. Como por exemplo, a disputa de 1977 acontecendo somente no ano seguinte e empurrando a edição de 1978 para o início de 1979. Só que o representante europeu de 78 seria o mesmo de 77, o Liverpool, bicampeão da Copa dos Campeões e totalmente desinteressado na Copa Intercontinental. E desta vez nem o vice Brugge aceitou o convite. Bicampeão da Libertadores em cima do Deportivo Cali, o Boca Juniors ficou sem a chance de repetir a dose também no Mundial.

Assim, as atenções passaram a ficar na edição de 1979 mesmo. A torcida de UEFA e Conmebol era de que tudo voltasse ao normal, e a Copa Europeia ficou nas mãos de outro time inglês: o Nottingham Forest, que na final venceu por 1 a 0 o Malmö, da Suécia. Mas o clube seguiu a onda dos vencedores anteriores e pulou fora do Mundial. Na Libertadores, o Olimpia desbancava o Boca Juniors na decisão, fazendo 2 a 0 na ida e empatando sem gols na volta. O time paraguaio aguardou por quatro meses pelo Mundial, até que o Malmö aceitasse o convite.

A Copa Intercontinental teve início em 18 de novembro, no Estádio Municipal de Malmö. O público que compareceu à ida é o pior da história dos Mundiais: exatos 4.811 torcedores. Sem pressão e com uma equipe superior à sueca, o Olimpia conseguiu a vitória sem muito problema. Aos 41 minutos do primeiro tempo, Evaristo Isasi fez 1 a 0 e garantiu a vantagem paraguaia.

A volta mundialista não aconteceu em 1979, por outra falta de espaço no calendário europeu. Só em 2 de março de 1980 é que a disputa foi retomada. O Defensores del Chaco, em Assunção, recebeu 47 mil pessoas, em um clima totalmente oposto ao da Suécia. O apoio foi fundamental ao Olimpia, que abriu o placar aos 39 da etapa inicial com Solalinde. No primeiro minuto do segundo tempo, Erlandsson assustou a todos ao empatar o jogo. O Decano manteve a calma, e aos 26 minutos o reserva Michelagnoli fez 2 a 1 e garantiu o título mundial ao clube paraguaio. Um feito jamais igualado.

O Mundial de 1979 foi mais um realizado a duras penas, sob muita insistência. Porém, a história estaria prestes a mudar na virada de década. Os times deixariam de atravessar o Oceano Atlântico e passariam a viajar pelo Pacífico. O motivo? Na busca pela salvação da Copa Intercontinental, UEFA e Conmebol firmaram uma parceria com a Toyota, que levou a disputa para o Japão a partir de 1980. O torneio em ida e volta, com o risco de desistências por medo de violência e por falta de atrativo financeiro, estava extinto.


Foto Arquivo/Olimpia

Boca Juniors Campeão Mundial 1977

Quantas coisas podem ser feitas em um período de 11 meses? E em cinco? Torcedores europeus e sul-americanos fizeram estas perguntas entre 1977 e 1978, durante a crise existencial da Copa Intercontinental. Se em 1974 e 1975 ela quase foi para o espaço, os anos seguintes não contribuíram em nada para a melhora da situação.

A Copa Europeia de 1977 terminou em maio com o primeiro título do Liverpool, que na final bateu o alemão Borussia Mönchengladbach. Nem houve tempo para apreensão na UEFA: os ingleses comunicaram desde o começo que não iriam jogar o Mundial. Assim como as desculpas de Ajax e Bayern, o clube foi alegou que sua agenda local conflitava com a do Mundial. Enquanto isto, em setembro, a Libertadores era decidida entre Boca Juniors e Cruzeiro. Após 1 a 0 para cada lado, o desempate acabou sem gols. Nos pênaltis, o time argentino fez 5 a 4 e chegou à sua primeira conquista continental.

A celeuma já estava grande com outra desistência, mas o Boca tentou negociar de todos os modos com o Liverpool, chegando inclusive a virar o ano com o plano. Tudo foi em vão. E com o tempo, surgiu o boato de que os ingleses desistiram em protesto à ditadura militar que comandava a Argentina. O jeito foi trazer mais uma vez o vice europeu, mas o Borussia não pareceu muito afim de topar. Mas os xeneizes ganharam pela insistência, sob a condição de que os alemães jogariam apenas quando o calendário estivesse disponível.

O Mundial começou a ser jogado em 21 de março de 1978, em La Bombonera. O desinteresse do Borussia era só fora de campo. Dentro, o Boca passou maus bocados diante dos 60 mil de público. Saiu na frente com Mastrángelo aos 16 minutos do primeiro tempo, mas levou a virada aos 24 e aos 29, de Hannes e Bonhof. Os argentinos melhoraram no segundo tempo e empataram em 2 a 2 aos seis minutos, com Ribolzi. Mas foi só o que aconteceu, e nada ficou encaminhado para a volta.

Cinco longos meses passaram-se, até que em 1º de agosto o Borussia conseguiu uma folga. A segunda partida foi no Wildpark, em Karlsruhe, com um bom público de 38 mil torcedores. Porém, pelo visto, o time alemão esqueceu do que estava buscando no Mundial. O time argentino passeou no primeiro tempo. Aos dois minutos, Felman abriu o placar. Aos 33, Mastrángelo ampliou. E aos 37, Salinas fechou os 3 a 0. No segundo tempo, foi só deixar o Boca deixar o tempo passar para depois comemorar seu primeiro título mundial.

O mais longo de todos os tempos: 11 meses de definição e cinco de disputa, e que selou as dúvidas do início deste texto: dá para ser o melhor time do mundo nestes períodos.


Foto Arquivo/Boca Juniors

Bayern de Munique Campeão Mundial 1976

A Copa Intercontinental atingiu o auge da crise entre 1974 e 1975. O calote dado pelo Bayern de Munique um ano antes bagunçou completamente o cronograma de UEFA e Conmebol, atrasando a edição de 1974 para abril de 1975. Assim, a solução foi fazer duas edições no mesmo ano.

Mas como azar pouco é bobagem, calhou de os campeões continentais repetirem: o Independiente foi hexa da Libertadores e o Bayern foi bi da Copa dos Campeões. Outra vez alegando problema de agenda, o time alemão declinou. E o vice não ajudou, pois o inglês Leeds United recusou o convite. Sem solução, a alternativa foi cancelar o Mundial de 1975.

Eis que chega 1976. O Bayern mantém o domínio europeu ao ser tri na final contra o Saint-Étienne, vencendo por 1 a 0. Obviamente, os alemães não se manifestaram sobre o Mundial, esperando a definição da Libertadores. Mas as notícias sul-americanas foram boas: o Cruzeiro foi campeão após três jogos contra o River Plate. No primeiro, vitória brasileira por 4 a 1; no segundo, derrota por 2 a 1; e no terceiro, vitória por 3 a 2.

Misteriosamente, os problemas de calendário sumiram, e o Bayern finalmente confirmou uma presença mundialista. Nos bastidores, o motivo pela aceitação da vaga só na terceira vez foi de que os brasileiros eram menos violentos que os argentinos, tanto jogadores quanto torcedores.

O ressurgimento do Mundial teve início em 23 de novembro, no Estádio Olímpico de Munique. Debaixo de muito frio e neve, apenas 22 mil torcedores compareceram à partida. O clima favoreceu o Bayern, que controlou todo o jogo contra o Cruzeiro. Nelinho, Palhinha, Joãozinho, Jairzinho e Dirceu Lopes não brilharam, e os alemães conseguiram dois gols no segundo tempo: aos 35 minutos, com Gerd Müller, e os 37, com Jupp Kappellmann. Os 2 a 0 deram uma grande tranquilidade ao Bayern.

O segundo jogo da decisão ocorreu em 21 de dezembro no Mineirão, em Belo Horizonte. Mais de 123 mil pessoas foram ao estádio e fizeram de tudo para empurrar o Cruzeiro. Os brasileiros tentaram de tudo, mas o time alemão era a base da seleção campeã da Copa do Mundo de 1974 mais a futura vice de 1982. Sepp Maier garantiu o bicho do Bayern com ótimas defesas e o 0 a 0 não deixou o placar naquela noite de quase Natal.

Com o regulamento embaixo do braço, o Bayern de Munique conquistou o Mundial pela primeira vez. Já para o Cruzeiro, sobrou somente o feito de colocar o Brasil na competição depois de 13 anos. E uma sina que teria um capítulo surreal 38 anos depois: ver alemães fazendo festa no Mineirão.


Foto Arquivo/Bayern de Munique

Atlético de Madrid Campeão Mundial 1974

O ano de 1974 foi marcante para a história do Mundial de Clubes. Primeiro, porque ocorreu mais uma tentativa de aproximação entre Conmebol, UEFA e FIFA. Durante a troca de comando na Suíça, de Stanley Rous por João Havelange, a nova direção tentou mais uma vez a inclusão das outras confederações na competição, mas as conversas de novo não avançaram. E como a prioridade de Havelange era a expansão da Copa do Mundo, as tratativas congelariam pelas próximas décadas.

Segundo, porque a disputa não aconteceu em 1974, e sim no ano seguinte, devido a mais um desgaste envolvendo o lado europeu. Em maio, a Copa dos Campeões teve a final entre Bayern de Munique e Atlético de Madrid. O time alemão foi campeão em dois jogos: 1 a 1 no primeiro e 4 a 0 no desempate. Até então, tudo bem. Em outubro foi a vez de a Libertadores ser decidida. O Independiente conseguiu o penta após três partidas contra o São Paulo na final: derrota por 2 a 1 na ida, vitória por 2 a 1 na volta e vitória por 2 a 0 no desempate.

Foi só a notícia do título argentino chegar na Alemanha que os problemas começaram. Com a desculpa de que lhe faltava datas para atuar, o Bayern anunciou sua desistência da Copa Intercontinental. Mas para os sul-americanos, ficou subentendido que o pretexto era outro. A recusa alemã aconteceu muito tarde, tanto que não houve tempo para o Atlético de Madrid topar o convite ainda em 1974, já que os espanhóis também estavam com a agenda lotada. Somente em 1975 foi possível realizar a edição do Mundial.

Finalmente, no dia 12 de março, Independiente e Atlético de Madrid deram início à disputa, na Doble Visera, em Avellaneda. Cerca de 60 mil torcedores comparecem no primeiro confronto. O Atleti possuía três sul-americanos em campo: os argentinos Heredia e Ayala, e o paraguaio Benegas. A presença deles contribuiu para a partida ser truncada e de poucas oportunidades. O time espanhol não resistiu à pressão, e perdeu por 1 a 0, gol de Balbuena aos 34 minutos do primeiro tempo. O campeão Independiente era o claro favorito no Mundial.

Porém, o Atlético de Madrid tinha seu valor e queria o título para compensar a perda europeia. No dia 10 de abril, o Vicente Calderón recebeu 65 mil pessoas prontas para a virada. Com dificuldades, elas aconteceu. Aos 34 minutos de partida, Irureta abriu o placar colchonero. Quando o terceiro jogo parecia a solução, aos 40 do segundo tempo, Ayala fez 2 a 0 e decretou o título mundial para o Atlético de Madrid, que conseguira ali uma façanha única: ser, ao mesmo tempo, o segundo do seu continente e o primeiro do mundo.


Foto Arquivo/AS Color

Independiente Campeão Mundial 1973

Problemas, problemas e mais problemas. Este foi o lema que regeu a Copa Intercontinental de 1973. A vitória do Ajax sobre o Independiente na edição de 1972 não somente não normalizar a relação entre europeus e sul-americanos, como tratou de azedá-la ainda mais UEFA e Conmebol tentavam a todo custo manter em pé o prestígio da sua competição, mas a colaboração parecia pequena.

O time holandês - temerário com o jogo violento argentino - voltou atrás na ideia de participar do Mundial imediatamente após a conquista. A decisão só seria mudada outra vez caso outro país conquistasse a Libertadores. A primeira parte da questão foi respondida quando o Ajax venceu o tri na Copa Europeia, derrotando a italiana Juventus por 1 a 0 na final. A segunda parte veio na decisão da Libertadores, e foi “infeliz”. Pois era o próprio Independiente o campeão (pela quarta vez), batendo o chileno Colo Colo em três jogos: 0 a 0 na ida, 1 a 1 na volta e 2 a 1 no desempate.

O Ajax cumpriu pela segunda vez com a promessa e abriu mão de sua vaga. A equipe alegou dificuldades econômicas, mas nas entrelinhas os dirigentes já sabiam o real motivo do declínio. O que restou foi convidar a Juventus. Porém, os incidentes de 1969 com o Milan ainda estavam fortes na memória dos italianos, e o clube de Turim a princípio não topou o convite. Mas fez uma contra-proposta para aceitá-lo: que o Mundial fosse disputado em partida única na Itália.

Então foi a vez de o Independiente reclamar. O time não queria perder a chance de jogar em casa, já que o rodízio apontava que a volta de 1973 seria na América do Sul. Só após muita negociação que o time argentino aceitou fazer um jogo único, assumindo um risco de não conseguir a vitória na Europa e acumular um quarto vice-campeonato.

O atraso causado pela costura do acordo entre Independiente e Juventus empurrou a disputa para o fim do ano. No dia 28 de novembro, o Estádio Olímpico de Roma recebeu a partida decisiva entre os dois clubes. O Mundial já estava em crise, e a organização não ajudou: numa quarta-feira à tarde e em campo neutro só pouco mais de 22 mil torcedores compareceram nos 72 mil lugares.

Os italianos dominaram na maioria do tempo, mas o gol não saiu. O meia Cuccureddu perdeu um pênalti durante o segundo tempo e o goleiro Santoro salvou várias finalizações. A sorte estava do lado dos Diablos Rojos. Aos 35 minutos da etapa final, o meia Bochini chutou forte na saída do goleiro Zoff, a bola desviou levemente no zagueiro Gentile, ganhou altura e parou dentro do gol. O 1 a 0 permaneceu até o fim, e o Independiente finalmente conseguiu seu grito de campeão mundial, depois de três vices frustrantes.


Foto Arquivo/Independiente

Ajax Campeão Mundial 1972

Embora meio esvaziado com a ausência do campeão europeu, o Mundial de 1971 fez tanto sucesso quanto os anteriores. Mais do que isso, a calma e a disputa exclusiva na bola ajudou a dar sobrevivência ao torneio. E a soma destes fatores levou ao Ajax repensar seu auto-veto em 1972.

Dito e feito: em 31 de maio, o time holandês derrotou por 2 a 0 a Internazionale na final da Copa dos Campeões e confirmou presença na Copa Intercontinental. Uma semana antes, na Libertadores, o Independiente chegava ao tricampeonato ao bater o peruano Universitario na decisão, com 0 a 0 na ida e 2 a 1 na volta. Nem mesmo o fato de um clube argentino ser o adversário diminuiu o receio do Ajax em atravessar o Oceano Atlântico. As confusões de Racing e Estudiantes ainda estavam vivas na memória de todos, mas aparentemente superadas.

A presença do Ajax no Mundial também trazia algo mais. A equipe era dona do melhor futebol praticado no momento. Comandada pelo técnico romeno Stefan Kovács e com Cruyff, Neeskens, Krol e mais dois terços da seleção da Holanda no time-base, colocava em jogo o conceito que ficou conhecido como "Carrossel", que chegaria no seu auge durante a Copa do Mundo de 1974: nenhum jogador de linha com posição fixa, posse de bola total e marcação feita por zona, diminuindo os espaços do oponente.

O Mundial teve início em 6 de setembro, na Doble Visera de Avellaneda. Diante de 60 mil argentinos, o Ajax sentiu a longa viagem. Além disto, os atletas do Independiente não aliviaram em campo. Caçado, Cryuff foi substituído aos 30 minutos do primeiro tempo. Antes das dores e hematomas, o craque abriu o placar aos cinco minutos. Na raça e com certa dose de violência, o time argentino em 1 a 1 aos 36 do segundo tempo com Francisco Sá. A rispidez sul-americana neste jogo não chegou nem perto da que houve entre 1967 e 1969, mas levou ao Ajax firmar um pacto, de vencer a competição na bola e - se necessário - no braço.

Em 28 de setembro, o Olímpico de Amsterdã sediou a segunda partida do Mundial. Não foi preciso o braço para a vitória, pois agora era o Independiente quem sentia a viagem. Neeskens fez 1 a 0 aos holandeses logo aos 12 minutos de jogo, e logo em seguida os argentinos caíram no carrossel. Sem forças para nada, restava esperar algum erro do Ajax. Mas isto não aconteceu. Posto em campo aos 16 do segundo tempo, Johnny Rep deitou e rolou na zaga cansada. Ele ampliou o placar aos 20 minutos, e finalizou os 3 a 0 aos 35. E confirmando a lógica, os "Filhos dos Deuses" comemoraram o primeiro Mundial na frente de mais de 45 mil torcedores.

Título ganho, confiança perdida: o Ajax não gostou da postura violenta do Independiente na partida da Argentina e, mesmo campeão, voltou a prometer que não retornaria mais a um Mundial.


Foto Arquivo/Ajax

Nacional Campeão Mundial 1971

Muito alívio para os organizadores do Mundial após a tranquilidade que foi a edição de 1970, sem maiores brigas entre os clubes e os jogadores. Tudo parecia voltar ao normal, exceto pela segunda tentativa da FIFA de incluir outras confederações na competição. Desta vez, o pedido partiu de Concacaf e CAF (a entidade africana), já que a AFC descontinuou seu torneio asiático. Em meio a Feyenoord e Estudiantes, UEFA e Conmebol descartaram mais uma vez a aliança.

A Copa Intercontinental de 1971 caminharia para acontecer igual as anteriores. Até o momento em que a Copa dos Campeões da Europa chegou na decisão. Temeroso por uma recaída na segurança sul-americana, o holandês Ajax prometeu recusar sua vaga caso fosse campeão. E foi exatamente o que ocorreu após a final contra o grego Panathinaikos, vencida por 2 a 0. Durante meses a UEFA tentou convencer os irredutíveis holandeses a disputar o Mundial, sem sucesso. Enquanto isto, a Libertadores trocava de mãos. O Nacional do Uruguai conseguiu sua primeira conquista ao derrubar o Estudiantes em três jogos: derrota por 1 a 0 na ida, e vitórias por 1 a 0 e 2 a 0 na volta e no desempate.

A recusa do Ajax em enfrentar o Nacional gerou um impasse de seis meses. A UEFA insistia em ver seu campeão no Intercontinental, do outro lado, a Conmebol levantava a hipótese de apontar o time uruguaio como vencedor por W.O.. A divergência entre as entidades quase cancelou o Mundial. Até que, no fim de 1971, a UEFA indicou à disputa o vice Panathinaikos.

Assim, em 15 de dezembro, a grande Atenas recebia a ida mundialista. Cerca de 60 mil espectadores foram ao Estádio Karaiskakis e viram dois times com vontade de ganhar, o Panathinaikos pelo pragmatismo e o Nacional pela raça. Filakouris abriu o placar ao time grego aos três minutos do segundo tempo, mas Artime empatou em 1 a 1 ao time uruguaio aos cinco. Com mais qualidade, porém com o atacante Morales expulso, o Nacional não conseguiu a virada, somente uma leve vantagem.

A volta aconteceu às portas de 1972, no dia 28 de dezembro, em Montevidéu. O Centenario recebeu cerca de 63 mil torcedores, que não se decepcionaram com El Bolso. Aos 34 minutos do primeiro tempo, Artime abriu o marcador. Depois, aos 29 do segundo tempo, ele novamente ampliou. Com total controle da partida, o Nacional fazia o tempo passar. Apenas aos 44 minutos da etapa final que o Panathinaikos chegou lá, com Filakouris. Antes do 2 a 1, o goleiro Manga garantia tranquilidade com suas defesas. E para alívio da organização, o Mundial estava temporariamente salvo com o título uruguaio, mas com o futuro ainda incerto.


Foto Arquivo/El País

Feyenoord Campeão Mundial 1970

As brigas no Mundial de 1969 lançaram muitas dúvidas em cima da realização da competição, e também da competência sul-americana. A Argentina saiu queimada pelos atos do Estudiantes, e o país quase perdeu a sede da Copa do Mundo de 1978. Para acalmar os ânimos, uma novo compromisso de que a violência não seria repetida pelos sudacas, seja qual clube o representasse.

O temor pelo futuro da Copa Intercontinental foi grande quando ocorreu a final da Copa Europeia. Isto porque o Celtic estava presente nela. Depois da derrota de 1967, eles prometeram que jamais voltariam à América do Sul. Mas o campeão foi o Feyenoord, da Holanda, que venceu a decisão por 2 a 1 na prorrogação, e assim o medo não se confirmou, por ora. Por ora, já que o time sul-americano no Mundial foi, pela terceira vez seguida, o Estudiantes. Os argentinos chegaram ao tri da Libertadores após derrotar o Peñarol na decisão: 1 a 0 na ida e 0 a 0 na volta.

O time holandês não foi considerado favorito ao título. O fato até ajudou a reduzir uma possível tensão, já que o time argentino, em teoria, não precisaria de nada além do futebol para ser campeão mundial. A disputa teve seu início no dia 26 de agosto, e outra vez La Bombonera era o estádio escolhido.

As previsões da época chegaram a se confirmar quando, aos seis e aos 12 minutos de jogo, Echecopar e Ramón Verón fizeram dois gols ao Estudiantes. Porém, o favoritismo não foi adiante, e aos 21 minutos Van Hanegem descontou para o Feyenoord. Os holandeses melhoraram ainda mais no segundo tempo, e aos 22 minutos Kindvall empatou a partida e silenciou mais de 50 mil torcedores. O 2 a 2 tornava tudo indefinido para a volta.

A segunda partida foi no dia 9 de setembro, no De Kuip, em Roterdã. Tudo aconteceu dentro da normalidade, as duas equipes atuando de igual para igual diante de 60 mil holandeses. O zero imperou no placar até o momento em que o técnico Ernst Happel trocou os atacantes: Moulijn por Van Daele, aos 16 minutos do segundo tempo. A estrela deu certo, e aos 18 minutos Van Daele (com seu indefectível óculos) fez 1 a 0 fez 1 a 0. O resultado permaneceria o mesmo até o fim do jogo, e o Estudiantes, exausto pela viagem, não teria forças para buscar o empate.

O título mundial do Feyenoord foi o prenúncio da chegada de uma nova ordem de jogo: o futebol total. A ideia ainda não estava muito clara em 1970, ao mesmo tempo em que a conquista holandesa era tratada como zebra. Mas o futuro, através do rival de Amsterdã e da seleção local, mostraria o tamanho da justiça feita em campo.


Foto Arquivo/Feyenoord

Milan Campeão Mundial 1969

O fim dos anos 60 chegou, a Copa Intercontinental completou sua primeira década cercado de dúvidas. O que era par ser um momento festivo e de glória, tornou-se um cenário de tensão e provocações. As diversas confusões entre 1967 e 1968 colocaram um receio nos clubes europeus em atuar na América do Sul. Mas ainda era o Mundial que estava em jogo, e clube nenhum queria deixar passar a oportunidade naquele 1969.

Campeão um ano antes, o agora temido Estudiantes entrava na disputa pelo bi. O time argentino conquistou sua segunda Libertadores com duas vitórias sobre o Nacional do Uruguai, por 1 a 0 e por 3 a 0. O representante da Europa também fazia um retorno, mas de seis anos. O Milan foi bicampeão da Copa dos Campeões com contundentes 4 a 1 sobre o Ajax na decisão. Derrotado em 1963 e vendo o rival ganhar em 1964 e 1965, o Rossonero queria o título mais do que tudo.

Respeitando o rodízio dos continentes, a competição começou em solo europeu. Assim, o San Siro, em Milão, foi o palco da partida de ida no dia 8 de outubro. Mais de 60 mil pessoas nas arquibancadas viram a equipe liderada pelo capitão Rivera reduzir muito as chances de um repeteco do Estudiantes. Aos oito minutos de jogo, Sormani já abria o placar. Aos 45, o argentino naturalizado francês Combin ampliou. E aos 26 do segundo tempo, Sormani fez o 3 a 0 final que deu uma tremenda vantagem ao Milan.

O jogo de volta foi no dia 22 de outubro, e o palco escolhido pelo Estudiantes foi mais uma vez La Bombonera, em Buenos Aires. Com três gols de desvantagem, os pincharratas não viram nenhuma perspectiva de reverter a situação por meios normais.

Já no aquecimento italiano, era possível ver o goleiro Poletti e o zagueiro Suárez acertando boladas nos adversários. Durante o jogo, o lateral Manera empurrou o goleiro Cudicini e mordeu o braço de Malatrasi. Suárez agrediu Combin e Prati, mas ele só foi expulso após atingir Rivera, o autor do gol do Milan aos 30 minutos do primeiro tempo. O Estudiantes virou para 2 a 1 aos 43 e 44 da primeira etapa - gols de Conigliaro e Suárez -, só que mesmo assim a apelação para a violência era a ordem.

No fim da partida, o Milan não conseguiu comemorar o título. Combin teve o nariz quebrado por Suárez e, deitado na maca, foi preso pela polícia. Ele também foi chutado por Poletti, que na sequência brigou com torcedores. Outros jogadores também foram presos, e Suárez foi banido de jogos internacionais por cinco anos. Mas o principal resultado da pancadaria foi a desmotivação dos times europeus, que colocaria em risco a existência do Mundial na década de 70.


Foto Arquivo/Milan

Estudiantes Campeão Mundial 1968

Argentinos e britânicos sempre são lembrados na história pela Guerra das Malvinas, em 1982. Mas 15 anos antes, eles já batalhavam ferozmente nos campos de futebol. O Mundial entre Racing e Celtic, em 1967, foi a primeira prova da influência da violência na disputa. Para 1968, Argentina e Reino Unido ficaram frente a frente de novo. Tentando evitar os incidentes de um ano antes, UEFA e Conmebol decidiram pela inclusão do saldo de gols como critério de desempate, antes do jogo extra.

A Copa Europeia saiu da Escócia e foi para a Inglaterra pelas mãos do Manchester United, que na decisão bateu o Benfica por 4 a 1. A Libertadores foi vencida pelo Estudiantes - até então um pequeno clube da cidade de La Plata -, sobre o Palmeiras na final: vitória por 2 a 1 na ida, derrota por 3 a 1 na volta, e vitória por 2 a 0 no desempate. Na teoria, o gigante United de Bobby Charlton, George Best e Matt Busby tinha tudo para ser campeão da Copa Intercontinental com sobras, mas o que se viu na prática foi nova demonstração de união entre os argentinos. Em muitos sentidos.

O primeiro jogo  foi no dia 25 de setembro, em La Bombonera de Buenos Aires. Lá, os ingleses tiveram que encarar a hostilidade de 11 Pincharratas e mais 66 mil torcedores. Antes mesmo de a bola rolar, uma bomba explodiu dentro do campo. Durante o jogo, o Estudiantes também não aliviou, apelando até mesmo para socos. Principalmente contra o atacante Stiles, expulso quando revidou uma das ações aos 34 minutos do segundo tempo. Bem antes, aos 27 da primeira etapa, Conigliaro marcou o gol da vitória argentina. Ao United, restou se defender de tudo e todos. O técnico Busby chegou a declarar que "segurar a bola na frente colocava em perigo a vida dos seus jogadores".

A volta aconteceu em 16 de outubro, no Old Trafford, em Manchester. Agora em casa e com mais de 63 mil torcedores a favor, o United entrou disposto a mudar completamente a história. Os Red Devils tomaram conta do ataque desde os primeiros minutos, mas não cuidaram da defesa. Logo aos seis minutos, Juan Ramón Verón (o pai), de cabeça, abriu o placar ao Estudiantes e calou o estádio. No gol argentino, Poletti segurou a pressão inglesa com várias defesas.

Precisando de três gols, o United passou a ficar nervoso. Aos 44 do segundo tempo, Best deu um murro em Medina e os dois foram expulsos. E a torcida, em revolta, atirou moedas contra o argentino. Aos 45, o United empatou com Morgan, mas o 1 a 1 era insuficiente para tirar o título do Estudiantes, que não pode dar volta olímpica por conta dos muitos objetos que a torcida insistia em atirar nos atletas. Apesar de tudo, o time pincharrata surpreendia o mundo, e ali deixava de vez a fama de clube pequeno.


Foto Arquivo/El Grafico