Benfica Campeão da Liga dos Campeões 1961

De novo com 26 equipes, a Copa dos Campeões da Europa mergulha de vez na década de 60. A sexta edição do torneio, encerrada em 1961, conheceu novos resultados, pois o Real Madrid caiu antes da final pela primeira vez e o título enfim trocou de mãos, mais para oeste. Da Espanha para Portugal, o Benfica rompeu a hegemonia e ergueu a taça inédita.

Na primeira fase, os encarnados enfrentaram o Heart of Midlothian, da Escócia. Na ida, em Edimburgo, vitória por 2 a 1. Na volta, no Estádio da Luz, triunfo por 3 a 0 confirmou a classificação. Nas oitavas de final, o adversário foi o Újpesti Dózsa, da Hungria. A primeira partida foi em Lisboa, e o Benfica goleou por 6 a 2. A vantagem permitiu que as águias até perdessem por 2 a 1 no segundo jogo, em Budapeste.

Nas quartas, foi a vez de encarar o AGF, da Dinamarca. Na ida, em casa, os encarnados ganharam por 3 a 1. Na volta, fora, goleada por 4 a 1 e mais uma vaga garantida. Na semifinal, o clube português enfrentou o Rapid Viena. Outra vez, o primeiro jogo aconteceu na Luz, e o Benfica usou novamente a força dos adeptos para vencer, desta vez por 3 a 0. Na segunda partida, na Áustria, os portugueses seguraram empate por 1 a 1 para chegar na final pela primeira vez.

O adversário do Benfica na decisão foi espanhol, mas não foi o Real Madrid. E sim o Barcelona, que derrubou o Real ainda nas oitavas de final. Antes, ela passou pelo Lierse (Bélgica), e depois, superou o Hradec Králové (Tchecoslováquia) e o Hamburgo. O jogo foi disputado no Wankdorf, na suíça Berna, com grandes doses de emoção.

As águias começaram perdendo aos 21 minutos do primeiro tempo, mas viraram de maneira relâmpago, aos 31 e 32, com José Águas e Antoni Ramallets, contra. Aos dez do segundo tempo, Mário Coluna marcou o terceiro gol, e o Barcelona ainda descontou para 3 a 2, aos 30. Este resultado permaneceu até o apito final, para a festa dos vermelhos.

A campanha do Benfica:
9 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 26 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Arquivo/Benfica

Real Madrid Campeão da Liga dos Campeões 1960

Na Copa dos Campeões da Europa que virou a década, de 1959 para 1960, o número de participantes estabilizou-se em 26. A única mudança foi a reentrada (e estreia) da Grécia e a ausência da União Soviética da competição.

No mais, tudo permaneceu igual, com um adendo importante ao fim dela: o campeão europeu debutaria como o representante da UEFA na Copa Intercontinental - ou Mundial Interclubes - contra o vencedor da inédita Libertadores (que era a Copa dos Campeões da América), criada na América do Sul.

E não havia clube melhor para ser este estreante mundialista se não o Real Madrid. Só dava o clube espanhol na Europa, e o caminho rumo à "la quinta" começou nas oitavas de final, contra o amador Jeunesse Esch, de Luxemburgo. Com duas goleadas - 7 a 0 em casa e 5 a 2 fora -, o time merengue já estava nas quartas.

O próximo adversário foi o Nice. O jogo de ida aconteceu na França, e o Real permitiu uma virada por 3 a 2 após sair vencendo por dois gols. A remontada ocorreu no Santiago Bernabéu, na vitória por 4 a 0. Os gols foram marcados por Pepillo, Francisco Gento, Alfredo Di Stéfano e Ferenc Puskás - contratado em 1959 depois de desertar da Hungria.

Na semifinal, a UEFA reservou dois confrontos contra o Barcelona. No primeiro "El Clasico" válido pelo principal torneio europeu, o Real Madrid venceu em casa por 3 a 1. E no segundo também, desta vez no Camp Nou.

A dupla Di Stéfano e Puskás se entrosou de maneira maravilhosa, e o Real chegou a mais uma final. Seu oponente foi o Eintracht Frankfurt, que eliminou Young Boys (Suíça), Wiener (Áustria) e Rangers. A partida foi no Hampden Park, em Glasgow. E o estádio escocês serviu de palco para a decisão com maior número de gols na história: dez. Di Stéfano marcou três, Puskás anotou quatro, e o Real Madrid foi penta ao golear a equipe alemã por 7 a 3.

A campanha do Real Madrid:
7 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 1 derrota | 31 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Hans-Dietrich Kaiser/Nordbild

Real Madrid Campeão da Liga dos Campeões 1959

Alguns países entraram, outros saíram. Assim foi com mais uma Copa dos Campeões da Europa, na quarta edição. O número de participantes aumentou para 26, e a primeira fase passou a contar com dez confrontos.

Seriam 12 se não fossem as desistências da Grécia - que era contra o retorno da Turquia - e do Manchester United - que foi convidado pela UEFA após sofrer a tragédia aérea em Munique em fevereiro de 1958. Mas nada disso alterou o caminho do Real Madrid, que foi rumo à "la cuarta" em 1959.

Mais uma vez iniciando já nas oitavas de final, o clube merengue estreou contra o turco Besiktas, o qual venceu na ida, no Santiago Bernabéu, por 2 a 0, e empatou na volta, em Istambul, por 1 a 1. Nas quartas, o Real enfrentou o Wiener, da Áustria. No primeiro jogo, em Viena, os espanhóis empataram por 0 a 0. No segundo, em Madrid, despacharam o adversário com goleada por 7 a 1 - quatro gols de Alfredo Di Stéfano.

Na semifinal, reservou-se o clássico madrilenho entre Real e Atlético. A primeira partida aconteceu no Santiago Bernabéu, e os merengues venceram por 2 a 1, de virada. A segunda parada foi no antigo Estádio Metropolitano, e o rival vermelho e branco fez 1 a 0. O desempate foi realizado em campo neutro, no La Romareda, em Zaragoza, e o Real voltou a ganhar por 2 a 1, de virada, classificando-se para mais uma final.

A decisão europeia foi entre Real Madrid e Reims, repetindo-se o que ocorreu na edição de abertura, em 1956. Os franceses apareceram de novo depois de baterem Ards (Irlanda do Norte), Helsingin Palloseura (Finlândia), Standard Liège e Young Boys (Suíça).

O palco agora foi o Neckarstadion, em Stuttgart, na Alemanha. E a vitória madridista foi mais tranquila, por 2 a 0. Logo no primeiro minuto de jogo, Enrique Mateos abriu o placar. Aos dois do segundo tempo, Di Stéfano fechou a conta e garantiu o tetra espanhol.

A campanha do Real Madrid:
8 jogos | 5 vitórias | 2 empates | 1 derrota | 16 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Arquivo/Real Madrid

Real Madrid Campeão da Liga dos Campeões 1958

A Copa dos Campeões da Europa parte rumo à sua terceira edição com novo aumento de participantes. Enquanto um país não conseguiu inscrever seu representante a tempo (a Turquia), outros três fizeram suas estreias. Dessa forma, o número de equipes pulou para 24 e o de confrontos da primeira fase subiu de seis para oito. O campeão Real Madrid continuou entrando diretamente nas oitavas de final.

A campanha de "la tercera" madridista começou contra o Antwerp, da Bélgica. Na ida, na Antuérpia, o Real abriu vantagem com a vitória por 2 a 1. Na volta, no Santiago Bernabéu, confirmou a classificação com uma goleada por 6 a 0.

Nas quartas de final, confronto contra o Sevilla, vice espanhol que herdou uma das vagas merengues. E eles dizimaram qualquer esperança sevillista na primeira partida, ao golearem por 8 a 0, em Madri. No segundo jogo, no antigo Estadio Nervión, o rival ainda arrancou do Real um empate por 2 a 2.

Na semifinal, o adversário foi o Vasas, da Hungria. Mais uma vez abrindo o confronto no Santiago Bernabéu, o Real Madrid fez a sua goleada mais modesta no torneio, aplicando 4 a 0 no adversário. Na partida de volta, em Budapeste, o clube húngaro faria insuficientes 2 a 0 que serviram apenas para tirar a invencibilidade espanhola.

Em mais uma final, o Real enfrentou o Milan, que havia passado por Rapid Viena, Rangers, Borussia Dortmund e Manchester United. E se a trajetória merengue tivesse começado contra uma equipe belga, ela terminaria também na Bélgica, no Estádio de Heysel, em Bruxelas.

O jogo contra os italianos foi duro, e o Real Madrid saiu perdendo aos 14 minutos do segundo tempo. O empate veio aos 29, com Alfredo Di Stéfano, e o Milan voltou a ficar na frente aos 32. Aos 34, Héctor Rial empatou de novo. Na prorrogação, o time madridista virou para 3 a 2, com o gol de Francisco Gento aos dois do segundo tempo, e conquistou o tricampeonato.

A campanha do Real Madrid:
7 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 25 gols marcados | 7 gols sofridos


Foto AFP/Getty Images

Real Madrid Campeão da Liga dos Campeões 1957

A segunda edição da Copa dos Campeões da Europa foi marcada pela expansão. Seis países a mais aderiram ao torneio, enquanto um deixou de existir (o Protetorado de Sarre, incorporado à Alemanha Ocidental). Por ter tido o campeão Real Madrid, a Espanha ficou com duas vagas: a do próprio Real na defesa do título e do Athletic Bilbao campeão nacional. E ainda, de presente, o país ganhou o direito de sediar a decisão em Madri.

Ao todo, foram 22 clubes participantes, tendo sido acrescentada uma fase preliminar antes das oitavas de final. Dono da taça, o Real Madrid entrou direto nas oitavas, pronto para agarrar a chance do bicampeonato sob os olhos do próprio torcedor.

Seu primeiro adversário foi o Rapid Viena, que impôs confrontos duríssimos. No primeiro, no Santiago Bernabéu, a equipe merengue venceu por 4 a 2. No segundo, na capital da Áustria, o Real perdeu por 3 a 1. Não havia disputa de pênaltis, e um desempate foi realizado em Madri, com vitória espanhola por 2 a 0. Nas quartas, contra o Nice, mais tranquilidade: vitórias por 3 a 0 na ida, em casa, e por 3 a 2 na volta, na França.

A semifinal foi contra o Manchester United, e mais uma vez o Real abriu o duelo em Madri, desta vez ganhando por 3 a 1. A segunda partida aconteceu no Old Trafford, e os merengues conquistaram novamente um lugar na final com empate por 2 a 2, cedido após Raymond Kopa e Héctor Rial abrirem confortável vantagem.

Podendo ser campeão no seu próprio estádio, o Santiago Bernabéu, o Real Madrid enfrentou na decisão a Fiorentina, que chegou lá ao eliminar IFK Norrköping (Suécia), Grasshopper (Suíça) e Estrela Vermelha. Superior ao (muito bom) time italiano, o Real levou o bicampeonato diante de 124 mil torcedores ao vencer por 2 a 0, gols de Alfredo Di Stéfano e Francisco "Paco" Gento aos 24 e 30 minutos do segundo tempo.

A campanha do Real Madrid:
8 jogos | 6 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 20 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Arquivo/Real Madrid

Real Madrid Campeão da Liga dos Campeões 1956

A UEFA é fundada em 1954, e logo no ano seguinte também entra no ar a Copa dos Campeões da Europa. Nas primeiras edições, o jornal francês L'Equipe (onde trabalhavam Jacques Ferran e Gabriel Hanot) auxiliou na montagem da competição, já que a entidade ainda engatinhava.

Na primeira temporada, todos os campeões nacionais europeus do momento foram convidados, mas muitos recusaram ou foram impedidos de participar, sob alegação de que o torneio era uma distração para as ligas locais. Só 16 toparam (e alguns substitutos nem campeões eram).

Quem era vencedor e bem resolvido na Espanha era o Real Madrid, liderado em campo por Alfredo Di Stéfano e Francisco Gento. No regulamento de mata-mata estabelecido pela UEFA, o clube merengue enfrentou nas oitavas de final o Servette, da Suíça. Na ida, vitória por 2 a 0 em Genebra. Na volta, 5 a 0 no Santiago Bernabéu.

Nas quartas, foi a vez de encarar o Partizan, da Iugoslávia. O primeiro jogo nesta oportunidade foi em Madrid, e o Real abriu vantagem com goleada por 4 a 0. Na segunda partida, os iugoslavos assustaram, mas só ganharam por 3 a 0 e permitiram o avanço espanhol. A semifinal foi contra o Milan, com duas disputas abertas. Na ida, 4 a 2 para o Real Madrid no Bernabéu. Na volta, os italianos fizeram 2 a 1 e não impediram os madrilenhos de irem à primeira final.

A final foi contra o Reims, time da França que eliminou AGF Aarhus (Dinamarca), Vörös Lobogó (Hungria) e Hibernian (Escócia). Desde já, a UEFA instituiu a regra do jogo único em campo neutro, escolhendo em 1956 o Parc des Princes, em Paris.

Com doses cavalares de emoção, o Real Madrid chegou ao primeiro de cinco títulos em sequência (e 13 no geral). A equipe perdia por 3 a 2 até os 21 minutos do segundo tempo. Aos 22 e 34, o Real virou para 4 a 3. Os gols foram de Di Stéfano, Héctor Rial (dois) e Marquitos.

A campanha do Real Madrid:
7 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 2 derrotas | 20 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Universal/Corbis/VCG/Getty Images

Liga dos Campeões da Europa: um preâmbulo para o maior campeonato de clubes do mundo


Europa e Brasil guardam algumas semelhanças geográficas e futebolísticas. Tirando a parte para lá dos Montes Urais, na Rússia, o velho continente e o nosso (nem tão) virtuoso país possuem quase o mesmo tamanho. E é justamente por causa dessas grandes dimensões que o futebol custou a se unir em ambos locais. Se desse lado do Atlântico o primeiro modelo de campeonato só foi surgir em 1959, do outro a primeira competição de fato europeia só nasceu quatro anos antes, em 1955.

Mas o que não faltaram foram tentativas anteriores de interligar a Europa pela bola no pé. E não, não iremos contar a egoísta "World Championship", da virada do século 19 entre os campeões da Inglaterra e da Escócia. Ou a "Challenge Cup", do finado Império Austro-Húngaro na mesma época, e que é basicamente um torneio nacional.

A primeira aposta de fato em uma competição europeia foi a Copa Mitropa, que reunia equipes da Áustria, Hungria (separadas), Itália, Tchecoslováquia, Iugoslávia e Romênia. Ela foi sucesso entre 1927 e 1939, parou por causa da Segunda Guerra Mundial e retornou sem força em 1951. Durou até 1992, mas totalmente escanteada pelo que viria em 1955.

Em 1930, o time suíço do Servette montou um campeonato com ele e outros nove campeões nacionais, nomeado Copa das Nações. O vencedor foi o húngaro Újpest, mas o torneio só durou uma única edição.

Depois da guerra, em 1949, clubes de França, Itália, Espanha e Portugal montaram, com a bênção da FIFA, a Copa Latina, que foi até 1957 e acabou exatamente por conta da competição introduzida em 1955.

Mas o que apareceu em 1955? Ela mesma, a Liga dos Campeões da Europa. Sua história começa junto com a fundação da UEFA, um ano antes. Seus criadores foram os jornalistas franceses Jacques Ferran e Gabriel Hanot, que sugeriram a ideia para a entidade a partir do que acompanharam durante a cobertura do Campeonato Sul-Americano de 1948.

Atualmente uma verdadeira liga, com 32 times na fase de grupos, a "UEFA Champions League" era muito diferente nos primórdios. A começar pelo nome: Copa do Campeões Europeus. A "European Cup" era a condução de todos os campeões nacionais dos membros da UEFA (e nada além deles) em um mata-mata espalhado pela temporada. Em seu segundo ano de existência, a entidade-mor do futebol do velho continente organizou a primeira edição.