Mirassol Campeão Brasileiro Série D 2020

A Série D do Brasileirão de 2020 passou por uma nova mudança de regulamento que deixou a competição ainda mais atrativa. Ao invés dos 17 grupos com quatro equipes, os 68 participantes passaram a ser divididos da seguinte forma: oito disputaram uma fase preliminar, avançando quatro para juntar-se a outras 60, que foram separadas em oito chaves de oito clubes cada. Com mais calendário, a imprevisibilidade foi maior, mas o final mostrou mais uma vez um bom planejamento e estrutura nunca podem ser superados.

Vindo do interior de São Paulo e com apenas um título estadual de Série A3 e outro de Série B, o Mirassol, entrou na Série D pelo grupo 7, mas o início não foi legal. Comandado por Eduardo Baptista sua estreia foi com empate em casa, por 1 a 1 diante do Bangu, e na segunda rodada perdeu por 3 a 1 fora de casa para a Cabofriense.

A primeira vitória aconteceu na terceira partida, e compensou os tropeços: 6 a 0 sobre o Toledo no José Maria de Campos Maia. A campanha melhorou, e o Leão da Alta Araraquarense foi acumulando vitórias algumas goleadas, como os 8 a 0 sobre o Nacional-PR e os 5 a 2 sobre o FC Cascavel, e casa, e os 4 a 0 sobre o Toledo fora. A equipe encerrou a fase na vice-liderança com 26 pontos.

Na segunda fase, o Mira eliminou o Caxias nos pênaltis por 3 a 0, após perder por 1 a 0 fora e vencer pelo mesmo placar em casa. Nas oitavas de final, passou pelo Brasiliense ao golear por 5 a 2 em São Paulo e perder por 2 a 1 no Distrito Federal. Nas quartas, conseguiu o acesso ao derrubar a Aparecidense, fazendo 2 a 1 no seu estádio e 3 a 2 em Goiás. Na semifinal, eliminou o Altos com duas vitórias, por 4 a 0 na ida no interior paulista e por 1 a 0 na volta no Piauí.

A decisão foi contra o Floresta, que bateu na semi o Novorizontino. O primeiro jogo aconteceria no Castelão, em Fortaleza, mas um incêndio no estádio transferiu a disputa para o Vovozão, campo da base do Ceará. A mudança de última hora não afetou o Mirassol, que derrotou o adversário por 1 a 0.

A segunda partida foi no José Maria de Campos Maia, e o Leão voltou a fazer 1 a 0, gol de João Carlos. O resultado enfim colocava um ponto final na edição pandêmica Série D, que proporcionou mais um título para o sempre tradicional futebol do interior paulista.

A campanha do Mirassol:
24 jogos | 15 vitórias | 5 empates | 4 derrotas | 49 gols marcados | 15 gols sofridos


Foto Célio Messias/CBF

Londrina Campeão da Primeira Liga 2017

A segunda e última edição da Primeira Liga aconteceu em 2017, com muito mais problemas que a anterior. O número de equipes aumentou para 16, mas saídas importantes marcaram a competição. Atlético-PR e Coritiba desistiram da liga e foram substituídos por Londrina e Paraná. Junto com os dois, Chapecoense, Joinville, Brasil de Pelotas e Ceará entraram como membros novos. Mas o torneio (e a liga) já estava fadado ao fracasso, devido à péssima relação interna entre os dirigentes. Embora a confusão, a Primeira Liga é um capítulo marcante na história do Londrina, que superou todos os grandes e ficou com um título invicto, equivalente aos seus quatro estaduais e à sua Série B do Brasileirão.
O Tubarão ficou no grupo D, junto com o co-irmão paranaense e a dupla de Florianópolis. E venceu os três jogos: 1 a 0 sobre o Figueirense no Orlando Scarpelli, 1 a 0 sobre o Avaí na Ressacada, e 2 a 1 sobre o Paraná no Estádio do Café. Com os nove pontos, o time ficou na liderança. Para o mata-mata, um sorteio definiu os confrontos, e o Londrina ficou de enfrentar o Fluminense nas quartas de final. Como tudo seria realizado em partidas únicas, o clube teve o direito de mandar em casa contra quase todos os classificados, já que obteve a segunda melhor campanha da fase de grupos. E venceu os cariocas por 2 a 0. Na semifinal, eliminou o Cruzeiro de maneira agônica, empatando por 2 a 2 aos 51 minutos do segundo tempo e vencendo por 3 a 1 nos pênaltis.
A decisão foi contra o Atlético-MG, que havia passado pelo Internacional e pelo Paraná. O Estádio do Café lotou, mas os gols não apareceram de jeito nenhum nos 90 minutos. A disputa foi outra vez para os pênaltis, e o Londrina voltou a triunfar, desta vez por 4 a 2.

A campanha do Londrina:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 8 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Gustavo Oliveira/Londrina

Fluminense Campeão da Primeira Liga 2016

Após 14 anos de hiato, o Sul e Minas Gerais voltaram a ter uma competição regional, ainda que de modo torto. Foi no momento em que diversos clubes criaram a Primeira Liga, uma organização disposta a tomar os rumos do futebol nacional e a organizar um novo tipo de competição nacional, seguindo o padrão inglês da Premier League. A ideia ganhou força quando Flamengo e Fluminense se juntaram à ela, e no primeiro momento a pauta foi a criação de um torneio nos moldes da antiga Copa Sul-Minas. Mas a liga nasceu cheia de problemas e divergências, tanto internas quanto com a CBF, que a princípio havia aprovado o novo campeonato, depois vetou, e no fim deu sinal verde na condição de amistosa.
A participação na primeira edição ficou fixada em 12 times, todos os que aderiram à liga. Eles ficaram divididos em três grupos em turno único, com os líderes e o melhor vice avançando à semifinal. Apesar do caráter de tiro curto, as datas da Primeira Liga eram muito espaçadas, então ficava difícil prever algum favoritismo. Foi o Fluminense, sorteado no grupo A, quem soube aproveitar melhor a competição. Apesar disso, iniciou perdendo por 1 a 0 para o Atlético-PR, jogando em Volta Redonda. A recuperação veio no jogo seguinte, ao vencer o por 4 a 3 o Cruzeiro no Mineirão. Na última rodada, em Juiz de Fora, derrotou por 2 a 0 o Criciúma. Com seis pontos, o Tricolor liderou a chave, superando os paranaenses com um gol a mais de saldo (2 a 1). Na semifinal, o Flu passou pelo Internacional. Jogando em Brasília, as equipes empataram por 2 a 2, e nos pênaltis os cariocas venceram por 3 a 2.
A final foi um reencontro com o Atlético-PR, que passou pelo Flamengo uma fase antes. A partida aconteceu no Estádio Mário Helênio, em Juiz de Fora. Foi complicada, mas o Fluminense conseguiu a vitória e o título inédito aos 35 minutos do segundo tempo, com Marcos Júnior fazendo 1 a 0 no placar.

A campanha do Fluminense:
5 jogos | 3 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 9 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Mailson Santana/Fluminense

Napoli Campeão Brasileiro Feminino Série A2 2020

A quarta edição do Brasileirão Feminino Série A2 manteve o mesmo regulamento da anterior. E o fator de imprevisibilidade, que já costuma ser forte na competição, ficou ainda mais evidente na versão pandêmica que foi vista em 2020.

Foram 36 as equipes participantes, e o título ficou com uma força que está fora do grande radar da mídia, mas que vem de uma região já conhecida pelo futebol feminino: o Napoli Caçadorense, rival do Kindermann, e que estreou em competições nacionais justamente nesta temporada. Aliás, foi a primeira conquista da história do clube.

O time, que homenageia o homônimo italiano e leva as cores azul, vermelha e branca, ficou no grupo F da primeira fase. Passou sem problemas pelos cinco adversários, começando pelo Athletico-PR, o qual goleou por 4 a 0. A abertura foi em março, mas a segunda partida aconteceu somente em outubro (culpa da covid-19), nos 5 a 0 sobre o Brasil de Farroupilha no Rio Grande do Sul. Por fim, em Caçador, o Napoli fez 2 a 0 na Chapecoense e 1 a 0 no Fluminense, e no Paraná, fez 5 a 2 no Toledo/Coritiba.

A classificação foi folgada, com 15 pontos e 100% de aproveitamento. Nas oitavas de final, as tricolores bateram o Real Ariquemes, de Rondônia, ao empatar a ida fora por 1 a 1 e vencer a volta em casa por 3 a 1.
Nas quartas, foi a vez de enfrentar a Juventus paulista. O primeiro jogo foi na Rua Javari, e  Napoli ganhou de virada por 4 a 2. Na segunda partida, empate por 2 a 2 no Estádo Carlos Neves garantiu o acesso do clube.

A semifinal foi contra o Real Brasília, e empates no Distrio Federal por 0 a 0 e em Santa Catarina por 1 a 1 levaram a contenda aos pênaltis. E com 5 a 4 a favor nas cobranças, as napolitanas avançaram à decisão.

A grande final da Série A2 Feminina foi entre Napoli e Botafogo, que um degrau antes passou pelo Bahia. A ida foi realizada no Carlos Neves, em Caçador. De virada, as catarinenses venceram por 2 a 1, ambos os gols marcados pela atacante Malu.

A volta aconteceu no Nilton Santos (ou Engenhão), no Rio de Janeiro. E já no primeiro minuto de jogo o Napoli abriu o placar, com Aninha. As cariocas empataram no fim da etapa inicial, mas a vantagem estava na mão tricolor. Faltando sete minutos para o fim, Soraya fez 2 a 1, e o resultado repetido valeu para a conquista invicta da equipe.

A campanha do Napoli:
13 jogos | 9 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 32 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Thais Magalhães/CBF

Vila Nova Campeão Brasileiro Série C 2020

O único tricampeão do Brasileirão Série C, mostrando que é possível se remontar imediatamente após as crises. O Vila Nova repetiu 1996 e 2015 e vai voltar à Série B para tentar em 2021 um caminho ainda mais acima. A competição mais uma vez contou com outras forças tradicionais, como Santa Cruz, Paysandu, Criciúma e Remo.

Só o último conseguiu o acesso junto aos goianos. O regulamento da terceira divisão sofreu uma alteração em relação aos anos anteriores: as quartas e a semifinal deram espaço à dois quadrangulares, com os líderes avançando à final.

O Colorado ficou no grupo A da primeira fase, e estreou com empate por 1 a 1 com o Manaus fora de casa. A primeira vitória aconteceu na segunda rodada, por 2 a 0 no OBA, que é a sigla para Onésio Brasileiro Alvarenga. Aproveitando o fato de o campeonato ter sido realizado sem torcida, o Vila Nova optou por mandar seus jogos no seu estádio próprio em detrimento ao Serra Dourada. A campanha do clube foi tranquila, com pouquíssimas derrotas. O time esteve invicto entre a quarta e a 16ª rodadas. 

Nesse meio tempo, o Vila conseguiu boas vitórias por 3 a 0, sobre o Imperatriz em casa na sétima partida, sobre o Jacuipense fora na nona jornada e sobre o Ferroviário em Goiânia no 12º jogo. Ao todo, foram oito vitórias, sete empates e três derrotas em 18 partidas. A equipe encerrou a fase na terceira posição, empatado em pontos com o vice Remo e distante seis do líder Santa Cruz.

Na segunda etapa, o Colorado encontrou, além dos próprios pernambucanos, o Brusque e o Ituano. Foi difícil, mas o clube conseguiu o acesso na última rodada, ao bater os paulistas por 1 a 0 em Itu. Não só isso, classificou-se à decisão, marcando dez pontos. Os outros triunfos foram sobre o Santa Cruz, ambos por 2 a 1.

E o Remo voltou ao caminho goiano. O primeiro jogo foi realizado no OBA, e o Vila Nova colocou nove dedos na taça ao golear os paraenses por 5 a 1. A volta aconteceu no Mangueirão, em Belém, e o anfitrião até tentou alguma coisa, ficando duas vezes à frente do placar. Mas o Tigrão queria ser campeão vencendo a última partida, e conseguiu, fazendo 3 a 2 com gols de Alan Mineiro, Pablo Roberto e Mimica. Além do Vila Nova tricampeão na Série C e do Remo vice, Brusque e Londrina também ficaram com o acesso.

A campanha do Vila Nova:
26 jogos | 13 vitórias | 8 empates | 5 derrotas | 34 gols marcados | 21 gols sofridos


Foto Douglas Monteiro/Vila Nova

Chapecoense Campeã do Brasileiro Série B 2020

No último minuto da última rodada, a Chapecoense conquistou seu primeiro título nacional, o Brasileirão Série B de 2020. Foi um campeonato diferente, com zero torcedores nas arquibancadas e atrasos de três meses para o início (de maio para agosto) e dois para o término (de novembro para janeiro). Tudo por culpa da covid-19, que ceifou mais de 220 mil vidas até o momento da escritura deste texto. Para ser campeã, a Chape travou uma luta ponto a ponto, gol a gol com o América-MG.

A estreia verde foi com empate sem gols contra o Oeste em Barueri. A primeira vitória veio no segundo jogo, por 1 a 0 o Sampaio Corrêa na Arena Condá. A boa campanha seguiu diante de um melancólico Cruzeiro no Mineirão, em outra vitória por 1 a 0. A primeira das cinco derrotas catarinenses foi no quinto jogo, por 2 a 1 para o Cuiabá fora de casa. Daqui até a 22ª rodada, a Chapecoense emendou 17 jogos de invencibilidade, dentre um 5 a 0 sobre a Ponte Preta em Campinas, na 16ª partida.

Na liderança desde esta goleada, a Chape viu o América-MG tomar sua ponta no 32ª giro, quando o time só empatou por 0 a 0 em casa contra o Brasil de Pelotas. O primeiro lugar voltou na 36ª jornada, ao vencer a Ponte Preta por 1 a 0 na Arena Condá. A situação surreal aconteceu entre a penúltima e última rodada: 70 pontos, 19 vitórias e 19 gols de saldo para Chapecoense e América.

Na última partida, o Verdão do Oeste enfrentou o Confiança em Chapecó, enquanto os mineiros receberam o Avaí. A desvantagem catarinense se dava pelo número de gols marcados (41 a 39), e os dois jogos entraram nos acréscimos do segundo tempo com 2 a 1 a favor dos postulantes ao título. Até que um pênalti aos 52 minutos mudou a história. Anselmo Ramon acertou a cobrança, fez 3 a 1 e deu a conquista à Chapecoense.

Com a braçadeira de capitão estava Alan Ruschel, que quatro anos antes sobrevivia ao acidente de avião na Colômbia antes da final da Copa Sul-Americana. Guiado pelo espírito de Condá e pelos 42 colegas ausentes, ele ergueu a taça.

A campanha da Chapecoense:
38 jogos | 20 vitórias | 13 empates | 5 derrotas | 42 gols marcados | 21 gols sofridos


Foto Márcio Cunha/Chapecoense

Cruzeiro Campeão da Copa Sul-Minas 2002

A última edição da Copa Sul-Minas fez parte do plano que pretendia implantar o calendário quadrienal no futebol brasileiro, em que que os regionais teriam a presença dos clubes grandes e suplantariam os estaduais, que passariam a ter somente os times de menor expressão. A competição foi transformada em liga, com os 16 participantes se enfrentando em turno único. A pior equipe de cada Estado seria rebaixada e substituída pela campeã estadual do ano anterior.
Campeão vigente, o Cruzeiro chegou outra vez com força para buscar o bicampeonato. Sua estreia foi contra o Atlético-PR, vencendo fora de casa por 2 a 0. Foram quatro vitórias nas primeiras rodadas, até o empate por 3 a 3 com o Internacional em Porto Alegre, na quinta rodada. Uma partida inesquecível aconteceu na sexta partida, ao golear o América-MG em casa por 7 a 0. Ao todo, a Raposa conseguiu 11 vitórias, dois empates e duas derrotas em 15 jogos, garantindo a classificação antecipadamente e na liderança, com 35 pontos e seis de vantagem sobre o vice Atlético-PR. Na semifinal, o Cruzeiro eliminou o rival o Atlético-MG ao ganhar por 4 a 2 nos pênaltis, depois de dois empates por 1 a 1.
A final foi contra o Atlético-PR, que era o campeão brasileiro do momento. A primeira partida foi jogada na Arena da Baixada, e a Raposa abriu vantagem ao vencer por 2 a 1. O segundo jogo foi no Mineirão, e com gol do argentino Sorín (que fazia sua despedida do clube), o Cruzeiro venceu por 1 a 0 e garantiu mais um título da Copa Sul-Minas, a última.
O calendário quadrienal foi atropelado pelo Brasileirão de pontos corridos em 2003, os regionais foram descontinuados, os grandes voltaram para sua vida nos estaduais, e um esboço de competição entre Sul e Minas Gerais só seria visto novamente 14 anos depois, com o acréscimo de um sotaque carioca.

A campanha do Cruzeiro:
19 jogos | 13 vitórias | 4 empates | 2 derrotas | 39 gols marcados | 16 gols sofridos


Foto Eugênio Sávio/Placar