A Copa Intercontinental de 1987 entrou para a história menos pelo confronto em si e mais pelo clima que a envolveu. Nunca se viu tanta neve em uma partida tão importante de futebol. O jogo de ida de 1976 também foi sob gelo, mas não na mesma intensidade que Tóquio viveu 11 anos depois.
O caminho para o Japão revelou uma força inédita e trouxe de volta uma camisa pesada. Na Copa dos Campeões da Europa, o Porto conseguiu sua primeira conquista. Após eliminar o Dínamo de Kiev na semifinal, derrotou o Bayern de Munique na decisão, por 2 a 1. O título resgatou Portugal para o Mundial depois de 25 anos de intervalo.
Na Libertadores, o Peñarol fez o (ainda desconhecido) canto do cisne. Os uruguaios derrubaram Alianza Lima, Independiente e River Plate antes de vencer o América de Cali, na maior reviravolta vista até então. O time carbonero perdeu a ida por 2 a 0 e venceu a volta por 2 a 1. No desempate, o título foi ganho por 1 a 0, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação. O épico penta deu um favoritismo ao Peñarol. Mas o Porto chegava com uma grande equipe, liderada por Rabah Madjer, Juary, Fernando Gomes e Józef Mlynarczyk.
A ideia era que o Japão fosse receber mais uma grande final. O inverno em Tóquio sempre foi rigoroso, mas o máximo que viu durante o Mundial foi a chuva em 1985. Na semana da partida de 1987, o tempo fechou. Os dias 7 a 12 de dezembro foram nublados, mas no dia 13 - o do jogo - a neve resolveu aparecer por toda Tóquio. Ela não deu trégua, e portugueses e uruguaios cogitaram adiar a peleja. Mas os direitos de televisão já estavam vendidos e os contratos, assinados.
Porto e Peñarol foram ao Estádio Nacional de piso branco e com bola amarela. Pela primeira vez o público não lotou: só 45 mil animaram-se em ir à neve. E a partida foi péssima, com diversos erros em campo e horríveis imagens televisivas. Quem tinha mais costume com o clima no gelo se deu melhor.
Gomes abriu o placar aos Dragões aos 41 minutos do primeiro tempo, depois de fintar o zagueiro Obdulio Trasante na área e chutar cruzado. A bola passou a linha do gol e parou sem balançar a rede, e Madjer e o resto da zaga ainda apareceram para dividir o lance. O Peñarol empatou aos 35 do segundo, com Ricardo Viera aproveitando um passe de cabeça de José Perdomo, e finalizando de perna esquerda na pequena área. Na prorrogação, aos quatro do segundo tempo, Madjer roubou a bola de Trasante e finalizou de fora de área, encobrindo o goleiro Eduardo Pereira e fazendo 2 a 1. Pela primeira vez, pelo Porto, Portugal chegava ao título mundial.
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