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Juventude Campeão Brasileiro Série B 1994

Em 23 anos de existência, lá no distante 1994, a Série B vivia uma enorme crise de identidade. Nunca tinha um regulamento definitivo, e em algumas temporadas sequer foi disputada. Um ano antes, devido ao acesso de 12 clubes, a competição foi cancelada junto com a Série C, e em seus lugares foram disputadas seletivas regionais para a definição de 16 participantes no retorno da segunda divisão. Outros oito viriam do rebaixamento na Série A. Entre os 24 contemplados estava o Juventude, que em 1993 eliminou Brasil de Farroupilha e Figueirense, e se garantiu ao lado do Londrina.

A primeira fase da Série B foi dividida em quatro grupos. O Ju, com nomes como Lauro, Galeano e (Dorival) Júnior, ficou no grupo 4 e fez uma campanha suficiente para se classificar no terceiro lugar dentre as quatro vagas disponíveis. Com quatro vitórias, três empates e três derrotas em dez jogos, o time alviverde fez 11 pontos, três a menos que a líder Ponte Preta.

Na segunda fase, os 16 classificados se reuniram em mais quatro grupos, e o Papo ficou mais uma vez no último grupo, contra Athletico-PR, Goiatuba, e mais uma vez a Ponte Preta. Dessa vez era só uma vaga de classificação, e o Juventude aumentou de produção, vencendo quatro jogos e empatando dois, marcando dez pontos, três a mais que o adversário paranaense.

Quatro times foram para a semifinal, que também valiam o acesso. O Juventude enfrentou o Americano-RJ. Venceu por 1 a 0 no Godofredo Cruz e repetiu o resultado no Alfredo Jaconi, conquistando uma vaga na primeira divisão depois de 15 anos.

A final foi contra o Goiás, que havia eliminado a Desportiva-ES. Na final verde, o Ju fez a partida de ida no Serra Dourada, mas perdeu por 2 a 1. Assim, só a vitória interessava em Caxias do Sul, e por qualquer resultado, já que a melhor campanha lhe beneficiava. E no caldeirão do Jaconi, o Juventude devolveu o mesmo placar, com o gol do desafogo marcado por Galeano, a dez minutos do final. Pela primeira o interior do Rio Grande do Sul conquistava um título nacional, e o Juventude não pararia por ali. Cinco anos depois viria a Copa do Brasil.

A campanha do Juventude:
20 jogos | 11 vitórias | 5 empates | 4 derrotas | 36 gols marcados | 23 gols sofridos


Foto Edison Vara/Placar

Juventude Campeão da Copa do Brasil 1999

Dez anos depois, a Copa do Brasil dobrou de tamanho. Em 1999, 64 times estiveram dentro da competição. Na verdade, foram 65, porque a CBF teve que definir o terceiro representante de Pernambuco entre Náutico e Santa Cruz (que venceu). Os critérios de classificação continuaram os mesmos: estaduais e convites, que foram inúmeros naquela temporada.

E em meio a tantos clubes, o título ficou nas mãos de um dos mais improváveis, o Juventude. Em fase histórica no fim dos anos 1990, o time do interior gaúcho surpreendeu o país ao eliminar adversários de maior nome durante o mata-mata, que oficialmente ganhou uma fase a mais em 1999.

O Ju iniciou sua trajetória contra o Guará, do Distrito Federal. No antigo Mané Garrincha, goleou por 5 a 1 e dispensou a partida de volta. Na segunda fase, foi a vez de enfrentar o Fluminense, à época integrante da Série C do Brasileiro. Em confronto épico, o Juventude perdeu no Maracanã por 3 a 1, mas goleou em Caxias do Sul, no Alfredo Jaconi, por 6 a 0.

Nas oitavas de final, o adversário foi o Corinthians, então campeão brasileiro. O primeiro jogo foi no Alfredo Jaconi, e o Juventude venceu por 2 a 0. A segunda partida foi no Pacaembu, e o alviverde voltou a triunfar, por 1 a 0. Nas quartas, contra o Bahia, o Ju avançou com dois empates, por 1 a 1 em casa, e por 2 a 2 em Salvador, na Fonte Nova.

A semifinal foi disputada contra o Internacional. Nesta época, a freguesia do rival da capital era grande, e não seria diferente na Copa do Brasil. Na ida, empate sem gols no Alfredo Jaconi. A volta foi no Beira-Rio, e nem mesmo com a pressão da torcida adversária foi capaz de parar o Juventude, que goleou por 4 a 0.

Na inédita decisão, o Ju enfrentou o Botafogo, que também chegou lá pela primeira vez ao superar Paysandu, Criciúma, São Paulo, Athletico-PR e Palmeiras. O primeiro jogo foi no Alfredo Jaconi. Ainda no primeiro tempo, Fernando e Márcio Mixirica fizeram os gols da vitória alviverde, por 2 a 1. Gols estes que acabariam sendo os do próprio título, pois na segunda partida, no Maracanã, os gaúchos seguraram o empate por 0 a 0. A taça foi conquistada diante de 101.581 torcedores, o último público de seis dígitos registrado na história do futebol brasileiro.

A campanha do Juventude:
11 jogos | 6 vitórias | 4 empates | 1 derrota | 25 gols marcados | 9 gols sofridos


Foto Paulo Franken/Agência RBS