A concorrida década de 90 foi marcada por surpresas, inícios e quedas de tabu na Copa América. Dois destes fatos aconteceram na edição de 1997, sediada na Bolívia. Não havia o que fazer em relação à altitude, e a maioria das sedes escolhidas localizavam-se no alto, como La Paz (3.637 metros), Oruro (3.702), Sucre (2.810) e Cochabamba (2.582). No fim, o ar rarefeito contribuiu para as eliminações do Uruguai na primeira fase e da Argentina nas quartas de final. Acerca disto, a competição teve um novo estreante, a convidada Costa Rica.
Só um fator ficou inalterado durante o torneio: o favoritismo do Brasil. Atuando na única cidade ao nível do mar, Santa Cruz de la Sierra, a seleção Canarinho estava disposta a dar um fim no incômodo tabu de nunca ter vencido a competição fora de seu país. Sob a liderança ofensiva da dupla Ronaldo e Romário, todos "tiveram que engolir" o título do time do técnico Zagallo.
No grupo C da primeira fase, o Brasil enfrentou Costa Rica, México e Colômbia. A estreia foi com uma tranquila goleada por 5 a 0 sobre os costarriquenhos. A dificuldade subiu contra os mexicanos, com a vitória vindo por 3 a 2, de virada. A classificação já estava garantida quando os brasileiros bateram os colombianos por 2 a 0 na última rodada. Com nove pontos, a Canarinho ficou na liderança da chave.
Nas quartas de final, o Brasil enfrentou o Paraguai e venceu por 2 a 0, gols marcados por Ronaldo. Na semifinal, o adversário foi o Peru, que estava ali porque superou a Argentina na fase anterior. Mas os brasileiros não quiseram saber de zebra e aplicaram 7 a 0 nos peruanos, com gols de Denílson, Flávio Conceição, Romário (dois), Leonardo (dois) e Djalminha.
O adversário brasileiro na decisão foi a anfitriã Bolívia, que antes despachou Uruguai, Venezuela, Colômbia e México. Até a semi, o Brasil fez toda a campanha no Estádio Ramón Aguilera, em Santa Cruz. Na final, porém, o time teria de subir o morro até o Hernando Siles, em La Paz, onde os bolivianos atuaram em todas as partidas.
Embora a altitude fosse encarada como obstáculo, a qualidade técnica brasileira era muito maior que a boliviana. Aos 40 minutos do primeiro tempo, Denílson abriu o placar para o Brasil. Aos 45, a Bolívia empatou. A vitória e o título só foram encaminhados no segundo tempo. Aos 34 minutos, Ronaldo desempatou. Aos 45, Zé Roberto fez 3 a 1 e concluiu a conquista do penta sul-americano, com 100% de aproveitamento e, finalmente, sendo a primeira taça vinda de fora do Brasil.
A campanha do Brasil:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 3 gols sofridos
Foto Alexandre Battibugli/Placar