França Campeã da Eurocopa 1984

A ideia de uma Eurocopa jogada com oito seleções e fases de grupos deu certo. A competição ficou com mais cara de Copa do Mundo, no que ajudou a popularizá-la como a segunda principal entre países do calendário. A edição de 1984 teve algumas pequenas e importantes modificações de regulamento, que perduram até os dias atuais: a disputa de terceiro lugar foi abandonada e a fase de grupos passaria a classificar líderes e vices para a semifinal, que voltava a acontecer após oito anos. Os vencedores da semi passam para a decisão e os perdedores voltam imediatamente para suas casas.

Quem não precisou sair do lar desde o começo foi a França. Sede do torneio, foi dispensada das eliminatórias e pôde trabalhar seu grupo com mais calma. Vindos da quarta posição no Mundial de 1982, Les Bleus atingiam o auge com a geração de Michel Platini, Jean Tigana, Manuel Amoros, Alain Giresse e Joël Bats. Um título seria questão de tempo para a seleção, e ele chegou na hora certa, diante do torcedor.

No grupo A, a estreia foi com difícil vitória por 1 a 0 sobre a Dinamarca. A dificuldade foi compensada no jogo seguinte ao golear por 5 a 0 a Bélgica. Na rodada final, a classificação foi garantida com o 3 a 2 sobre a Iugoslávia. Com seis pontos, a França liderou a chave, seguida pelos dinamarqueses.

A semifinal foi contra Portugal, em partida que vai ficar lembrada para sempre. Jogando em Marselha, o time francês cedeu empate por 1 a 1 no tempo normal e levou a virada portuguesa na prorrogação. A seis minutos do fim, Jean-François Domergue voltou a empatar, e no último minuto Platini revirou para 3 a 2, colocando a França na decisão.

Do outro lado chegava a Espanha, que antes de eliminar a Dinamarca derrubou a então campeã Alemanha Ocidental. O jogo foi no Parc des Princes, em Paris, que pela segunda vez era o palco de uma final de Eurocopa. Foi o dia da consagração de Platini. Aos 12 minutos do segundo tempo, ele bateu uma falta com perfeição para abrir o placar. Quando a torcida já celebrava, aos 45, Bruno Bellone fez 2 a 0 e garantiu, com 100% de aproveitamento, o primeiro de dois títulos europeus na história da França.

A campanha da França:
5 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 14 gols marcados | 7 gols sofridos


Foto Arquivo/FFF

Alemanha Campeã da Eurocopa 1980

Chegam os anos 80, e a Eurocopa deu mais um grande passo para o seu crescimento. Ninguém queria ficar de fora da competição, e a UEFA resolveu expandir a fase final para oito seleções, introduzindo nela uma fase de dois grupos. A semifinal foi abolida: o líder de cada chave se classificava para a final e seus vices jogavam a disputa do terceiro lugar. As eliminatórias também foram modificadas, pois elas passariam a dar sete vagas (para os vencedores dos sete grupos). Mas a mudança mais significativa foi a escolha prévia do país-sede, que não precisaria mais passar pelas prévias. A primeira honra coube à Itália, que já havia abrigado a fase final em 1968.

Mas diferentemente de 12 anos antes, a anfitriã não conseguiu o bicampeonato. O título ficou com outra força, cada vez mais acostumada ao torneio continental e que via em campo uma nova geração de craques aparecer: a Alemanha Ocidental, sob a batuta de Karl-Heinz Rummenigge, Horst Hrubesch e Klaus Allofs. No banco de reservas, entrando apenas uma vez em jogos, um jovem Lothar Matthäus já marcava presença. Nas eliminatórias, o time alemão conseguiu a vaga ao bater Turquia, País de Gales e Malta.

Dentro da Eurocopa, no grupo A, a Alemanha teve a chance de estrear contra sua carrasca de quatro anos antes: a Tchecoslováquia. E a história foi bem diferente, com vitória por 1 a 0 para iniciar a campanha. Na segunda rodada, foi a vez da bater a Holanda por 3 a 2. Com 100%, bastou empatar sem gols com a Grécia na terceira partida para a Nationalelf conseguir a liderança e o lugar na final, com cinco pontos.

A adversária da Alemanha foi a Bélgica, que na outra chave superou Itália, Inglaterra e Espanha. O favoritismo era alemão, mas a experiência ruim de 1976 fazia com que os jogadores pregassem cautela. Jogando no Olímpico de Roma, os alemães saírem na frente aos dez minutos do primeiro tempo, com Hrubesch. A partida ficou controlada até os 30 do segundo tempo, quando a pressão belga deu resultado e, de pênalti, empatou a parada. A indefinição ficou no placar até aos 43 minutos, quando Hrubesch fez 2 a 1 e colocou as coisas nos seus devidos lugares: Alemanha bicampeã da Europa.

A campanha da Alemanha:
4 jogos | 3 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 6 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Liedel Eissner/Kicker

Flamengo Campeão da Supercopa do Brasil 2021

Está inaugurada a temporada de campeões no Brasil em 2021. A primeira taça a ser entregue foi a da Supercopa do Brasil, em partida que envolve os campeões do Brasileirão e da Copa do Brasil. O torneio existiu entre 1990 e 1991, retornando em definitivo em 2020. Seus participantes neste ano foram Flamengo e Palmeiras, que protagonizaram uma ótimo jogo na calorenta manhã de 11 de abril em Brasília, no Mané Garrincha.

Com apenas dois minutinhos de bola rolando, o Palmeiras abriu o placar com Raphael Veiga. Mas o Flamengo cresceu rápido, e aos 23 minutos veio o empate, quando Gabriel aproveitou o rebote de uma finalização de Filipe Luís que havia beijado a trave direita. Perto do apito para o intervalo, aos 49 minutos, De Arrascaeta virou a partida ao chutar forte no canto direito do goleiro Weverton. Agora com a vantagem, os rubro-negros permitiram que os alviverdes melhorassem novamente.

Aos 29 do segundo tempo, o time palmeirense conseguiu um pênalti, que foi convertido por Raphael Veiga. O 2 a 2 persistiu até o encerramento do jogo, e tudo ficaria decidido em uma longa disputa de pênaltis. Foram 18 cobranças para que entrassem 11 bolas. Diego Alves defendeu três, sendo fundamental para o título flamenguista. O resultado final foi 6 a 5, com Rodrigo Caio acertando a última batida.

O Fla repete a dose de 2020 e se torna bicampeão da Supercopa. Com três participações na história, o clube já cria uma hegemonia considerável no torneio, que abriu uma temporada de início tardio, em março. Aliás, o ano futebolístico de 2021 se encontra na mesma situação do anterior: sem público nos estádios e com fortes restrições de logística e nos horários dos jogos por causa da pandemia de covid-19, que já matou mais de 350 mil pessoas no Brasil.


Foto Lucas Figueiredo/CBF

Tchecoslováquia Campeã da Eurocopa 1976

A Eurocopa já virou mania. Todos os países do Velho Continente queriam estar entre os quatro melhores. O alto interesse das seleções levou a UEFA a tomar uma atitude de longo prazo: a edição de 1976 seria a última a contar com só quatro times na fase final. Para 1980 a programação passaria a ter oito equipes, sendo uma a sede pré-definida. Mas ainda faltavam quatro anos para esse avanço.

A última disputa dos anos 70 teve uma surpresa levando o título. Foi a Tchecoslováquia, jamais campeã e que só havia chegado nas cabeças em sua estreia, 16 anos antes. Fora da Copa do Mundo em 1974 e vice-lanterna em 1970, a seleção do Leste Europeu não era a principal aposta dos torcedores. Mas o quadro começou a ser revertido nas eliminatórias. No grupo 1, superou por poucos pontos Inglaterra e Portugal. Foram nove pontos contra oito dos ingleses e sete dos portugueses. Ainda teve na chave o zerado Chipre.

Embalados, os tchecos eliminaram nas quartas de final a União Soviética, vencendo por 2 a 0 a ida em Bratislava e empatando por 2 a 2 a volta em Kiev. Além da Tchecoslováquia, classificaram-se para a Eurocopa a Iugoslávia - escolhida como anfitriã -, Alemanha Ocidental e Holanda. Na semifinal em Zagreb, o time tcheco bateu o holandês por 3 a 1, na prorrogação.

A Alemanha foi a adversária na final, jogada no Estádio Red Star, em Belgrado. Com o respeito de todos adquirido, a Tchecoslováquia abriu dois gols de vantagem, com Ján Svehlík aos oito minutos do primeiro tempo, e com Karol Dobias aos 25. Mas os alemães buscaram o empate, descontado aos logo aos 28 e marcando outro aos 44 do segundo tempo. A prorrogação seguiu em 2 a 2, e a decisão ficou para os pênaltis, critério de desempate que ali estreava.

Até a quarta cobrança tcheca, todos converteram. Uli Hoeness errou o penúltimo pênalti da Alemanha, deixando o caminho livre à Tchecoslováquia. Antonín Panenka foi o responsável por fazer 5 a 3, dando o título histórico aos tchecos com uma cobrança nunca antes vista. Ele chutou a bola com pouca força, levantando ela em gancho no meio do gol, enganando o goleiro. A batida foi tão inédita que ficou apelidada com o seu sobrenome. No Brasil, ela ganhou outro nome: "cavadinha".

A campanha da Tchecoslováquia:
2 jogos | 1 vitória | 1 empate | 0 derrotas | 5 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/CFA

Alemanha Campeã da Eurocopa 1972

Os anos 70 começam, e o futebol presencia o surgimento de uma história duradoura nas competições de seleções, que é a da Alemanha com a Eurocopa. O mapa-múndi era diferente naquela época, e o país era dividido em dois: Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental. Os melhores clubes e jogadores estavam na sua maioria localizados no lado capitalista, e foram eles quem assumiram o protagonismo na competição continental, em natural continuidade aos grandes trabalhos que já eram vistos nas Copas do Mundo.

Fora das duas primeiras edições, o time alemão estreou em Eurocopas somente na terceira, mas não chegou na fase final. Só na disputa de 1972 que a Alemanha conseguiria passar para as decisões. Nas eliminatórias, liderou o grupo 8 com boa folga. Enfrentando Polônia, Turquia e Albânia, venceu quatro jogos e empatou dois, somou dez pontos e obteve a vaga nas quartas de final.

Nesta etapa, o adversário foi a Inglaterra. Na ida em Londres, no antigo Wembley, vitória categórica dos alemães por 3 a 1, vingando-se em definitivo da derrota na final do Mundial seis anos antes. A volta foi em Berlim Ocidental, no Olímpico, e o empate por 0 a 0 garantiu a Nationalelf nas decisões, que ficaram sediadas na Bélgica. A semifinal foi justamente contra a dona da casa, na Antuérpia. Só que a força da torcida local no Bosuilstadion não compensou em campo, e a Alemanha foi à final ao vencer por 2 a 1.

Na decisão em Bruxelas, o time alemão encarou a União Soviética, única seleção com 100% de presença nas fases finais de Eurocopa. Mas a Alemanha aparecia com uma geração de atletas no auge, capitaneada por Franz Beckenbauer. A partida foi no Estádio de Heysel, e com quase nenhuma dificuldade os germânicos aplicaram 3 a 0 nos russos. Gerd Müller abriu o placar aos 27 minutos do primeiro tempo. Aos sete do segundo tempo, Herbert Wimmer ampliou. E aos 13, Müller fechou a conta, dando o primeiro de três títulos europeus à Alemanha. Não apenas isso: a partir da edição de 1972, a seleção alemã não deixou de participar nenhuma vez, emendando 13 participações até a disputa atrasada de 2020.

A campanha da Alemanha:
2 jogos | 2 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 5 gols marcados | 1 gol sofrido


Foto Arquivo/DFB

Itália Campeã da Eurocopa 1968

A Eurocopa encerrou a década de 60 em franca ascensão. O número de inscritos para as eliminatórias subiu de 29 para 31 (de 32 filiados). E finalmente a Alemanha Ocidental entrou na disputa, embora não tenha avançado rumo à fase final. A edição de 1968 foi muito mais movimentada que as duas anteriores, já que a UEFA resolveu mexer no regulamento das qualificatórias. Foi introduzida uma fase de oito grupos antes do mata-mata, que ficaria resumido às quartas de final, com o líder de cada chave.

Ausente em 1960 e eliminada nas oitavas de final em 1964, a Itália passava por um momento turbulento. Na Copa do Mundo de 1966, a equipe passou pelo seu maior vexame, que foi perder para a Coreia do Norte e se despedir ainda na fase de grupos. Tudo o que a Azurra queria era retomar os bons tempos futebolísticos de três décadas antes, e o melhor caminho era a Eurocopa. Sua trajetória começou no grupo 6 das eliminatórias, enfrentando Romênia, Suíça e Chipre. Nas seis partidas que fez, venceu cinco e empatou uma, avançando com 11 pontos.

Nas quartas de final, a Itália ficou encarregada de enfrentar a Bulgária. Foram dois confrontos muito difíceis. No primeiro, em Sofia, derrota por 3 a 2. No segundo, em Nápoles, a Azzurra fez os 2 a 0 suficientes para reverter a desvantagem e chegar na fase final. E como isso não bastasse, o país ainda ficou encarregado de ser o anfitrião dos jogos restantes. Na semifinal, também no San Paolo de Nápoles, o time ficou no 0 a 0 com a União Soviética. Como foi o desempate? No cara ou coroa, já que a disputa de pênaltis só viraria regra a partir de 1976 e a partida extra só valia na decisão.

O título europeu foi decidido entre Itália e Iugoslávia, que chegou ali derrotando a Inglaterra. No Olímpico de Roma, a Azzurra novamente passou maus bocados, saindo atrás no placar durante o segundo tempo e só empatando a dez minutos do fim, com Angelo Domenghini. O 1 a 1 levou a final para o jogo-desempate, dois dias depois e no mesmo estádio. E no replay os italianos trataram de evitar qualquer dor de cabeça: Luigi Riva abriu o placar aos 12 do primeiro tempo e Pietro Anastasi fez 2 a 0 aos 31, levando a Itália à sua única conquista continental na história.

A campanha da Itália:
3 jogos | 1 vitória | 2 empates | 0 derrotas | 3 gols marcados | 1 gol sofrido


Foto Arquivo/FIGC

Espanha Campeã da Eurocopa 1964

Foi bem-sucedido o começo da Eurocopa, apesar de a adesão de seleções nas eliminatórias em 1960 não tenha sido completa, inclusive com notáveis ausências, como as de Alemanha Ocidental, Itália e Inglaterra. O cenário mudou para 1964, e o número de participantes aumentou de 17 para 29, embora os alemães do lado oeste do muro ainda estivessem de fora. Todas as outras grandes estavam ali, tentando recuperar o tempo perdido.

E se quatro anos antes a Espanha havia ficado de fora da fase final apenas porque se recusou a desembarcar na União Soviética, agora não só ela seria a dona da casa nas partidas decisivas como também derrotaria a própria detentora do título na disputa derradeira. Mas antes, precisou bater alguns adversários durante os anos de 1962 e 1963. Na primeira eliminatória, passou pela Romênia com vitória por 6 a 0 em casa e derrota por 3 a 1 fora.

Nas oitavas de final, sofreu um bocado mas passou pela Irlanda do Norte ao empatar por 1 a 1 em casa e vencer por 1 a 0 fora. Nas quartas, não teve problemas para derrubar a Irlanda ao golear por 5 a 1 em casa e por 2 a 0 fora. A Fúria chegou na semifinal ao lado de Hungria, Dinamarca e União Soviética, e acabou escolhida como sede, com jogos em Madrid e em Barcelona. Na semifinal, o time espanhol venceu o húngaro por 2 a 1 na prorrogação, gols de Jesús Pereda e Amancio. Do outro lado, os soviéticos fizeram 3 a 0 nos dinamarqueses.

Espanha e União Soviética faziam na segunda decisão de Eurocopa um confronto que não aconteceu nas eliminatórias de 1960. O general Francisco Franco não era simpático ao colega Josef Stalin e os dois regimes de governo não se entendiam. Isso motinou a proibição da Fúria ao comparecimento em território russo. Mas para 1964 a UEFA chegou em acordo com Franco, que permitiu que os soviéticos jogassem em solo ibérico.

E a final aconteceu no Santiago Bernabéu, em Madrid. Gols, só no começo e no fim da partida. Pereda abriu o placar aos seis minutos do primeiro tempo e os soviéticos empataram aos oito. O 2 a 1 que valeu a primeira de três Eurocopas à Espanha veio aos 39 do segundo tempo, através do atacante Marcelino.

A campanha da Espanha:
2 jogos | 2 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 4 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/RFEF