Mostrando postagens com marcador 1987. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1987. Mostrar todas as postagens

Ajax Campeão da Recopa Europeia 1987

Símbolo do chamado "futebol total" - também conhecido como carrossel holandês - nos anos 1970, Johan Cruyff deixou os gramados em maio de 1984, pelo Feyenoord. Pouco mais de um ano depois, em junho de 1985, ele tornou-se técnico, assumindo o comando do Ajax e dando início a mais uma trajetória de sucesso.

O primeiro fruto foi colhido na conquista da Copa da Holanda daquela mesma temporada, em 1986, que classificou a equipe à Recopa de 1987. E foi nesta edição do torneio que o Ajax voltou a comemorar um título continental, depois de 14 anos. Em meio aos 32 participantes, os holandeses iniciaram eliminando o Bursaspor com vitórias por 2 a 0 na Turquia e por 5 a 0 em Amsterdã.

Nas oitavas de final, o Ajax enfrentou o Olympiacos. A primeira partida aconteceu no Estádio De Meer, antiga casa do clube, terminando com goleada por 4 a 0. Os gols foram de John Bosman, Frank Rijkaard, Marco Van Basten e Arnold Mühren. O segundo jogo foi realizado no Olímpico de Atenas, e o empate por 1 a 1 bastou para a classificação.

O Ajax encarou o Malmö nas quartas de final. A ida foi disputada na Suécia, local onde os holandeses conheceram a única derrota na competição, por 1 a 0. A volta foi em Amsterdã e, com dois gols de Van Basten e outro de Aron Winter, a equipe vermelha venceu por 3 a 1, revertendo o confronto.

A campanha teve sequência na semifinal, contra o Zaragoza. O primeiro jogo foi na Espanha, em La Romareda, terminando com uma ótima vitória por 3 a 2, com dois de gols de Bosman e um de Rob Witschge. A segunda foi no Olímpico de Amsterdã, e o Ajax se classificou a decisão ao vencer por 3 a 0, com mais um gol de Witschge, um de Rijkaard e o primeiro de John Van 't Schip.

Na final, o Ajax encarou o Lokomotive Leipzig, da Alemanha Oriental, que bateu Glentoran, Rapid Viena, Sion e Bordeaux. De volta ao Estádio Olímpico de Atenas, os holandeses conquistaram o título da Recopa com uma simples vitória por 1 a 0. O gol foi marcado por Van Basten. 

A campanha do Ajax:
9 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 22 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

IFK Gotemburgo Campeão da Liga Europa 1987

Em 1987, tivemos a volta do IFK Gotemburgo ao topo da Copa da UEFA, no que é até o momento a última grande incursão da Suécia em competições europeias. Depois de cinco anos, o clube azul e branco chegou ao bicampeonato com campanha invicta, de longe superior às feitas pelo Real Madrid nos títulos das duas temporadas anteriores.

Na primeira fase, o blavitt enfrentou o Sigma Olomouc, da Tchecoslováquia. A ida foi disputada no Leste Europeu, e terminou empatada por 1 a 1. A volta foi jogada no Ullevi, em casa, e o IFK aplicou a primeira goleada da campanha, por 4 a 0. Na segunda fase, foi a vez de encarar o Stahl Brandemburgo, da Alemanha Oriental, e passar com vitória por 2 a 0 na Suécia e empate por 1 a 1 fora de casa.

Nas oitavas de final, o IFK jogou contra o Gent. A partida de ida foi realizada na Bélgica, e terminou com vitória simples dos suecos, por 1 a 0. O jogo de volta aconteceu no Ullevi, e outra vez a equipe alviazul goleou por 4 a 0.

Nas quartas, o confronto mais complicado da campanha, contra a Internazionale. A primeira partida foi em Gotemburgo, mas o IFK não conseguiu sair do 0 a 0. O segundo foi disputado no San Siro, em Milão. Os italianos largaram na frente do placar no começo do segundo tempo. Com parcimônia, os suecos mantiveram a calma e chegaram ao empate aos 33 minutos, com Stefan Pettersson. O 1 a 1 colocou o time nórdico na semifinal.

A semi foi jogada contra o Swarovski Tirol, da Áustria. Desta vez sem passar dificuldades, o IFK logo fez 5 a 1 na ida em casa. Na volta, em Innsbruck, Michael Andersson fez o gol da vitória por 1 a 0 que colocou a equipe sueca na decisão.

A final da Copa da UEFA de 1987 foi entre IFK Gotemburgo e Dundee United, clube da Escócia que no mata-mata superou Lens, Universitatea Craiova, Hajduk Split, Barcelona e Borussia Mönchengladbach. A ida foi jogada no Ullevi. Com gol de Pettersson aos 38 minutos do primeiro tempo, o IFK venceu por 1 a 0. A volta foi no Tannadice Park, em Dundee. Lennart Nilsson abriu o placar para os suecos aos 22 da primeira etapa, e praticamente sacramentou o título. Os escoceses chegaram a marcar 1 a 1, mas não mudou a situação, e os visitantes fizeram a festa.

A campanha do IFK Gotemburgo:
12 jogos | 7 vitórias | 5 empates | 0 derrotas | 21 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Charlie Gustavsson

Porto Campeão da Liga dos Campeões 1987

Portugal passou bons anos longe do maior título europeu. Desde o Benfica, em 1962, o país amargou somente mais dois vices na Copa dos Campeões. Foi então quando apareceu - fora da capital - o Futebol Clube do Porto, equipe de sucesso nacional, mas que ainda não tinha uma glória internacional para chamar de sua.

Na primeira fase, os dragões enfrentaram o amador Rabat Ajax, de Malta. Na ida em casa, a classificação já estava garantida nos 9 a 0 aplicados. Só Fernando Gomes marcou quatro vezes. Na volta fora, o Porto completou o serviço e os dez gols na vitória por 1 a 0.

Nas oitavas de final, foi a vez de encarar o Vítkovice, da Tchecoslováquia. O primeiro jogo aconteceu em território tcheco, e os azuis perderam de maneira surpreendente por 1 a 0. A segunda partida foi no antigo Estádio das Antas, e o Porto reverteu com sobras, com 3 a 0 no placar.

Nas quartas, o adversário foi o Brondby, da Dinamarca. O confronto foi aberto em Portugal, com vitória azul por 1 a 0, gol do argelino Rabah Madjer. Depois, o brasileiro Juary salvou a pátria portista com o gol do empate por 1 a 1 na volta.

Na semifinal, foi a vez de enfrentar o Dínamo Kiev. A primeira partida ocorreu nas Antas, com vitória lusitana por 2 a 1. O segundo jogo foi na União Soviética, e os dragões repetiram o 2 a 1 no resultado. Com isso, o Porto chegava na final da competição continental pela primeira vez na história.

O adversário português foi clube experiente em decisões, mas que já não vencia há 11 anos: o Bayern de Munique. Os alemães derrotaram PSV Eindhoven, Austria Viena, Anderlecht e Real Madrid. A partida foi disputada no Praterstadion, em Viena.

O Porto saiu perdendo aos 25 minutos do primeiro tempo e buscou a reação no restante do tempo. Após insistir muito, Madjer empatou aos 32 do segundo tempo. E o reserva Juary, em campo desde o intervalo, virou para 2 a 1 aos 35. A conquista europeia dos azuis precisou de apenas três minutos para acontecer.

A campanha do Porto:
9 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 20 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/Porto

Peñarol Campeão da Libertadores 1987

Algumas histórias que o futebol produz chegam a beirar o cúmulo do absurdo. A da final da Libertadores de 1987 é uma delas. Imagine um time que, depois de dois vices, chega à terceira final seguida da competição, vence na ida, mantém a vantagem na volta, vai ao jogo extra com o benefício do empate mas, quando parecia que o título enfim viria, leva o gol da derrota no último minuto da prorrogação e fica com outro vice? Foi o caso do América de Cali, que nessa trilogia do desastre sofreu o revés mais doído. 

Alheio à tristeza, o Peñarol sentiria o gosto do topo pela quinta e última vez. Foi o último ano da Libertadores com o regulamento que classificava apenas o líder de cada grupo à fase seguinte. Os carboneros ficaram na chave 5, ao lado do pequeno Progreso e dos peruanos Alianza Lima e San Agustín.

Não foi difícil para os uruguaios abocanharem a vaga na semifinal, com dez pontos, quatro vitórias e dois empates. Foram quatro de vantagem sobre o Alianza, que em dezembro daquele mesmo ano passaria pela tragédia de perder quase todo o elenco e comissão técnica num acidente aéreo.

O Peñarol seguiu à segunda fase para enfrentar Independiente e River Plate. E não poderia ter início melhor com os 3 a 0 em casa sobre a equipe de Avellaneda. Depois, empate sem gols, também em Montevidéu, com o River. A ida antecipada à final veio na terceira partida: 4 a 2 sobre o Independiente na Doble Visera. No fim, a derrota por 1 a 0 para o River em Buenos Aires não fez diferença para o clube, que somou cinco pontos.

O América de Cali apareceu para a famigerada decisão depois de bater Cobreloa e Barcelona de Guayaquil no triangular. O primeiro jogo, no Pascual Guerrero, terminou com 2 a 0 aos colombianos. No segundo, o Peñarol venceu por 2 a 1, de virada a três minutos do fim e gols de Diego Aguirre e Jorge Villar.

Na partida extra, no Nacional de Santiago, o saldo de gols dava a vantagem do empate ao América. O resultado zerado perdurou até os 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, quando Aguirre deu o golpe que mudou o título de lado. Os uruguaios venceram o penta por 1 a 0 e os colombianos ganharam para sempre a fama de azarados.

A campanha do Peñarol:
13 jogos | 8 vitórias | 3 empates | 2 derrotas | 20 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Arquivo/El País

Uruguai Campeão da Copa América 1987

A Copa América desembarca em 1987 com muitas novidades. Algumas ditariam os anos seguintes da competição, como a introdução do rodízio de sedes. A Conmebol determinou que, a partir daquele ano e pelas nove edições subsequentes, todos os federados seriam anfitriões uma vez, começando pela Argentina e seguindo a ordem: Brasil, Chile, Equador, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Colômbia, Peru e Venezuela. Outra mudança anunciada foi a redução da periodicidade para de dois em dois anos, o que garantia até 2005 (inicialmente) a realização do torneio. E para que tudo desse certo, foi preciso mexer no regulamento. Para o começo, foram cortados o returno da fase de grupos e as voltas da semifinal e da final. Com tudo pela metade e um país-sede definido, a Copa América passaria a ser executada em 16 dias, ao invés de ficar diluída durante todo o ano.
Desse jeito, o caminho para o Uruguai ser campeão mais uma vez ficou muito fácil, pois a equipe já tinha uma vaga direta na semifinal. Na fase de grupos, a Celeste assistiu as classificações de Argentina, Chile e Colômbia. No grupo A, a dona da casa empatou com o Peru e venceu o Equador. No grupo B, os chilenos bateram e Venezuela e golearam o Brasil com um histórico 4 a 0. E no grupo C, os colombianos derrotaram Bolívia e Paraguai. Com os quatro semifinalistas definidos, ficou determinado que o Uruguai enfrentaria a Argentina. Uma tarefa ingrata contra o anfitrião e então campeão mundial, que eliminara os próprios uruguaios durante a campanha. Mas dessa vez o time charrua venceu, por 1 a 0, gol de Antonio Alzamendi.
Na final, o Uruguai encarou o Chile, que passou pela Colômbia. Com os argentinos fora, o público não empolgou muito no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Só 35 mil torcedores foram ao estádio, a maioria de uruguaios que atravessaram o Rio da Prata. A facilidade geográfica ajudou muito, apesar da violência que as duas equipes praticaram em campo. Foram dois expulsos para cada lado. Entre os charruas, foram ao chuveiro mais cedo dois dos jogadores mais importantes do time: o craque Enzo Francescoli e o capitão José Perdomo. Mesmo com as ausências mais importantes, o Uruguai chegou no gol do título aos 11 minutos do segundo tempo, através de Pablo Bengoechea. O placar de 1 a 0 consumou o 13º título de Copa América para a Celeste.

A campanha do Uruguai:
2 jogos | 2 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 2 gols marcados | 0 gols sofridos


Foto Arquivo/AUF

Porto Campeão Mundial 1987

A Copa Intercontinental de 1987 entrou para a história menos pelo confronto em si e mais pelo clima que a envolveu. Nunca se viu tanta neve em uma partida tão importante de futebol. O jogo de ida de 1976 também foi sob gelo, mas não na mesma intensidade que Tóquio viveu 11 anos depois.

O caminho para o Japão revelou uma força inédita e trouxe de volta uma camisa pesada. Na Copa dos Campeões da Europa, o Porto conseguiu sua primeira conquista. Após eliminar o Dínamo de Kiev na semifinal, derrotou o Bayern de Munique na decisão, por 2 a 1. O título resgatou Portugal para o Mundial depois de 25 anos de intervalo.

Na Libertadores, o Peñarol fez o (ainda desconhecido) canto do cisne. Os uruguaios derrubaram Alianza Lima, Independiente e River Plate antes de vencer o América de Cali, na maior reviravolta vista até então. O time carbonero perdeu a ida por 2 a 0 e venceu a volta por 2 a 1. No desempate, o título foi ganho por 1 a 0, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação. O épico penta deu um favoritismo ao Peñarol. Mas o Porto chegava com uma grande equipe, liderada por Rabah Madjer, Juary, Fernando Gomes e Józef Mlynarczyk.

A ideia era que o Japão fosse receber mais uma grande final. O inverno em Tóquio sempre foi rigoroso, mas o máximo que viu durante o Mundial foi a chuva em 1985. Na semana da partida de 1987, o tempo fechou. Os dias 7 a 12 de dezembro foram nublados, mas no dia 13 - o do jogo - a neve resolveu aparecer por toda Tóquio. Ela não deu trégua, e portugueses e uruguaios cogitaram adiar a peleja. Mas os direitos de televisão já estavam vendidos e os contratos, assinados.

Porto e Peñarol foram ao Estádio Nacional de piso branco e com bola amarela. Pela primeira vez o público não lotou: só 45 mil animaram-se em ir à neve. E a partida foi péssima, com diversos erros em campo e horríveis imagens televisivas. Quem tinha mais costume com o clima no gelo se deu melhor.

Gomes abriu o placar aos Dragões aos 41 minutos do primeiro tempo, depois de fintar o zagueiro Obdulio Trasante na área e chutar cruzado. A bola passou a linha do gol e parou sem balançar a rede, e Madjer e o resto da zaga ainda apareceram para dividir o lance. O Peñarol empatou aos 35 do segundo, com Ricardo Viera aproveitando um passe de cabeça de José Perdomo, e finalizando de perna esquerda na pequena área. Na prorrogação, aos quatro do segundo tempo, Madjer roubou a bola de Trasante e finalizou de fora de área, encobrindo o goleiro Eduardo Pereira e fazendo 2 a 1. Pela primeira vez, pelo Porto, Portugal chegava ao título mundial.


Foto Arquivo/Striker Magazine

Operário-MS Campeão Brasileiro Série C 1987 (Módulo Branco)

O ano de 1987 foi um dos mais confusos que o futebol brasileiro já produziu. Enquanto CBF e Clube dos 13 se engalfinhavam no desfecho da Copa União e do Módulo Amarelo, outras duas competições movimentavam as divisões inferiores.

Os clubes preteridos na composição dos campeonatos já citados acabaram movidos para outras duas competições, o Módulo Azul e o Módulo Branco. Na teoria, eles eram duas segundas divisões, mas na prática funcionaram como uma terceira divisão. No grupo Branco ficaram equipes do Norte e do Nordeste. No Azul, os clubes do Sul e do Sudeste. O Centro-Oeste se dividiu entre os dois.

O Módulo Branco foi chamado de Taça Rubem Moreira e também teve a participação de 24 times. Com grandes lembranças de Brasileirões do passado, o Operário de Campo Grande possuía boa tradição para ser considerado um favorito.

O clube ficou no grupo 1, com Mixto, Operário-MT e Sobradinho. A estreia do Galo não foi boa, perdendo por 2 a 1 para o Mixto em Cuiabá. A recuperação veio com duas vitórias no Morenão, por 4 a 0 sobre o Sobradinho e por 1 a 0 sobre o Operário de Várzea Grande. A classificação foi consolidada com vitórias por 2 a 1 sobre o Operário VG no Mato Grosso, e por 1 a 0 sobre o Sobradinho no Distrito Federal. Na última rodada, perdeu por 1 a 0 para o Mixto em casa. Com oito pontos em seis jogos, o Operário-MS se classificou na vice-liderança.

Na segunda fase, o adversário foi a Catuense. Venceu por 2 a 0 no Morenão e empatou em 2 a 2 na Bahia. Na terceira fase, enfrentou mais duas vezes o Mixto. A revanche foi completa, vencendo por 2 a 0 no Mato Grosso do Sul, e empatando em 2 a 2 no José Fragelli.

O time alvinegro se classificou para o triangular final (também com apenas um turno) ao lado de Botafogo-PB e Paysandu. A primeira rodada foi de folga, enquanto paraenses bateram nos paraibanos. A estreia foi em João Pessoa, com empate sem gols com o Botafogo da Paraíba. A partida final decidiria o título

Já em 1988, Operário-MS e Paysandu se enfrentaram no Morenão, e o Galo conseguiu a vitória que precisava, por 2 a 1. Com três pontos em dois jogos, o time sul-mato-grossense conseguiu o título do Módulo Branco, a única conquista nacional do clube. Mas hoje em dia, a competição caiu no esquecimento, somente os alvinegros a mantém viva na lembrança. Nem a CBF reconhece o título como oficial.

A campanha do Operário-MS:
12 jogos | 7 vitórias | 3 empates | 2 derrotas | 19 gols marcados | 9 gols sofridos


Foto Arquivo/Operário-MS

Americano Campeão Brasileiro Série C 1987 (Módulo Azul)

O ano de 1987 foi um dos mais confusos que o futebol brasileiro já produziu. Enquanto CBF e Clube dos 13 se engalfinhavam no desfecho da Copa União e do Módulo Amarelo, outras duas competições movimentavam as divisões inferiores.

Os clubes preteridos na composição dos campeonatos já citados acabaram movidos para outras duas competições, o Módulo Azul e o Módulo Branco. Na teoria, eles eram duas segundas divisões, mas na prática funcionaram como uma terceira divisão. No grupo Branco ficaram equipes do Norte e do Nordeste. No Azul, os clubes do Sul e do Sudeste. O Centro-Oeste se dividiu entre os dois.

O Módulo Azul foi rebatizado de Taça Heleno Nunes e contou com a presença de 24 times. Uma das forças do futebol carioca na década, o Americano de Campos era frequente nas listas de favoritos. O clube ficou no grupo 3, ao lado de Juventus-SP, Desportiva-ES e Estrela do Norte.

Apesar do favoritismo, o Mancha Negra demorou e engrenar. Estreou em casa com empate sem gols contra o Juventus. Depois, perdeu por 1 a 0 para o Estrela do Norte no Espírito Santo. Na terceira rodada, novo empate no Godofredo Cruz, em 1 a 1 com a Desportiva. O terceiro empate foi outro 0 a 0 com a Juventus, mas em São Paulo. A arrancada veio no fim, com duas vitórias por 1 a 0, sobre o Estrela do Norte em Campos, e sobre a Desportiva em Cariacica. Com sete pontos em seis jogos, o Americano se classificou na vice-liderança. 

Na segunda fase, enfrentou o Tupi. Venceu por 1 a 0 no Godofredo Cruz, e pelo mesmo placar em Juiz de Fora. Na terceira fase, encarou o Botafogo-SP e se classificou com vitória por 3 a 1 em Campos e derrota por 1 a 0 em Ribeirão Preto.

Junto com o Juventude e o Uberlândia, o Americano chegou no triangular final, de tiro curto, com um turno só. O time alvinegro fez o primeiro jogo contra o Juventude no Alfredo Jaconi, e empatou em 0 a 0. O segundo jogo foi no Godofredo Cruz contra o Uberlândia, e o Americano venceu por 2 a 0. Com três pontos em duas partidas, seria ainda necessário secar o time gaúcho.

E em pleno Natal de 1987, Uberlândia e Juventude se enfrentaram em Minas Gerais, com vitória por 2 a 0 dos mineiros. O Americano se tornou campeão do Módulo Azul sem entrar em campo, mas a festa não foi menor por isso. Hoje em dia, a competição caiu no esquecimento, somente os alvinegros a mantém viva na lembrança. Nem a CBF reconhece o título como oficial.

A campanha do Americano:
12 jogos | 6 vitórias | 4 empates | 2 derrotas | 10 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Arquivo pessoal/Alexandre Guerreiro

Sport Campeão Brasileiro 1987

O futebol brasileiro nunca ficou tão dividido como em 1987. A criação do Clube dos 13, e a formação de uma competição fechada com somente 16 times indignou o restante das equipes participantes do Brasileiro do ano anterior. Algumas delas tinham feito ótima campanha, mas ficaram de fora, como Guarani, America-RJ, Criciúma e Inter de Limeira.

Pressionada, a CBF teve que voltar atrás na decisão de terceirizar a organização do torneio, e montou uma competição paralela com outras 16 equipes, a qual chamou de Copa Brasil (o mesmo nome de outrora). A entidade classificou a Copa União como Módulo Verde, e a Copa Brasil como Módulo Amarelo, prevendo o cruzamento de seus campeões e vices em um quadrangular para definir o campeão brasileiro.

De quebra, montou os Módulos Azul e Branco, que funcionaram como uma terceira divisão (ou seletiva para a segundona de 1988). Como nem tudo é perfeito, a CBF agiu contra alguns clubes que haviam entrado no STJD pela anulação do rebaixamento de 1986 e perdido a causa. A Ponte Preta foi jogada ao Módulo Azul, o Fortaleza e o Nacional-AM pararam no Módulo Branco, e o Sergipe sequer foi convidado. A cereja no bolo foi o America-RJ, ainda indignado por ter ficado de fora da Copa União apesar do quarto lugar em 1986, que boicotou os jogos do seu módulo e ficou fora do torneio.

Dois times "rebaixados" de 1986 foram ao STJD e venceram no tapetão: o Vitória e o Sport. A CBF incluiu ambos no grupo 2 da Copa Brasil. E o Leão da Ilha nem imaginava como acabaria a sua história. O regulamento do campeonato era idêntico ao da Copa União: dois grupos na disputa de dois turnos, o primeiro em chave cruzada e o segundo dentro de cada chave, com o líder de cada grupo em cada turno se classificando para a semifinal.

O Rubro-Negro fez uma primeira fase arrasadora. Com cinco vitórias e três empates, liderou seu grupo com 13 pontos, e a vaga na semifinal já estava assegurada. Na segunda fase, o Sport administrou bem sua situação, liderou o grupo 2 com quatro vitórias, um empate e uma derrota, marcando nove pontos. Já classificado, repassou a outra vaga na semifinal ao vice-líder do returno Bangu, que marcou um pontos a menos. No grupo 1, o Athletico-PR foi o líder do turno e o Guarani o líder do returno, cada um obtendo uma vaga.

O Leão encarou o Bangu na semifinal, mas largou em desvantagem, perdendo por 3 a 2 em Moça Bonita. Na Ilha do Retiro, o Sport devolveu com juros o resultado, vencendo por 3 a 1 a avançando à final contra o Guarani. A ida foi no Brinco de Ouro, e terminou com derrota por 2 a 0. O Rubro-Negro precisou correr atrás mais uma vez, e devolveu 3 a 0 em Recife. Mas como uma regra maluca não previa desempate no saldo de gols, a decisão foi para a prorrogação, e depois pênaltis.

Foram 24 cobranças, mas a coisa não desempatava. Quando chegou em 11 a 11, as duas diretorias concordaram em encerrar a final e dividir o título do Módulo Amarelo. Dias depois, o Guarani abriu mão e o Sport ficou com único campeão.

Já em 1988, estava prevista a disputa do quadrangular final entre Sport, Guarani, Flamengo e Internacional. Os dois últimos cumpriram o acordo do Clube dos 13 em não entrar em campo para cruzar os módulos. Os jogos de ambos foram considerados W.O., e pernambucanos e paulistas fizeram nova final, agora para definir o título brasileiro.

Em Campinas, o Rubro-Negro arrancou empate em 1 a 1 com gol do zagueiro Betão. Na Ilha do Retiro, os torcedores do Sport viram Marco Antônio marcar de cabeça o gol da vitória por 1 a 0, e o Leão conquistar seu único título do Brasileirão. E mesmo anos depois, o time precisa defender o resultado colhido no campo, pois o caso 87 foi parar até no STF.

A campanha do Sport:
20 jogos | 12 vitórias | 5 empates | 3 derrotas | 29 gols marcados | 13 gols sofridos


Foto Arquivo/Sport

Flamengo Campeão Brasileiro 1987 (Copa União)

1987. O ano que nunca terminou, e que marca uma eterna briga entre Sport e Flamengo. Tudo começou no ano anterior, quando a ideia da CBF em rebaixar 16 dos 48 times do Brasileirão não vingou, pois clubes como Botafogo e Coritiba entraram na Justiça para permanecer na elite. Desgastada, a entidade alegou falta de dinheiro para organizar a competição nacional em 1987.

Com o risco de não haver Brasileirão naquele ano, os 13 principais clubes do Brasil se uniram e fundaram o Clube dos 13, entidade que seria a responsável pela recém-criada Copa União. Para fechar quórum, o C13 convidou outras três equipes para formar um torneio com 16 times.

Mas, como o regulamento da Copa Brasil do ano anterior determinava que seriam 28 clubes na primeira divisão em 1987, várias equipes ficaram insatisfeitas por ficaram de fora. Pressionada e sem o comando do campeonato, a CBF toma a decisão de não concordar com a seleção dos times que iriam participar do torneio organizado pelo C13 e, inicia uma briga com ela para criar um novo formato para a competição.

Então, a CBF decide fazer uma competição com 16 clubes que ficaram de fora da Copa União, imitando o regulamento da mesma, e passou a se referir as duas como módulos, determinando que os dois primeiros colocados de cada módulo disputassem um quadrangular final para definir o campeão brasileiro.

Os participantes da Copa União prometeram recusar a proposta do quadrangular desde o começo, considerando que a final do torneio do C13 seria a final do Brasileiro. Flamengo e Internacional chegaram na final, cumpriram a promessa e não entraram em campo contra Sport e Guarani.

Sem imaginar que sua conquista seria pivô de disputas judiciais, e vindo de um vice no Carioca de 1987, o Flamengo entrou na Copa União sem ser considerado favorito, apesar do time com nomes como Renato Gaúcho, Bebeto, Leandro e o retorno de Zico. Na primeira fase da competição, os 16 times foram separados em dois grupos.

O Rubro-Negro entrou no grupo 1, que nesta fase cruzou os jogos com os times do grupo 2. Nas oito partidas, o time conseguiu somente duas vitórias, três empates e três derrotas. Com sete pontos, viu o Atlético-MG somar o dobro e conseguir a classificação para a semifinal pela liderança do turno. No outro grupo, o Internacional também conseguiu a vaga antecipada.

As coisas melhoraram na segunda fase, quando os times se enfrentaram dentro do próprio grupo. O Fla conseguiu quatro vitórias, dois empates e uma derrota em sete jogos. Com dez pontos, ficou na vice-liderança no grupo. Em situação normal, a participação do Flamengo terminaria ali, mas o líder do grupo tornou a ser o Atlético-MG, com 11 pontos. O regulamento previa nesse caso que a vaga na semifinal seria repassada ao segundo colocado no returno, e o Rubro-Negro avançou. No outro grupo, o Cruzeiro liderou e completou o mata-mata.

Os times classificados fizeram a semifinal mantendo a ordem dos grupos. O Fla recebeu o Atlético-MG no Maracanã no primeiro jogo, e saiu na frente do confronto com vitória por 1 a 0. No segundo jogo, o Flamengo calou o Mineirão ao vencer por 3 a 2, manteve a freguesia e conseguiu a vaga na final, contra o Internacional que derrubou o Cruzeiro.

Na final, Flamengo e Internacional se enfrentaram. No Beira-Rio, o Rubro-Negro conseguiu um bom empate em 1 a 1 na partida de ida. No Maracanã, Bebeto fez o gol do título logo no começo da partida de volta, e a vitória por 1 a 0 deu o quarto título nacional ao Flamengo.

A campanha do Flamengo:
19 jogos | 9 vitórias | 6 empates | 4 derrotas | 22 gols marcados | 15 gols sofridos


Foto Sebastião Marinho/O Globo