Poucos clubes de futebol no mundo dominam tão bem a arte de vencer copas, sejam elas nacionais ou internacionais. E, quando falamos em times copeiros, a Argentina logo vem à mente de todos os estudiosos do assunto. Em 1984, o Independiente era o maior expoente dessa categoria, hexacampeão da América do Sul, com quatro títulos consecutivos (1972–1975). No entanto, quando se tratava do Mundial, não conseguia traduzir sua força, tendo conquistado apenas o título de 1973.
A campanha do sétimo título da Libertadores do time de Avellaneda contou com grandes vitórias sobre adversários fortes. Antes da final, o clube superou Olimpia, Estudiantes, Nacional-URU e Universidad Católica. Na decisão, foi a vez de derrubar o então campeão Grêmio, vencendo fora de casa por 1 a 0 e empatando em casa por 0 a 0.
Ao mesmo tempo, o Liverpool seguia construindo sua identidade na Europa ao vencer pela quarta vez a Copa dos Campeões. O time inglês eliminou Athletic Bilbao, Benfica e Dínamo Bucareste antes de conquistar o tetracampeonato contra a Roma: empate por 1 a 1 e vitória nos pênaltis por 4 a 2.
O time de Kenny Dalglish e Ian Rush partia para sua segunda participação na Copa Intercontinental, enquanto a equipe de Ricardo Bochini e Jorge Burruchaga rumava para a sexta. A diferença entre títulos e presenças se explicava pela caótica década de 1970, quando o Liverpool desistiu de disputar em 1977 e 1978, e o Independiente ficou impedido de jogar em 1975.
O Estádio Nacional de Tóquio recebeu portenhos e britânicos no dia 9 de dezembro. Depois de duas edições disputadas sob tempo fechado, a de 1984 foi jogada sob o sol, que amenizou um pouco o sempre rigoroso inverno japonês. A partida foi um pouco mais truncada que o habitual, mas nada que descambasse para a violência. O Liverpool começou tendo mais controle, porém sem criar chances claras, e o Independiente preferiu se postar na defesa, esperando pelos contra-ataques, consciente de seus limites.
A tática do Rojo funcionou, e cedo. Aos seis minutos de jogo, Burruchaga dividiu a bola no meio-campo e ela caiu nos pés de Claudio Marangoni, que lançou José Percudani. O atacante saiu de trás da zaga inglesa, ficou cara a cara com Grobbelaar e tocou por cima do goleiro.
Após o gol, o técnico José Pastoriza orientou os argentinos a segurarem o jogo, entregando de vez a posse ao Liverpool. Os 84 minutos seguintes foram longos, mas o time inglês não teve forças para superar a defesa hermana. Assim, o 1 a 0 manteve-se até o apito final, e o Independiente conquistou seu segundo título mundial. Foi o último grande ato de um verdadeiro rei de copas, que se recolheria à história nas décadas seguintes.