Borussia Dortmund Campeão da Liga dos Campeões 1997

Depois de vários anos frenéticos, a Liga dos Campeões ganhou um pouco de sossego. De 1996 para 1997, nenhuma vírgula foi alterada. Nem no regulamento, na pontuação ou no número de participantes. O maior torneio da Europa manteve os traços competitivos e - por que não? -imprevisíveis.

E naquele 1997, a Champions ganhou mais um clube para a galeria dos vencedores: o Borussia Dortmund. O clube devolveu a Alemanha ao topo europeu após 14 anos com uma campanha de dar inveja. No início, o time ficou no grupo B, junto com Steaua Bucareste, Widzew Lodz (Polônia) e Atlético de Madrid. Em seis partidas disputadas, foram 13 pontos conquistados, com quatro vitórias, um empate e a classificação fácil.

A vaga foi obtida na quinta rodada, no empate por 2 a 2 com os poloneses fora de casa. Mas apesar do alto aproveitamento, o BVB não foi o líder da chave, pois perdeu no saldo de gols (8 a 6) para o adversário da Espanha. Nem mesmo os 5 a 3 sobre os romenos do Steaua na última rodada, em casa, foram capazes de alterar o quadro.

Nas quartas de final, o Borussia enfrentou o Auxerre, da França. O primeiro jogo foi em Dortmund, no Westfalenstadion, e terminou 3 a 1 para os alemães. A segunda partida aconteceu fora de casa, com vitória por 1 a 0 para os visitantes. A semifinal foi contra o Manchester United. A ida foi de novo em casa, e o BVB venceu por 1 a 0. A volta ocorreu no Old Trafford, e o time alemão repetiu o placar para conseguir um lugar inédito na final.

A decisão foi contra a Juventus, defensora do título que bateu Rapid Viena, Fenerbahçe, Rosenborg (Noruega) e Ajax. E tal qual em 1996, a partida foi realizada em território semi-neutro - no caso, o Estádio Olímpico de Munique. Categórico, o Borussia Dortmund foi campeão ao vencer por 3 a 1. Aos 29 minutos do primeiro tempo, Karl-Heinz Riedle abriu o placar. Aos 34, o mesmo Riedle ampliou. Os italianos descontaram aos 20 do segundo tempo, mas Lars Ricken fechou a conta aos 26.

A campanha do Borussia Dortmund:
11 jogos | 9 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 23 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Popperfoto/Getty Images

Juventus Campeã da Liga dos Campeões 1996

A enxuta Liga dos Campeões manteve quase tudo para 1996, a não ser por uma mudança que acompanhava o resto do mundo. A UEFA seguiu a FIFA e alterou o sistema de pontuação para as vitórias na fase de grupos de dois para três pontos.

Ao mesmo tempo, o extracampo também apresentava novidades. Em 1995, passou a valer a Lei Bosman. Em dois pontos, ela determinou que qualquer atleta com nacionalidade dentro da União Europeia não era mais considerado estrangeiro e que nenhum clube poderia mais manter o passe de jogadores sem contrato. Essa combinação facilitou muito as transferências e beneficiou àqueles com mais condições financeiras.

Os reflexos não foram imediatos. A Juventus, que levaria o bicampeonato, ainda estava com mais italiano que forasteiros no elenco. O clube ficou no grupo C, com Rangers, Steaua Bucareste e Borussia Dortmund. Em seis jogos, La Vecchia Signora venceu quatro, empatou um e somou 13 pontos. A classificação e a liderança vieram na quarta rodada, nas goleada por 4 a 0 sobre os escoceses, em Glasgow.

Nas quartas de final, a Juventus enfrentou o Real Madrid. Na ida, perdeu por 1 a 0 no Santiago Bernabéu. Na volta, venceu por 2 a 0 no Delle Alpi, em Turim. A semifinal foi contra o Nantes, da França. O primeiro jogo aconteceu na Itália, com vitória bianconeri por 2 a 0. A segunda partida foi fora de casa, com a Juve segurando a vantagem na raça: derrota por 3 a 2, de virada.

A decisão foi contra o defensor do título, o Ajax. Os holandeses superaram Ferencváros (Hungria), Grasshopper (Suíça), Borussia Dortmund e Panathinaikos. A disputa ocorreu no Estádio Olímpico de Roma, então o apoio foi maior para a Juventus. Fabrizio Ravanelli abriu o placar aos 12 minutos do primeiro tempo, mas o adversário fez 1 a 1 aos 41. A final foi aos pênaltis, onde brilhou o goleiro Angelo Peruzzi, com duas defesas. Por 4 a 2, a taça ficou na Itália.

A campanha da Juventus:
11 jogos | 6 vitórias | 2 empates | 3 derrotas | 22 gols marcados | 9 gols sofridos


Foto Shaun Botterill/Allsport/Getty Images

Ajax Campeão da Liga dos Campeões 1995

A expansão para. Na Liga dos Campeões de 1995, a UEFA reverteu algumas das mudanças das duas temporadas anteriores. A competição foi reduzida de 42 para 24 times, classificados com base no coeficiente da entidade: apenas os 23 melhores países tiveram direito a se juntar ao campeão Milan. Os outros foram movidos à Copa da UEFA.

O regulamento também mudou. Os sete melhores e os defensores de título iniciaram já na fase de grupos, enquanto os 16 restantes começaram em uma preliminar. Assim, tivemos um aumento de duas para quatro chaves, que substituíram as oitavas de final. O mata-mata abrangeu quartas, semi e a decisão.

Campeão holandês, o Ajax estava há 22 anos sem vencer o maior torneio da Europa. Com a base da seleção laranja (Danny Blind, os irmãos Frank e Ronald de Boer, Frank Rijkaard, Edgar Davids, Marc Overmars, Edwin Van der Sar, Clarence Seedorf, entre outros), o clube deu início a um tetra invicto no grupo D.

Enfrentando AEK Atenas, Casino Salzburg e Milan, o Ajax conseguiu quatro vitórias e dois empates. Contra os italianos foi um duplo 2 a 0, no Olímpico de Amsterdã e no jogo da classificação em Trieste (o San Siro estava interditado e o Milan, punido com dois pontos). Os holandeses passaram na liderança, com dez pontos.

Nas quartas de final, o Ajax encarou o Hajduk Split, da Croácia. Na ida, empatou sem gols fora. Na volta, fez 3 a 0 em casa. Na semifinal, o mesmo roteiro foi visto contra o Bayern de Munique: empate por 0 a 0 na Alemanha e goleada por 5 a 2 na Holanda.

Na final, o Ajax reencontrou o Milan. Os italianos foram vice-líderes do grupo D com cinco pontos (eram sete, mas a UEFA tirou dois por culpa da torcida, que agrediu o goleiro do Casino Salzburg), e no mata-mata eliminaram Benfica e Paris Saint-Germain. A partida aconteceu em Viena, no Estádio Ernst Happel (novo nome do Praterstadion), e foi complicada. O gol do título do Ajax só saiu aos 40 minutos do segundo tempo com Patrick Kluivert, que veio do banco de reservas.

A campanha do Ajax:
11 jogos | 7 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 18 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Arquivo/Rex Features

Milan Campeão da Liga dos Campeões 1994

A expansão continua. Em 1994, a Liga dos Campeões da Europa aumentou para 42 participantes. Entre os países estreantes, a Croácia, que conseguiu sua independência da Iugoslávia. Da ex-União Soviética, Belarus, Moldávia e Geórgia entraram com uma volta de atraso.

Mas o maior impacto foi mesmo a ausência do Olympique Marselha, defensor do título. Motivo? O clube foi suspenso por ter manipulado resultados no Campeonato Francês da temporada anterior. A conquista continental não foi cassada pela UEFA, porém a nacional foi. Não só isso, a Federação Francesa ainda rebaixou o time à segunda divisão. A vaga foi ocupada pelo Monaco, terceiro colocado (o vice PSG optou pela Recopa, para fazer valer o título da Copa da França).

Assim o caminho ficou livre para o Milan, vice dos franceses em 1993. Agora sob o comando de Fabio Capello, e com o advento dos eslavos Zvonimir Boban e Dejan Savicevic e do francês Marcel Desailly (que era do Olympique), o rossonero foi tranquilo rumo ao penta. Na primeira fase, eliminou o suíço Aarau com empate sem gols fora e vitória por 1 a 0 em casa. Nas oitavas de final, despachou o Copenhagen com triunfos por 6 a 0 na Dinamarca, e por 1 a 0 na Itália.

Na fase de grupos, o Milan ficou no grupo B ao lado de Anderlecht, Werder Bremen e Porto. A UEFA mudou o regulamento nesta parte, com mais duas vagas para os segundos lugares e a recriação da semifinal em jogo único. O rossonero avançou em primeiro com duas vitórias, quatro empates e oito pontos em seis partidas. A classificação veio no quinto jogo - 0 a 0 com os belgas no San Siro. Na semifinal, o Milan derrotou o Monaco em casa por 3 a 0.

A final foi contra o Barcelona, que bateu Dínamo Kiev, Austria Viena, Galatasaray, Spartak Moscou e Porto. No Estádio Olímpico de Atenas, o rossonero passeou e goleou os espanhóis por 4 a 0 - dois gols de Daniele Massaro e um cada de Savicevic e Desailly.

A campanha do Milan:
12 jogos | 7 vitórias | 5 empates | 0 derrotas | 21 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Alessandro Sabattini/Getty Images

Olympique Marselha Campeão da Liga dos Campeões 1993

The Champions! O verso mais cantado do hino futebolístico mais famoso é o símbolo da nova era da principal competição da Europa. Em 1993, a UEFA transformou a Copa dos Campeões em Liga dos Campeões (Champions League), e deu início a um processo de expansão que segue até a atualidade.

Na largada, e em meio aos desmembramentos geográficos, tivemos 36 participantes. Do fim da União Soviética, apareceram Rússia, Ucrânia, Lituânia, Letônia e Estônia. Da Iugoslávia, surgiu a Eslovênia - único território da região que ficou independente de modo pacífico. A parte restante, em guerra, estava suspensa. E entre outros movimentos, Israel e Ilhas Faroe foram novos filiados pela UEFA, enquanto a Alemanha enfim tornava-se uma coisa só. Dessa forma, o regulamento precisou ganhar uma fase preliminar de oito times, mas o resto continuou igual à temporada anterior.

O título acabou nas mãos do Olympique Marselha, da França - um país que nunca deu sorte nos torneios continentais de clubes. Na primeira fase, os olympiens eliminaram o Glentoran, da Irlanda do Norte, com vitórias por 5 a 0 fora e por 3 a 0 em casa. Nas oitavas, foi a vez de passar pelo Dínamo Bucareste, com empate por 0 a 0 na Romênia e vitória por 2 a 0 na França.

Na terceira fase, o Marselha ficou no grupo A, ao lado de CSKA Moscou, Club Brugge e Rangers. A equipe conquistou três vitórias, três empates e nove pontos. Na quarta rodada, os franceses enfiaram 6 a 0 sobre os russos no Vélodrome. A vaga na decisão veio na última partida, na vitória por 1 a 0 sobre os belgas fora.

O Olympique enfrentou o Milan na final. Os italianos bateram Olimpia Liubliana (Eslovênia), Slovan Bratislava, IFK Gotemburgo, Porto e PSV Eindhoven. O jogo aconteceu no Olímpico de Munique, e o inédito título francês veio na vitória simples por 1 a 0, gol marcado por Basile Boli, de cabeça, aos 43 minutos do primeiro tempo.

A campanha do Olympique Marselha:
11 jogos | 7 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 25 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Georges Gobet/AFP/Getty Images

Barcelona Campeão da Liga dos Campeões 1992

A Copa dos Campeões da Europa de 1992 foi marcada pela transição de eras e mais mudanças geográficas. Na ordem: foi a última edição com o nome original. Também foi a primeira a contar com uma fase de grupos, após as oitavas de final, em substituição às quartas e à semifinal e com o líder avançando à decisão.

A Inglaterra estava definitivamente de volta à competição. A Alemanha seguiu com dois representantes porque a ex-nação oriental estava com seu torneio em andamento quando da reunificação com os ocidentais. Outro país que acabou ali foi a União Soviética, entre as oitavas e a terceira fase. No lugar entrou a Comunidade dos Estados Independentes, que foi a bandeira provisória do Dínamo Kiev. Por fim, o Estrela Vermelha teve que defender o título fora da Iugoslávia em guerra.

É nesse contexto que aparece o Barcelona, um dos poucos entre os mais tradicionais que ainda não foi campeão do maior título continental. Treinado pelo ídolo holandês Johan Cruyff, o clube espanhol teve um início trepidante. Na primeira fase, passou pelo Hansa Rostock após vencer no Campo Nou por 3 a 0 e perder na Alemanha por 1 a 0.

Nas oitavas, eliminou o outro alemão Kaiserslautern pelo gol de visitante, depois de fazer 2 a 0 em casa e levar 3 a 1 fora, com o tento salvador de José Mari Bakero aos 45 minutos do segundo tempo.

A campanha melhorou na terceira fase. O Barça ficou no grupo B, junto com Sparta Praga, Benfica e Dínamo Kiev. Em seis jogos, os catalães venceram quatro, empataram um e somaram nove pontos. A vaga na final veio na última rodada, nos 2 a 1 sobre os portugueses no Camp Nou.

O adversário do Barcelona na decisão foi a Sampdoria, equipe italiana que eliminou Rosenborg (Noruega), Honvéd (Hungria), Panathinaikos, Anderlecht e Estrela Vermelha. A partida foi disputada no Wembley, em Londres. O clube blaugrana chegou ao título inédito (depois dos vices em 1961 e 1986) com 1 a 0 no placar, conquistado aos sete minutos do segundo tempo da prorrogação, no golaço de falta de Ronald Koeman.

A campanha do Barcelona:
11 jogos | 7 vitórias | 1 empate | 3 derrotas | 17 gols marcados | 8 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Estrela Vermelha Campeão da Liga dos Campeões 1991

O último suspiro de uma nação dividida. Esta é a frase que resume o único título da Copa dos Campeões da Europa do Estrela Vermelha, da Iugoslávia, em 1991. Menos de um mês depois da decisão (29 de maio), o país entrou na guerra civil (25 de junho) que o separa em cinco (depois sete). Um ano antes, as tensões internas ficaram escancaradas justamente durante uma batalha campal em partida do Estrela (Crvena Zvezda em sérvio) contra o hoje croata Dínamo Zagreb.

O mapa do futebol estava em mudanças tanto quanto o político. Durante o torneio europeu, as Alemanhas Ocidental e Oriental se unificaram. Dessa forma, foi a primeira vez que um país teve mais de um participante atuando sem ser o campeão. Ainda, foi a primeira temporada após a punição aos ingleses, embora o representante Liverpool estivesse com um ano adicional de gancho pela tragédia de 1985.

Assim, foram 31 times no último campeonato feito todo em mata-mata. A campanha vencedora do Estrela Vermelha começou contra o Grasshopper, com o qual empatou por 1 a 1 em Belgrado e goleou por 4 a 1 na Suíça.

Nas oitavas de final, os iugoslavos eliminaram o Rangers com 3 a 0 em casa e 1 a 1 na Escócia.
Nas quartas, foi a vez bater o Dínamo Dresden com outro 3 a 0 em Belgrado e um tapetão na agora ex-Alemanha Oriental. A UEFA suspendeu o jogo de volta - quando estava 2 a 1 para o Estrela - por causa do tumulto e da invasão de torcedores do Dresden. O time acabou excluído e o resultado concedido foi de 3 a 0 para os iugoslavos.

Na semifinal, o Estrela superou o Bayern de Munique depois de vencer por 2 a 1 fora e empatar por 2 a 2 em casa, com gols de Darko Pancev e Dejan Savicevic lá, e de Sinisa Mihajlovic e um contra cá (aos 45 minutos do segundo tempo).

A final foi contra o Olympique Marselha, que passou por Dínamo Tirana (Albânia), Lech Poznan (Polônia), Milan e Spartak Moscou. A partida aconteceu no Estádio San Nicola, na cidade de Bari, na Itália. Sem gols em 120 minutos, a disputa foi aos pênaltis. E por 5 a 3, deu Estrela Vermelha sobre os franceses. As cobranças foram de Robert Prosinecki, Dragisa Binic, Miodrag Belodedici, Mihajlovic e Pancev.

A campanha do Estrela Vermelha:
9 jogos | 5 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 19 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Imago-Images/Colorsport