Agora de dois em dois anos, a Copa América desembarcou no Brasil em 1989. Junto, veio uma mudança mais radical no regulamento, que dobrou o número de jogos de 13 para 26. A partir desta edição, os dez participantes ficaram divididos em dois grupos de cinco, com líderes e vices avançando para o quadrangular final. Assim, o campeão perdeu o benefício de entrar só na semifinal. Mas, apesar do aumento no número de partidas, a duração continuou em torno de duas semanas.
Dono da casa após 40 anos, o Brasil convivia com uma sina na Copa América, a de nunca ter vencido sem ser fora do país. Portanto, as quatro décadas somavam um longo jejum de títulos pelo continente. O caminho para o fim da fila começou em Salvador, que sediou o grupo A junto com Recife. Na Fonte Nova, os brasileiros estrearam com vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela. Porém, a sequência contou com dois empates sem gols contra Peru e Colômbia, que azedaram a relação com a torcida baiana.
O clima ficou tão ruim que fez a seleção brasileira mudar o local da última partida para Recife. No Estádio do Arruda, e com o apoio mais acalorado dos pernambucanos, a Canarinho fez 2 a 0 no Paraguai e se classificou na vice-liderança da chave, empatado em seis pontos com os próprios paraguaios, que tiveram melhor saldo de gols. No grupo B, sediado totalmente em Goiânia, no Serra Dourada, Argentina e Uruguai garantiram as outras vagas.
O quadrangular final foi disputado totalmente no Rio de Janeiro, no Maracanã. A estreia do Brasil foi contra a Argentina, e mais de 100 mil pessoas acompanharam a vitória por 2 a 0 e o lindo gol de voleio marcado por Bebeto, que abriu o placar. Na segunda rodada, triunfo por 3 a 0 sobre o Paraguai, que eliminou o adversário e manteve a Canarinho na briga pelo título. Nos demais jogos, o Uruguai fez exatamente os mesmos resultados sobre os rivais. Ambos somavam quatro pontos, cinco gols marcados e nenhum sofrido.
Empatados em tudo, Brasil e Uruguai decidiram a Copa América de 1989 no dia 16 de julho, mesma data em que foi definida a Copa do Mundo em 1950 a favor dos uruguaios. O ambiente estava propício para o retorno de velhos fantasmas para assombrar a cabeça dos mais de 148 mil torcedores no Maracanã. Mas a história seria reescrita a partir dos quatro minutos do segundo tempo, quando Romário cabeceou de maneira certeira o cruzamento de Mazinho e fez 1 a 0. Na sequência, os brasileiros souberam controlar a vantagem e seguraram a vitória mínima até o fim, para acabar com a fila no próprio território. Faltava ainda ser campeão sul-americano fora do país.
A campanha do Brasil:
7 jogos | 5 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 1 gol sofrido
7 jogos | 5 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 1 gol sofrido
Foto César Loureiro/Agência O Globo