Cruzeiro Campeão da Libertadores 1997

A segunda metade dos anos 90 marcou o maior domínio brasileiro visto na Libertadores até então. Foram quatro títulos em cinco edições entre 1995 e 1999. A jornada iniciada pelo Grêmio só foi quebrada em 1996, com o River Plate. Dali para frente o país emendou três taças, começando pelo Cruzeiro em 1997.

O clube quebraria uma fila de 21 anos no torneio, o qual garantiu sua vaga ao vencer a Copa do Brasil do ano anterior. Ao lado do Grêmio e dos peruanos Alianza Lima e Sporting Cristal, a Raposa ficou no grupo 4.

Mas o começo do clube mineiro foi péssimo: derrotas por 2 a 1 para o Grêmio, em pleno Mineirão, e mais duas por 1 a 0 para o Alianza e o Cristal, em Lima. A recuperação cruzeirense aconteceu a tempo com três vitórias no returno, por 1 a 0 sobre o Grêmio no Olímpico, por 2 a 0 sobre o Alianza Lima e 2 a 1 sobre o Sporting Cristal, as duas no Mineirão. Com nove pontos, o time ficou em segundo lugar, três pontos atrás dos gaúchos e um à frente do Cristal.

E quem pensa que as coisas seriam mais fáceis no mata-mata se enganou. O Cruzeiro enfrenou o El Nacional, do Equador, nas oitavas de final. Perdeu por 1 a 0 em Quito e fez 2 a 1 em Belo Horizonte, se classificando ao vencer por 5 a 3 nos pênaltis.

Nas quartas, em novos encontros com o Grêmio, a Raposa venceu por 2 a 0 no Mineirão e perdeu por 2 a 1 no Olímpico. A semifinal foi contra o Colo Colo. No Mineirão, vitória simples por 1 a 0. Em Santiago, o time chileno aplicou 3 a 2 e o Cruzeiro precisou novamente dos pênaltis, vencendo por 4 a 1.

Na final, o reencontro com o Sporting Cristal, que eliminou Vélez Sarsfield, Bolívar e Racing. A partida de ida foi em Lima, e o time treinado por Paulo Autuori segurou o 0 a 0 no placar. Foi o único jogo sem derrota que o Cruzeiro teve como visitante em toda a competição.

A volta foi em Belo Horizonte, e 95 mil torcedores viram no Mineirão o time de Dida, Palhinha, Ricardinho e Marcelo Ramos conseguir a vitória por 1 a 0, gol marcado por Elivélton. Mesmo com os problemas e as críticas, o Cruzeiro conquistava o bicampeonato da Libertadores.

A campanha do Cruzeiro:
14 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 6 derrotas | 15 gols marcados | 12 gols sofridos


Foto Eugênio Sávio/Placar

River Plate Campeão da Libertadores 1996

Em todos os anos terminados com seis, o River Plate tem motivos para comemorar ou para lamentar na Libertadores. E quando 1996 chegou, todos já se perguntavam se o clube faturaria o bicampeonato ou ficaria com o tri-vice. No fim das contas, o primeiro cenário foi o que se concretizou.

O River começou a campanha no grupo 5 da primeira fase, contra San Lorenzo e os venezuelanos Minervén e Caracas. E não foi difícil para dominar os fracos adversários da Venezuela: quatro vitórias, incluindo as goleadas por 4 a 1 sobre o Minervén, fora, e por 5 a 0 sobre o Caracas, em casa. Entre elas, bastou empatar duas vezes com o rival de Buenos Aires para garantir a liderança da chave, com 14 pontos. A tranquilidade deu lugar a momentos de emoção no mata-mata.

Nas oitavas de final, o time millonario perdeu a ida por 2 a 1 para o Sporting Cristal, no Peru. A desvantagem foi pulverizada na volta com a vitória por 5 a 2 no Monumental de Nuñez. Nas quartas, o River Plate voltou a encontrar com o San Lorenzo. O primeiro jogo aconteceu no Nuevo Gasómetro, na capital argentina, e os visitantes venceram por 2 a 1. Na segunda partida, em casa, o River abriu o placar mas não matou o confronto. Mas o máximo que o adversário fez foi empatar em 1 a 1, ameaçando pouco a classificação millonaria.

Na semifinal, foi a vez de enfrentar a Universidad de Chile. Na ida, em Santiago, o River Plate buscou o empate por 2 a 2 nos minutos finais. Na volta, em Buenos Aires, vitória simples por 1 a 0 garantiu a vaga na decisão.

E assim como dez anos antes, o oponente do River na final da Libertadores foi o América de Cali. Os colombianos também chegaram lá ao passarem por Minervén, Junior Barranquilla e Grêmio. A primeira partida foi disputada no Pascual Guerrero, na Colômbia. E deu América, vencendo por 1 a 0.

A  desvantagem argentina era curta, então o River Plate foi com tudo para o segundo jogo, no Monumental. Com dois gols de Hernán Crespo, o clube millonario aplicou 2 a 0, fez a síndrome do vice do pessoal de Cali falar mais alto e levou o segundo título da Libertadores.

A campanha do River Plate:
14 jogos | 8 vitórias | 4 empates | 2 derrotas | 28 gols marcados | 12 gols sofridos


Foto Arquivo/River Plate

Grêmio Campeão da Libertadores 1995

A década de 90 foi a da redenção dos brasileiros na Libertadores. Depois de títulos isolados do Santos nos anos 60, do Cruzeiro nos 70 e de Flamengo e Grêmio nos 80, o São Paulo reinaugurou a consolidação tupiniquim no continente com o bicampeonato de 1992 e 1993.

A continuidade foi dada em 1995, com o Grêmio, que buscou a reconquista depois de 12 anos. De novidade no regulamento, só a mudança de dois para três pontos atribuídos às vitórias, seguindo a tendência mundial.

A campanha gremista começou no grupo 4, contra Palmeiras e os equatorianos Emelec e El Nacional. Após a única derrota na primeira fase, quando levou 3 a 2 do Palmeiras fora de casa, na estreia, o Tricolor conseguiu três vitórias e dois empates, somou 11 pontos e classificou-se em segundo, com dois a menos que os paulistas.

Nas oitavas de final, o Grêmio encarou o Olimpia do Paraguai. A vaga foi encaminhada logo na ida, com os 3 a 0 no Defensores del Chaco. Em Porto Alegre, outra vitória, por 2 a 0, embalou a equipe rumo às quartas, onde tivemos dois históricos reencontros com o Palmeiras.

O primeiro jogo foi no Olímpico: simplesmente 5 a 0 para o Imortal, obtido depois da memorável briga entre Dinho (ajudado por Danrlei) e Válber. A segunda partida foi no Palestra Itália, num quase épico. O gol de Jardel, que abriu o placar na ocasião, tornou-se o salvador da classificação do Grêmio, porque os palmeirenses iriam virar e chegar em 5 a 1, algo inimaginável até para eles.

A semifinal marcou outro reencontro, com o Emelec. No Equador, o Tricolor segurou o 0 a 0. Em Porto Alegre, a vitória por 2 a 0 e colocou o clube gremista na terceira final de Libertadores na história.

O adversário na decisão foi o Atlético Nacional, que chegou lá eliminando Peñarol, Millonarios e River Plate. A ida foi no Olímpico, e as atuações perfeitas de Paulo Nunes e Jardel deram ao Grêmio o triunfo por 3 a 1 e uma boa vantagem. A volta foi em Medellín, no Atanasio Girardot, e o Grêmio para ser bicampeão teve que aguentar 73 minutos de pressão colombiana, pois sofreu um gol aos 12 do primeiro tempo. O empate por 1 a 1 finalmente veio aos 40 do segundo tempo, com Dinho cobrando pênalti.

A campanha do Grêmio:
14 jogos | 8 vitórias | 4 empates | 2 derrotas | 29 gols marcados | 14 gols sofridos


Foto José Doval/Agência RBS

Vélez Sarsfield Campeão da Libertadores 1994

Toda grande história de hegemonia tem um momento de apogeu e outro de declínio. Foi assim com o São Paulo dos anos 90, que em oito meses de diferença foi da euforia do bicampeonato mundial à frustração do vice na Libertadores quando buscava o tri seguido. Foi praticamente o ponto final para o exitoso grupo comandado por Telê Santana.

Por outro lado, aquele 1994 veria o surgimento de outro comandante, que viria a se tornar no maior campeão da principal competição sul-americana: Carlos Bianchi. À frente do Vélez Sarsfield, o técnico levaria o primeiro de quatro títulos naquele ano.

El Fortín começou sua campanha contra Boca Juniors, Palmeiras e Cruzeiro. Em seis jogos no grupo 2, o time venceu três e empatou dois, garantindo o primeiro lugar com oito pontos. A única derrota aconteceu na última partida, quando, já classificado, levou 4 a 1 dos palmeirenses.

Nas oitavas de final, contra o Defensor, do Uruguai, empatou por 1 a 1 em Montevidéu e por 0 a 0 em Buenos Aires. Nos pênaltis, a equipe argentina venceu por 4 a 3. Nas quartas, o adversário foi o Minervén, da Venezuela. O primeiro jogo foi na longínqua Cidade Guayana, e o Fortín voltou de lá com outro empate por 0 a 0. Na segunda partida, no José Amalfitani, os portenhos ganharam por 2 a 0.

Na semifinal, confrontos duríssimos contra o Junior Barranquilla. No primeiro, na Colômbia, derrota por 2 a 1. No segundo, na Argentina, o mesmo resultado foi devolvido, e o Vélez passou de novo nos pênaltis, por 5 a 4.

O último obstáculo azul na Libertadores era o São Paulo, que havia batido Palmeiras, Unión Española e Olimpia. O favoritismo era brasileiro, mas o clube argentino tinha o heroísmo de José Luis Chilavert. Exímio goleiro e batedor de pênalti, o paraguaio já fora personagem nas fases anteriores, com defesas importantes e duas cobranças convertidas.

Tudo o que o Vélez precisou na final. Na ida, no José Amalfitani, vitória por 1 a 0, gol marcado por Omar Asad. Na volta, no Morumbi, o São Paulo devolveu o 1 a 0. Nas penalidades, Chilavert defendeu a primeira cobrança adversária, de Palhinha, acertou a segunda da sua equipe, e o Vélez Sarsfield levou sua única Liberadores por 5 a 3.

A campanha do Vélez Sarsfield:
14 jogos | 6 vitórias | 5 empates | 3 derrotas | 15 gols marcados | 12 gols sofridos


Foto Arquivo/Vélez Sarsfield

São Paulo Campeão da Libertadores 1993

O São Paulo conquistou com autoridade a América do Sul e o mundo em 1992. Em 1993, o time treinado por Telê Santana manteve o alto nível e partiu rumo ao bicampeonato. Como era o campeão do momento na Libertadores, o o Tricolor ganhou o direito de estrear diretamente nas oitavas de final. Assim, aguardou na fase de grupos quem seria seu adversário no mata-mata.

Os times brasileiros na primeira fase foram Flamengo e Internacional. Os adversários do grupo 4 vieram da Colômbia: América de Cali e Atlético Nacional. Mas mesmo com três vagas de classificação, apenas o time carioca avançou, na liderança. O clube gaúcho não venceu nenhum dos seis jogos e ficou na última posição.

A estreia do São Paulo nas oitavas foi contra a sua vítima da final de um ano antes, o Newell's Old Boys. A ida foi em Rosario, e o time argentino surpreendeu ao fazer 2 a 0. Apesar da desvantagem relativamente grande, o Tricolor não sentiu dificuldades na volta, e a goleada de 4 a 0 colocou os paulistas nas quartas de final.

O confronto seguinte foi contra o Flamengo. A partida de ida aconteceu no Maracanã, e terminou empatada por 1 a 1. A volta foi disputada no Morumbi, e a vitória por 2 a 0 e garantiu mais uma classificação ao São Paulo. A semifinal foi contra o Cerro Porteño. O primeiro jogo foi em São Paulo, e o Tricolor largou na frente com simples 1 a 0 no placar. No Defensores del Chaco, em Assunção, o São Paulo segurou a pressão paraguaia e o placar em 0 a 0 e se classificou para a final.

A decisão foi contra a Universidad Católica, do Chile, que havia eliminado Atlético Nacional, Barcelona de Guayaquil e América de Cali . O primeiro jogo foi no Morumbi. Com atuação de gala de Raí e Müller, a goleada de 5 a 1 tornou-se na maior em um jogo de final na história, até hoje.

Com a margem de quatro gols, o São Paulo foi até o Nacional de Santiago e cumpriu o protocolo contra os chilenos, que até fizeram dois gols em 15 minutos, mas ficaram só nisto. A derrota por 2 a 0 não diminuiu a festa tricolor, bicampeão da Libertadores.

A campanha do São Paulo:
8 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 2 derrotas | 13 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Nelson Coelho/Placar

São Paulo Campeão da Libertadores 1992

O Brasil encarou um período de nove anos de seca na Libertadores. Entre 1984 e 1991, o melhor resultado foi o vice-campeonato do Grêmio em 1984. O país só voltaria ao topo da América do Sul em 1992, com o São Paulo.

O clube já fazia história desde 1991, quando foi campeão brasileiro. O time dirigido por Telê Santana entrou na Libertadores de 1992 disposto a superar a campanha de 1974, quando também foi vice. Mas a história iria muito além, com duas conquistas seguidas e dois Mundiais.

O Tricolor entrou no torneio juntamente com o Criciúma, e ambos ficaram no grupo 2, com os bolivianos San José e Bolívar. Apesar da força, o time são-paulino começou mal, perdendo por 3 a 0 para o Criciúma em Santa Catarina. Na pressão, o time foi para a altitude da Bolívia, e voltou de lá com 3 a 0 sobre o San José e 1 a 1 com o Bolívar. No returno, o São Paulo se acertou e fez 4 a 0 no Criciúma, 1 a 1 com o San José e 2 a 0 no Bolívar, as três partidas no Morumbi. A equipe se classificou em segundo, com oito pontos, um a menos que o líder catarinense.

O embalo são-paulino aumentou no mata-mata. Nas oitavas de final, eliminou o Nacional do Uruguai, com duas vitórias: 1 a 0 no Centenario e 2 a 0 no Morumbi. Nas quartas, mais uma vez o Criciúma. Na ida, 1 a 0 em São Paulo, e na volta, empate em 1 a 1 no Heriberto Hülse. Na semifinal, o adversário foi o Barcelona de Guayaquil. O primeiro jogo foi no Morumbi e o Tricolor encaminhou a situação vencendo por 3 a 0. No Equador, o time perdeu por 2 a 0, mas segurou a pressão e se garantiu na final.

A decisão foi contra o Newell's Old Boys, que havia batido o Defensor, o San Lorenzo e o América de Cali. A primeira partida foi no Gigante de Arroyito, em Rosario, e o São Paulo foi derrotado por 1 a 0. Na segunda partida, mais de 105 mil torcedores no Morumbi acompanharam o Tricolor devolver o placar mínimo, com gol de Raí no segundo tempo.

Nos pênaltis, Raí, Ivan e Cafu converteram as cobranças são-paulinas, enquanto Ronaldão perdeu a sua. Zetti defendeu três, o São Paulo venceu por 3 a 2 conquistou a primeira de três Libertadores, para explosão de alegria e invasão de campo da torcida.

A campanha do São Paulo:
14 jogos | 8 vitórias | 3 empates | 3 derrotas | 22 gols marcados | 11 gols sofridos


Foto Arquivo/Gazeta Press

Colo-Colo Campeão da Libertadores 1991

No maior deserto de títulos de argentinos e brasileiros na Libertadores até hoje (de 1987 a 1991), o Chile levou sua única conquista na edição de 1991. Com a maior torcida do país, o Colo-Colo teve o gosto de levantar a taça com uma bela campanha, de ponta a ponta.

El Cacique estrearam no grupo 2 da primeira, enfrentando o compatriota Deportes Concepción e os equatorianos LDU Quito e Barcelona de Guayaquil. Sem perder, o time conseguiu três vitórias e três empates na chave. Com nove pontos, o Colo-Colo garantiu a liderança, livrando três de LDU e Concepción.

No mata-mata, o caminho dos chilenos seguiu diante do peruano Universitario, nas oitavas de final. Na ida, em Lima, empate sem gols. Na volta, em Santiago, vitória por 2 a 1 e vaga nas quartas. Nesta fase, o clube albo enfrentou o Nacional do Uruguai. Atuando em seu Estádio Monumental, no primeiro jogo, os jogadores não tomaram conhecimento dos uruguaios, golearam por 4 a 0 e praticamente encaminharam um lugar na semifinal. Tanto que, na segunda partida, em Montevidéu, o Colo-Colo se deu ao luxo de perder por 2 a 0.

A parada mais complicada foi na semi, contra o Boca Juniors. A ida aconteceu em La Bombonera, e os argentinos venceram por 1 a 0. A pressão da volta foi grande, e o Colo-Colo conseguiu reverter a desvantagem ao vencer em Santiago por 3 a 1, com todos os gols ocorrendo no segundo tempo.

A final foi definida entre Colo-Colo e Olimpia, que partiu rumo à ela pela terceira vez seguida após eliminar o também paraguaio Colegiales, o rival Cerro Porteño e o Atlético Nacional (de novo!). Mas a busca pelo tri foi sumariamente complicadada depois da primeira partida, no Defensores del Chaco, quando o Cacique conseguiu segurar o 0 a 0 e levar tudo para o Chile.

E jogando no Monumental David Arellano, o Colo-Colo chegou ao histórico título com categóricos 3 a 0, dois gols de Luis Pérez e outro de Leonel Herrera. A grande fase com Brasil e Argentina longe da taça da Libertadores viu a derrocada do Uruguai e uma (falha) ascensão de Colômbia, Paraguai e Chile.

A campanha do Colo-Colo:
14 jogos | 7 vitórias | 5 empates | 2 derrotas | 22 gols marcados | 8 gols sofridos


Foto Arquivo/CDI Copesa