Jogos Olímpicos: uma história de (muito mais que) 120 verões


"Mais rápido, mais alto, mais forte". Tudo começou antes mesmo do nascimento de Cristo, na Grécia antiga. Competições atléticas eram disputadas regularmente a cada quatro anos, entre os séculos 8º a.C. e 5º d.C., em honra aos deuses. A tradição milenar não resistiu ao avanço do poder dos romanos, que eliminaram e destruíram toda e qualquer referência ao que eles chamavam de "práticas e cultos pagãos". O que ficou em pé o tempo tratou de esconder por mais de centenas de anos.

O local onde ficava Olímpia foi descoberto em meados do século 18 (por volta de 1766), com sua exploração sendo feita por arqueólogos franceses, britânicos e alemães a partir do século 19 (a partir de 1829). E desde esta época houve o desejo de se reviver as Olimpíadas, com festivais surgindo na França e na Grã-Bretanha, além da própria Grécia entre 1796 e 1862. Os mais famosos deste período foram os britânicos, realizados nas cidades de Wenlock e Liverpool, com organizações distintas.

E foi da união das ideias destes dois jogos que as Olimpíadas renasceram de fato. O Barão francês Pierre de Coubertin se inspirou em criar o Comitê Olímpico Internacional após assistir ao evento de Wenlock em 1890. De Liverpool veio o regramento montado em 1865 pela Associação Nacional Olímpica, cujos artigos serviram de base para a futura Carta Olímpica, que é o guia para a organização dos Jogos modernos e o comando do Movimento Olímpico atual.

O COI foi fundado em 1894, em Paris. No seu primeiro congresso, ficou definido que o retorno das Olimpíadas aconteceria dois anos depois, em Atenas, e que cada edição seria disputada da mesma forma como na Antiguidade: a cada quatro verões e com atletas amadores. A diferença é que o mundo do fim do século 19 era outro, e Coubertin estabeleceu que os Jogos teriam de ter rotatividade internacional. Foi nesta reunião que também foi cunhada a frase "Citius, Altius, Fortius", pelo padre Henri Didon, amigo de Coubertin. Ela se tornaria no Lema Olímpico a partir de 1924.

A primeira Olimpíada da era moderna foi aberta no dia 6 de abril de 1896, na capital grega. Com nove modalidades, foi um sucesso entre atletas e público. Mas entre as quase dez disputas no programa, nenhuma era o futebol. Crescente na Europa na virada para o século 20, o esporte bretão entrou para o calendário em 1900, em Paris. Como modalidade de exibição (sem a entrega de medalhas) e com presenças de clubes ao invés de seleções nacionais, a primeira edição foi vencida pelos britânicos do Upton Park, batendo os franceses da USFSA e os belgas da Université de Bruxelles.

Em 1904, em Saint Louis, os canadenses do Galt superaram os norte-americanos do Christian Brothers College e do St. Rose Parish. Esta segunda jornada também foi considerada de exibição na época. Somente décadas mais tarde que o COI oficializou as duas demonstrações e outorgou medalhas retroativas aos ganhadores. Medalhas estas que só viraram tradição nas Olimpíadas nesta mesma terceira edição: em Atenas, campeões recebiam prata e vices ficavam com bronze. Em Paris, os vencedores ganhavam um troféu. Ouro antes de prata e bronze, só a partir dos Jogos no sul dos Estados Unidos.

Voltando ao futebol... a competição ganhou ares importantes quando a Olimpíada foi abrigada pela terra onde o esporte nasceu: Londres, em 1908. De lá para cá foram 24 disputas, com duas pausas devido à guerra, uma devido a incertezas, além de várias mudanças no chamamento dos jogadores. É a partir daqui a história vai começar, seguindo o que de mais importante aconteceu no evento principal. Evento esse que reúne o mundo esportivo independentemente da situação, capaz de superar até mesmo duas lutas armadas e duas pandemias.

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