Brasil Campeão da Copa América 2004

Conforme avança a história da Copa América, é possível observar muito bem como ela correu ao longo dos anos. Recriada para acontecer de quatro em quatro anos na década de 70, foi reduzida para ser de dois em dois nos anos 80. A conta foi assim até 2001, quando a Conmebol reorganizou mais uma vez, colocando a edição seguinte três anos depois, em 2004. O plano não era torná-la trienal (porque uma hora iria se chocar com a Copa do Mundo), mas sim adaptar de maneira gradual para ser novamente quadrienal. Assim, três disputas ocorreriam nesse intervalo especial.
Jogada no Peru, a Copa América teve a sua hegemonia recuperada pelo Brasil, que poupou o time principal e levou à campo uma equipe B, quase inteira de jovens e comandada pelo meia Alex, o goleiro Júlio César, e os atacantes Luís Fabiano e Adriano. No grupo C da primeira fase, a estreia foi contra o Chile, vencendo por 1 a 0 com o gol marcado aos 45 minutos do segundo tempo. Contra a Costa Rica, goleada por 4 a 1 classificou o time antecipadamente. Na vez de enfrentar o Paraguai, porém, o time canarinho perdeu por 2 a 1, terminando a chave em segundo lugar, com seis pontos. Nas quartas de final, o Brasil se recuperou e goleou o México por 4 a 0. Na semifinal, empate por 1 a 1 com o Uruguai e vitória nos pênaltis por 5 a 3.
Eis que chega a decisão. E nela estão Brasil e Argentina, que eliminou Equador, Peru e Colômbia. A partida aconteceu no Nacional de Lima e até hoje povoa o imaginário do torcedor. Com os principais jogadores, o time argentino ficou duas à frente do placar. A primeira foi dos 20 até aos 45 do primeiro tempo, quando o zagueiro Luisão empatou pela primeira vez. E outra foi a partir dos 42 da etapa final, quando pareceu que o título seria da Argentina. Mas aos 48 minutos, Adriano recebeu a bola na entrada da área e, sem deixar ela cair no gramado, girou batendo no canto esquerdo do goleiro Roberto Abbondanzieri. O 2 a 2 levou o jogo aos pênaltis. Andrés D'Alessandro e Gabriel Heinze perderam suas cobranças, enquanto quatro brasileiros acertaram as suas. Nem precisou da quinta: por 4 a 2, o Brasil conquistou sua sétima Copa América.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 3 vitórias | 2 empates | 1 derrota | 13 gols marcados | 6 gols sofridos 


Foto Orlando Kissner/AFP/Getty Images

Colômbia Campeã da Copa América 2001

A Copa América mais conturbada da era atual. Foi assim que ficou conhecida a edição de 2001, sediada na Colômbia. A tensão política entre o governo nacional e as forças paramilitares das FARC quase inviabilizaram a competição, que chegou a ser cogitada a ser realizada no Brasil. No fim, a Conmebol confirmou o território colombiano como anfitrião, mantendo à risca o rodízio de países.
Por consequência, duas seleções desistiram da disputa, alegando falta de segurança: o convidado Canadá, que foi substituído pela Costa Rica, e a Argentina. A ausência dos hermanos foi como uma bomba, na véspera do início do torneio. Para o seu lugar entrou Honduras, que precisou convocar seus jogadores com a Copa América já em andamento, e estrear quase sem fazer treinos. A corrente de fatos com o time hondurenho tornou ainda mais vexatória a eliminação do remendado time do Brasil, que perdeu por 2 a 0 para eles nas quartas de final. A qualidade técnica baixa foi outro marco do campeonato, que basicamente viu apenas a dona da casa apresentar um bom futebol, que lhe rendeu o histórico primeiro título.
No grupo A do torneio, a Colômbia estreou fazendo 2 a 0 na Venezuela. No restante da fase, mais duas vitórias, por 1 a 0 sobre o Equador e por 2 a 0 sobre o Chile. Líder da chave com nove pontos, Los Cafeteros enfrentaram nas quartas de final o Peru, o qual derrotaram por 3 a 0. Na semifinal, foi a vez de encarar a zebra Honduras e vencer por 2 a 0.
A decisão foi entre Colômbia e México, que na fase de grupos venceu o Brasil, e no mata-mata eliminou Chile e Uruguai. A partida disputada em Bogotá, no El Campín, refletiu o que foi toda a competição até ali, de nível técnico aquém da expectativa. O time colombiano chegava com o enorme apoio da torcida, que jamais havia visto sua seleção erguer uma taça. O gol do título saiu aos 20 minutos do segundo tempo, com Iván Córdoba. Com 1 a 0 no placar da final, e nenhum gol sofrido em seis jogos, a Colômbia finalmente tinha uma Copa América para chamar de sua, a única até a atualidade.

A campanha da Colômbia:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 0 gols sofridos 


Foto José Herchel/Colprensa

Brasil Campeão da Copa América 1999

Em uma confederação com somente dez países, sempre foi mais complicado de organizar competições entre seleções, mas a Copa América nunca chegou a subverter tanto a geografia como faria em 1999. Ancorado no Paraguai, um dos dois convidados foi o já corriqueiro México, Já o outro, não foi nem Estados Unidos ou Costa Rica - os de edições anteriores -, mas o Japão. Isso mesmo que você leu, uma equipe da Ásia jogando na América do Sul. Tudo parte de um acordo que envolveu a Toyota, patrocinadora máster da Libertadores desde um ano antes. Os "penetras" não foram longe: empataram um jogo, perderam dois e se despediram ainda na fase de grupos.
A disputa pelo título ficou concentrada nos irmãos mais velhos, de sangue. Com uma equipe bem renovada, disposta a esquecer rápido o vice na Copa do Mundo de 1998, o Brasil entrou louco para levar o hexa e manter a hegemonia em seu quintal. Na estreia já veio o primeiro furacão: goleada por 7 a 0 sobre a Venezuela, lembrada até hoje devido ao golaço do então garoto de 19 anos Ronaldinho, dando um chapéu no zagueiro. Foi o primeiro dele com a camisa Canarinho, logo na sua primeira partida, entrando no segundo tempo. Na sequência, vitórias por 2 a 1 sobre o México e por 1 a 0 sobre o Chile garantiram a liderança do grupo B, com nove pontos. O adversário nas quartas de final foi a Argentina, que antes havia perdido por 3 a 0 para a Colômbia e visto seu atacante Martín Palermo perder três pênaltis neste jogo. A vitória no clássico aconteceu por 2 a 1, de virada. Na semifinal, outro triunfo sobre o México, agora por 2 a 0.
Chegada a final, o rival do Brasil foi o Uruguai, repetindo o confronto pela quarta vez nas últimas oito edições. O palco foi o Defensores del Chaco, em Assunção. Mas desta vez a dificuldade não chegou nem perto dos resultados apertados de 1983, 1989 e 1995. Com 20 minutos de partida, Rivaldo já abria o placar ao time brasileiro. Aos 27, outra vez ele mandou a bola no fundo da rede. E no primeiro minuto do segundo tempo, Ronaldo fez 3 a 0 e fechou o placar da decisão. Pela sexta vez, Brasil campeão da Copa América.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 17 gols marcados | 2 gols sofridos 


Foto Arquivo/Gazeta Press

Palmeiras Campeão da Copa do Brasil 2020

O ano de 2020 teve de tudo. Quando a pandemia de covid-19 explodiu, tudo paralisou, incluindo o futebol. No Brasil, ficamos de março a julho sem uma partida acontecer. Quando voltou, os estádios ficaram vazios. Foi nesse contexto que o Palmeiras conquistou o tetra da Copa do Brasil naquela temporada, que precisou invadir o ano de 2021. Era o início de uma era histórica para o clube alviverde, que havia conquistado a Libertadores meses antes, e levaria outros títulos mais.

O Verdão entrou na competição já nas oitavas de final, devido exatamente a disputa da Libertadores. Seu primeiro adversário foi o Bragantino, sob o prefixo e o aporte da Red Bull. No jogo de ida, vitória por 3 a 1 em Bragança Paulista. Na volta, outro triunfo por 1 a 0 no Allianz Parque garantiu a classificação. Essa partida não teria nada demais, não fosse pela estreia do técnico português Abel Ferreira, que tornou-se no pilar do Palmeiras vencedor.

Nas quartas de final, foi a vez de enfrentar o Ceará. O primeiro jogo aconteceu em São Paulo, e o alviverde venceu por 3 a 0, gols de Gustavo Scarpa, Raphael Veiga e Gabriel Veron. A segunda partida foi no Castelão, e o Palmeiras confirmou nova classificação ao empatar por 1 a 1.

A semifinal foi disputada contra o América-MG. A primeira partida foi disputada no Allianz Parque, na antevéspera do Natal, mas o Palmeiras ficou apenas no empate por 1 a 1 com os mineiros. O segundo jogo foi realizado no Independência, em Belo Horizonte, na antevéspera de Ano Novo, e o Verdão precisou vencer fora de casa, por 2 a 0, para chegar na quinta decisão de Copa do Brasil na história.

A final foi contra o Grêmio, que superou Juventude, Cuiabá e São Paulo. As disputas aconteceram dois meses depois da semi, pois a conquista da Libertadores alviverde fez com que o time fosse jogar o Mundial de Clubes, e a decisão precisou ser postergada. A ida foi na Arena do Grêmio, em fevereiro de 2021, e o Palmeiras venceu por 1 a 0, gol anotado por Gustavo Gómez. Mesmo sem torcida nas arquibancadas para apoiar, os paulistas foram amplamente superiores nas duas partidas. A volta aconteceu no Allianz Parque, já em março. E o clube alviverde voltou a vencer, por 2 a 0, gols de Wesley e Gabriel Menino. Para coroar uma temporada diferente e verde, um tetra merecido.

A campanha do Palmeiras:
8 jogos | 6 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 15 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Lucas Figueiredo/CBF

Brasil Campeão da Copa América 1997

A concorrida década de 90 foi marcada por surpresas, inícios e quedas de tabu na Copa América. Dois destes fatos aconteceram na edição de 1997, sediada na Bolívia. Houve muita reclamação por parte de várias seleções com a escolha, pois a maioria dos estádios escolhidos localizavam-se nas grandes altitudes bolivianas, como La Paz (3.637 metros), Oruro (3.702), Sucre (2.810) e Cochabamba (2.582). O ar rarefeito fez certa diferença nas eliminações do Uruguai, na primeira fase, e da Argentina, contra o Peru nas quartas de final. Acerca disto, a competição teve um novo estreante, a convidada Costa Rica.
Só um fator ficou inalterado no torneio: o favoritismo do Brasil. Atuando na única cidade ao nível do mar - Santa Cruz de la Sierra -, a seleção Canarinho estava disposta a dar um fim no incômodo de nunca ter vencido a competição fora de seu país. E sob a liderança ofensiva da dupla Ronaldo e Romário, todos "engoliram" o título do time do técnico Zagallo. No grupo C, a estreia foi com uma tranquila goleada por 5 a 0 sobre a Costa Rica. A dificuldade subiu contra o México, uma sofrida vitória de virada por 3 a 2. Com a classificação garantida, a equipe bateu a Colômbia por 2 a 0 na rodada final e encerrou na liderança, com nove pontos. Nas quartas de final, nova vitória por 2 a 0, agora sobre o Paraguai. E na semifinal, o Brasil aplicou impiedosos 7 a 0 sobre o Peru.
O adversário brasileiro na decisão foi a Bolívia, que até ali despachou Uruguai, Colômbia e México. Se a seleção tinha feito todos os jogos no "bem-ventilado" Ramón Aguilera, em Santa Cruz, agora teria de subir o morro até o Hernando Siles, em La Paz, onde os bolivianos atuaram em todas as partidas. O problema já era previsto, mas a qualidade técnica muito maior por parte do Brasil atenuou a questão da falta de fôlego. O primeiro gol demorou para sair, e foi com Denílson aos 40 minutos do primeiro tempo. Aos 45, a Bolívia empatou e conseguiu deixar o jogo amarrado. Mas os brasileiros souberam se poupar e os gols da vitória aconteceram no segundo tempo. Antes com Ronaldo, aos 34 minutos, e depois com o substituto Zé Roberto, aos 45 minutos. A vitória por 3 a 1 trouxe o penta com 100% de aproveitamento e, finalmente, a primeira taça estrangeira da Copa América para o Brasil.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 3 gols sofridos 


Foto Alexandre Battibugli/Placar

Uruguai Campeão da Copa América 1995

A edição de 1995 da Copa América consolidou muitas das novidades que o Mundial do ano anterior havia trazido, como os três pontos por vitória. Mas a competição é mais lembrada pelos resultados históricos, como os 3 a 0 dos Estados Unidos sobre a Argentina na fase de grupos e a subsequente semifinal do time norte-americano, além do empate por 2 a 2 dos argentinos com o Brasil nas quartas de final, com o gol brasileiro que levou aos pênaltis sendo marcado por Túlio após ajeitar a bola no braço. E por fim, pelo título do anfitrião Uruguai, que marcou o fim de uma era para o futebol do país.
A Celeste começou a trajetória rumo ao 14º título no grupo A. Sua estreia foi ótima, goleando a Venezuela por 4 a 1. Na segunda rodada, bateu o Paraguai por 1 a 0, gol de Enzo Francescoli. Fechando a primeira fase, o Uruguai teve de buscar o empate por 1 a 1 contra o México, que lhe deixou classificado na liderança da chave, com sete pontos. Nas quartas foi a vez de enfrentar a Bolívia, algoz nas Eliminatórias da Copa do Mundo dois anos antes. E os uruguaios conseguiram a revanche ao vencerem por 2 a 1. Na semifinal veio a Colômbia, e o embalada equipe venceu por 2 a 0, chegando mais uma vez na decisão.
A final da Copa América teria mais um encontro entre Uruguai e Brasil, o terceiro desde a reformulação em 1975. E os brasileiros eram o outro algoz da Celeste nas Eliminatórias do Mundial. Para chegar até ali, foi preciso passar por Argentina e Estados Unidos no mata-mata. Mas o Uruguai tinha toda a força da sua torcida e conhecimento de cada pedaço do gramado gelado do Estádio Centenario, em Montevidéu. A partida foi bem equilibrada, bem como todo clássico entre as duas seleções era na época. O Brasil abriu o placar com Túlio aos 30 minutos do primeiro tempo. o Uruguai não ficou abalado e empatou por 1 a 1 aos seis do segundo tempo, com gol de falta de Pablo Bengoechea. Nos pênaltis, todos os uruguaios converteram, enquanto uma cobrança brasileira parou nas mãos de Fernando Álvez. Por 5 a 3, o Uruguai era mais uma vez o (invicto) campeão, no que foi praticamente o último ato da geração de Francescoli e Bengoechea, que ali já fazia sua transição para uma entressafra que duraria até após a virada do século 20.

A campanha do Uruguai:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 4 gols sofridos 


Foto Arquivo/El País

Penarol Campeão Amazonense 2020

Com 315.966 casos 10.860 mortes por Covid-19 até 1º de março, o Amazonas conheceu seu campeão estadual. Foi o último dos 27 campeonato de um ano pesado, mas o Barezão de 2020 foi definido em favor do Penarol, clube da cidade de Itacoatiara. Aliás, houve dois torneios no Estado. O primeiro, realizado até a terceira rodada do returno, entre janeiro e março.

A pandemia do coronavírus paralisou todas as atividades e a princípio não haveria campeão, mas após idas e vindas na Justiça, foi decidido recomeçar tudo do zero, já em fevereiro de 2021 e com um regulamento de tiro curto, com os oito participantes dividindo-se em dois grupos, e os dois melhores de casa avançando ao mata-mata, tudo em turno único. No grupo A, o Penarol fez quatro pontos em três jogos: perdeu por 2 a 0 para o Manaus, empatou por 0 a 0 com o Nacional e venceu por 3 a 0 o Amazonas. Na semifinal, derrotou por 1 a 0 o São Raimundo.

A final marcou o reencontro com o Manaus, na Arena da Amazônia, e a partida terminou empatada por 1 a 1. Nos pênaltis, por 6 a 5, o Leão da Velha Serpa conquistou o terceiro título na sua história, acabando com nove anos de fila.

A campanha do Penarol:
5 jogos | 2 vitórias | 2 empates | 1 derrota | 5 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto João Normando/FAF