São poucos os esquadrões de futebol que marcaram época e ficaram para sempre na memória dos torcedores. Um deles é o Milan do final da década de 80 e início dos anos 90. Uma equipe que levava o melhor da Itália e da Holanda para os quatro cantos da Europa — e que, depois, voltaria a ganhar o mundo, vinte anos mais tarde.
Mas o que a Holanda tem a ver com isso? Foi de lá que desembarcou um trio que ajudaria o clube rossonero a atingir o topo: Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Marco van Basten. A presença deles foi fundamental na conquista do tricampeonato da Copa dos Campeões. O Milan eliminou Estrela Vermelha, Werder Bremen e Real Madrid antes de vencer, na final, o Steaua Bucareste por 4 a 0.
Pelo lado sul-americano, a Libertadores ganhava um novo campeão. O Atlético Nacional, de Medellín, levou a Colômbia ao seu primeiro título na competição. Os Verdolagas passaram por Emelec, Racing, Millonarios e, na decisão, bateram o Olimpia: perderam por 2 a 0 na ida, devolveram o placar na volta e, nos pênaltis, venceram por 6 a 5. Foi o auge de uma era obscura do futebol colombiano, que era "patrocinado" pelos cartéis do narcotráfico.
Mas a grana dos Escobares da vida não valia na Copa Intercontinental. E o Milan tinha mais bola que o Atlético Nacional. No dia 17 de dezembro, os clubes se enfrentaram diante de mais de 60 mil pessoas no Estádio Nacional de Tóquio. Gullit não pôde estar em campo, mas o time italiano contava com parte da base da seleção, como Franco Baresi, Paolo Maldini e Roberto Donadoni. O Atlético vinha com a estrela de René Higuita no gol, além de Leonel Álvarez no meio-campo.
Conhecendo seus limites, os colombianos atuaram concentrados na defesa, e os italianos não conseguiram, de jeito nenhum, furar a marcação adversária nos 90 minutos regulamentares. O Milan já era conhecido por fugir do estilo tradicional do Calcio — que plantava zagueiros e meias mais recuados que o normal, o catenaccio — e praticava um futebol ofensivo, de mais movimentação. Porém, isso não foi suficiente contra o Atlético, e o Mundial foi à prorrogação.
Nos 30 minutos extras, o bombardeio do Milan continuou e, na base da insistência, deu o resultado esperado. Tudo parecia apontar para outra decisão nos pênaltis quando, aos 14 do segundo tempo, o Rossonero conseguiu uma falta dentro da meia-lua da área adversária. Alberigo Evani, que havia entrado durante o tempo normal, foi para a cobrança. Ele bateu à meia-altura, por fora da barreira, e a bola acabou desviando em John Jairo Tréllez, ficando fora do alcance de Higuita. Pouco tempo depois, o 1 a 0 confirmou o merecido bicampeonato ao Milan.

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