Argentina Campeã Olímpica 2004

Depois de 108 anos, os Jogos Olímpicos voltavam para sua verdadeira casa. A grega Atenas recebeu as Olimpíadas de 2004 com oito anos de atraso, pois o plano original era de que o centenário do evento fosse na cidade. Mesmo assim, nada foi capaz de tirar a grandiosidade da organização. Foi tanto dinheiro investido, que mais tarde a Grécia mergulharia em uma crise econômica sem precedentes. E se nos primeiros Jogos da história o futebol mal existia e não foi incluído no programa, agora a situação era bem diferente. O torneio seguiu o mesmo regulamento em vigor há quase três décadas, e foi a quarta edição disputada com seleções sub-23.
Algo comum no que se refere às Olimpíadas, países tradicionais no futebol passavam longe da medalha de ouro. Um deles era a Argentina, que até ali colecionava duas pratas (1928 e 1996) e sentia que precisava preencher o espaço que faltava subindo no topo do pódio. A espera enfim acabaria. No grupo C da competição, a Albiceleste já mostrava suas armas na estreia, ao golear Sérvia e Montenegro por 6 a 0. A classificação chegou antecipadamente, na vitória sobre a Tunísia por 2 a 0. A primeira fase chegaria o fim no 1 a 0 sobre a Austrália, na última partida. Com nove pontos, a Argentina passou na liderança da chave. A sequência perfeita seguiu nas quartas de final, nos 4 a 0 sobre a Costa Rica. Na semifinal, o time argentino derrotou a Itália por 3 a 0, chegando na decisão com muita facilidade. Seu adversário foi o Paraguai, que eliminou Gana, Japão, Coreia do Sul e Iraque.
A disputa valendo o bronze foi jogada entre italianos e iraquianos, com vitória europeia por 1 a 0. Pelo ouro, Argentina e Paraguai se enfrentaram no Estádio Olímpico de Atenas. Depois de tantos gols nas fases anteriores, o placar que deu o título aos hermanos foi econômico: só 1 a 0, gol marcado por Carlos Tevez aos 18 minutos do primeiro tempo. O merecido título inédito chegou com 100% de aproveitamento na campanha e nenhum gol sofrido. Tevez ainda foi o artilheiro dos Jogos, com oito gols.

A campanha da Argentina:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 17 gols marcados | 0 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Camarões Campeão Olímpico 2000

Entre datas e marcos históricos, a Olimpíada atravessou o o novo milênio. Os Jogos de 2000 viajaram até ao outro lado do mundo e foram sediados em Sydney, na Austrália. E se quatro anos antes os especialistas ficaram surpreendidos com o ouro da Nigéria, o recado estava dado: camisa já não bastava mais para ganhar partidas e seguir adiante no torneio masculino de futebol. A confirmação dos fatos veio nos gramados da Oceania, com a seleção de Camarões.
A parte dois da escalada africana teve início no grupo C da primeira fase. Os Leões Indomáveis estrearam com vitória por 3 a 2 sobre o Kuwait. Na segunda rodada, empate por 1 a 1 com os Estados Unidos. E no último jogo, outro empate por 1 a 1, desta vez com a República Tcheca. Os resultados deixaram Camarões com cinco pontos, na vice-liderança. Por um gol a menos de saldo, eles perderam a ponta para os norte-americanos. O principal capítulo da história camaronesa foi escrito nas quartas de final. Contra o Brasil, duas expulsões tornaram as coisas difíceis. Mas o gol de Patrick M'Boma aos 17 minutos do primeiro tempo dava a vitória à equipe. O empate brasileiro veio com Ronaldinho aos 49 do segundo tempo, e parecia que o caminho seria encerrado na prorrogação. Porém Modeste M'bami fez 2 a 1 aos oito do segundo tempo extra, e o gol de ouro deu sequência à trajetória. Na semifinal a vítima foi o Chile, com outro emocionante 2 a 1, agora de virada no último minuto.
A definição das medalhas na final foi contra a Espanha, que eliminou Coreia do Sul, Marrocos, Itália e Estados Unidos. Na disputa pelo bronze, os chilenos fizeram 2 a 0 nos norte-americanos. A grande decisão foi jogada no Olímpico de Sydney, novamente com traços dramáticos. Já aos dois minutos de partida, Xavi abriu o placar aos espanhóis. Aos 47, Gabri García aumentou. Mas Camarões voltou com tudo para a última etapa, buscando o 2 a 2 com gol contra de Iván Amaya aos oito e Samuel Eto'o aos 13. A prorrogação passou toda em branco, e o ouro foi definido nos pênaltis. Amaya errou pelo lado europeu e todos os camaroneses converteram suas cobranças. Por 5 a 3, os Leões conseguiram o título inédito e histórico.

A campanha de Camarões:
6 jogos | 3 vitórias | 3 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 8 gols sofridos


Foto Popperfoto/Getty Images

Nigéria Campeã Olímpica 1996

As Olímpiadas completaram 100 anos em plena forma e com muitos avanços. Em 1996, foi a vez de a cidade norte-americana de Atlanta receber a edição dos Jogos. Mas em meio à festa houve uma nota triste: o atentado à bomba no Parque Olímpico Centenário, que matou duas pessoas e feriu 111. O futebol ficou longe do terrorismo e não competiu na cidade olímpica, algo inédito nos 92 anos da modalidade no programa. Outra novidade foi a introdução do torneio feminino, porém esta é uma história que será contada mais tarde. No masculino, a regra das convocações sofreu sua alteração definitiva, que foi a permissão de até três jogadores com idade acima dos 23 anos nos elencos.
O modelo sub-23 nivelou de vez os times que participariam das Olimpíadas. Os resultados que em situações normais seriam chamados de zebra, em terras olímpicas passariam a estar dentro da normalidade. Foi o caso da Nigéria, que levou a África a um ouro inédito e histórico. No grupo D da competição, as Super Águias estrearam com vitória sobre a Hungria por 1 a 0. Depois, fez 2 a 0 no Japão, encaminhando a classificação. Mesmo a derrota para o Brasil por 1 a 0 não tirou a vaga nigeriana, que terminou na vice-liderança da chave com seis pontos. Nas quartas de final, a equipe eliminou o México vencendo por 2 a 0. Na semifinal, outra o vez o Brasil pela frente. Em partida lembrada para sempre, a Nigéria chegou a estar perdendo por 3 a 1, mas buscou o empate antes do fim, virando para 4 a 3 na prorrogação, quando Nwankwo Kanu marcou o gol de ouro.
A decisão do ouro foi contra a Argentina, que anteriormente bateu Estados Unidos, Tunísia, Espanha e Portugal. Antes, os brasileiros levaram o bronze ao golearem os portugueses por 5 a 0. A final foi disputada no Estádio Sanford, na cidade de Athens, que é vizinha de Atlanta. Os argentinos abriram o placar aos três minutos de jogo, mas Celestine Babayaro empatou aos 28. Aos cinco do segundo tempo, outro gol argentino. A virada do título veio aos 29, com Daniel Amokachi, e aos 45, com Emmanuel Amunike. Por 3 a 2, a Nigéria atingia o seu ápice.

A campanha da Nigéria:
6 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 1 derrota | 12 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Alain Gadoffre/Icon Sport/Empics Sports

Globo Campeão Potiguar 2021

O Rio Grande do Norte tem um campeão inédito. Fundado em 2012 e ensaiando o título estadual desde a chegada na elite potiguar, em 2014, o Globo enfim conseguiu sua maior glória.

O campeonato foi simples, com oito equipes disputando dois turnos distintos e cada campeão garantindo vaga final. No primeiro, chamado Copa Cidade do Natal, a Águia de Ceará-Mirim venceu quatro e empatou duas das sete partidas que jogou, terminando em segundo lugar, com 14 pontos. Na decisão, bateu o líder América-RN por 2 a 0, em plena Arena das Dunas.

Como a vaga na finalíssima já estava na mão, o Globo deu uma relaxada no segundo turno, nomeado Copa Rio Grande do Norte. O time venceu três e empatou uma nos outros sete jogos, marcando dez pontos e encerrando na quinta posição. Enquanto se preparava, o ABC venceu o Santa Cruz-RN e levou o returno.

Na final geral, a Águia mandou a ida em casa, na cidade de Ceará-Mirim, e venceu por 2 a 1. A volta aconteceu em Natal, no Frasqueirão, e o Globo segurou empate por 1 a 1 para ficar com a taça.

A campanha do Globo:
17 jogos | 9 vitórias | 4 empates | 4 derrotas | 34 gols marcados | 19 gols sofridos


Foto Divulgação/Globo

Espanha Campeã Olímpica 1992

O ano de 1992 foi marcado pelas diversas mudanças no mapa-múndi olímpico. A União Soviética dividiu-se em quatro, mudou de nome para Comunidade de Estados Independentes e competiu como a Equipe Unificada, antecedendo sua divisão definitiva em 15 nações. A Iugoslávia também fragmentou-se em quatro países, e os atletas da banida república-mãe competiram como Atletas Independentes. Por fim, a África do Sul foi reincluída entre as participantes após o fim do apartheid. O futebol não vivenciou nenhuma dessas alterações, mas contou com outra modificação na maneira de convocar as seleções. A partir dos Jogos de Barcelona, na Espanha, apenas jogadores abaixo dos 23 anos de idade teriam permissão para a disputa, independentemente de serem amadores, profissionais ou de já terem atuado em Copa do Mundo. Muitas possibilidades surgiriam a partir de então.
Porém, a primeira experiência sub-23 seria conservadora, com o ouro ficando a dona da casa.  No grupo B da primeira fase, a Espanha estreou com goleada por 4 a 0 sobre a Colômbia. Depois, antecipou sua classificação ao fazer 2 a 0 no Egito. Por fim, novo 2 a 0 sobre o Catar, que deixou a Fúria na liderança, com seis pontos. Nas quartas de final, vitória por 1 a 0 sobre a Itália. Na semifinal, foi a vez de derrotar por 2 a 0 o time de Gana. E assim, vencendo todos os jogos e não sofrendo gols, a Espanha chegou na decisão. A adversária foi a Polônia, que deixou para trás Estados Unidos, Kuwait, Catar e Austrália.
Antes do ouro e da prata, foi definido quem levou a medalha de bronze: Gana fez 1 a 0 na Austrália. Espanhóis e poloneses se encontraram na final logo depois. Jogando no Camp Nou, La Roja encontrou as maiores dificuldades até então. Wojciech Kowalczyk abriu o placar aos 44 minutos do primeiro tempo. A Espanha empatou aos 20 do segundo, com Abelardo. Aos 27, Kiko virou a partida, mas Ryszard Staniek empatou de novo aos 31. Quando tudo se encaminhava à prorrogação, aos 45, Kiko fez 3 a 2 e explodiu a torcida espanhola em Barcelona. Na Olimpíada considerada como a melhor organizada da história, o título veio em casa.

A campanha da Espanha:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 14 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Agência EFE

Campinense Campeão Paraibano 2021

De cancelado para ter no fim a volta de um campeão, este foi o Campeonato Paraibano de 2021. Seu início foi apenas em abril, depois de muita discussão entre federação e clubes, pois a FPF alegava não ter dinheiro para organizar a competição. No fim ela aconteceu, e o Campinense voltou a vencê-la depois de cinco anos.

O regulamento do torneio foi simples, com oito participantes se enfrentando em turno único. Os dois melhores avançavam direto à semifinal, e do terceiro ao sexto jogavam as quartas, tudo em partidas únicas. Em sete jogos, a Raposa venceu três e empatou outras três, ficando na terceira posição, com 12 pontos.

Nas quartas de final, enfrentou em Campina Grande o Atlético Cajazeirense, empatando sem gols e vencendo nos pênaltis por 3 a 1. Na semi, contra o Botafogo-PB em João Pessoa, voltou a empatar sem gols, vencendo nas penalidades por 5 a 4.

A final foi contra o Sousa. Na ida, no Amigão, ganhou por  1 a 0. A vantagem permitiu que o Campinense segurasse outro 0 a 0 na volta, no no Marizão, conquistando assim o seu 22º título estadual na história.

A campanha do Campinense:
11 jogos | 4 vitórias | 6 empates | 1 derrota | 10 gols marcados | 7 gols sofridos


Foto Pedro Nunes

União Soviética Campeã Olímpica 1988

Após 16 anos e três Olimpíadas neste intervalo de tempo, não houve nenhum boicote para atrapalhar a maior festa esportiva do mundo. A edição de 1988 dos Jogos ficou ancorada em Seul, a capital da Coreia do Sul. E o torneio de futebol foi revitalizado e com as principais forças para mais uma disputa. Mas nem tudo foram sorrisos, e no fim foi necessário trocar uma equipe: o México foi banido de todas as competições pela FIFA por causa de adulterações na idade de alguns jogadores durante as qualificatórias. A Guatemala entrou no lugar.
Se quatro anos antes não foi possível ver o resultado da reforma que permitiu a convocação de atletas profissionais, devido à ausência da maioria dos times do lado socialista - amadores desde a raiz -, agora a resposta estaria mais próxima. E ela não foi diferente ao que se via desde os anos 50. Vivendo com as incertezas da "perestroika" e da "glasnost", a União Soviética daria seu último suspiro olímpico. No grupo C do futebol, sua estreia foi com empate por 0 a 0 com a Coreia do Sul. Na rodada seguinte, venceu a Argentina por 2 a 1. Na última partida, contra os Estados Unidos, uma emblemática vitória por 4 a 2 garantiu a liderança soviética, com cinco pontos. Nas quartas de final, foi a vez de bater a Austrália por 3 a 0. A semifinal foi contra a Itália, e com um difícil 3 a 2 na prorrogação a União Soviética conseguiu seu lugar na decisão. Pela outra chave, o Brasil eliminava Iugoslávia, Nigéria, Argentina e Alemanha. Os italianos ficaram com o bronze ao baterem os alemães por 3 a 0.
O Olímpico de Seul recebeu a disputa do ouro entre União Soviética e Brasil. Os brasileiros saíram na frente aos 30 minutos do primeiro tempo, com Romário. O empate soviético aconteceu aos 16 do segundo, quando Igor Dobrovolski acertou um pênalti. A virada e o bicampeonato vieram aos 13 da primeira etapa da prorrogação, quando o reserva Yury Savichev fez 2 a 1. De um lado, a comemoração pelo segundo ouro, 36 anos depois do primeiro. Do outro, a decepção pelo segundo vice consecutivo. Uma obsessão nascia naquele momento.

A campanha da União Soviética:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 14 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/COI