Bahia Campeão Baiano 1970

O Campeonato Baiano é um caso de estadual que é dominado por apenas dois clubes, mas que tem o maior vencedor a dezenas de taças de distância para o segundo colocado. No caso, o clube que leva em seu nome o do próprio estado, o Bahia. Fundado em 1931, o Tricolor de Aço ascendeu ao posto de maior campeão já na década de 1940. Em 1970, o clube chegou na 22ª conquista.

O Baianão daquele ano tinha tudo para ser tranquilo, mas o final foi confuso. O regulamento reuniu 16 times em grupo único e dois turnos, com o ganhador de cada turno classificado à decisão. O Bahia estava sem ganhar desde 1967, vendo as taças de 1968 e 1969 irem para Galícia e Fluminense de Feira, respectivamente. Junto com o Vitória, eles eram de início os maiores obstáculos do Tricolor.

O Bahia iniciou o primeiro turno com triunfos por 1 a 0 sobre o Feira e por 3 a 1 sobre o Ypiranga, no Campo da Graça, em Salvador. Nas 13 partidas restantes, o Tricolor teve mais sete triunfos, cinco empates e uma derrota, conquistando o primeiro lugar e vaga na final com 23 pontos, um a mais que o vice Jequié. A confirmação veio na última rodada, no empate por 1 a 1 com o Monte Líbano.

No segundo turno, o Bahia foi atrás do título em definitivo, mas em seu caminho cruzou o Itabuna. O clube do interior surpreendeu a todos e foi vencedor do segundo turno com 24 pontos. Com 10 triunfos, três empates e duas derrotas, o Tricolor somou 23 pontos e ficou em segundo. Contudo, o clube entrou na justiça pedindo os dois pontos da partida contra o próprio Itabuna, que ficou empatada por 1 a 1.

A história extracampo não deu em nada. Itabuna e Bahia já haviam feito suas 15 partidas e estavam na final estadual. Tanto que os clubes que ainda tinham jogos a fazer no returno pediram à Federação Bahiana o cancelamento dos mesmos. Contudo (de novo), outro problema apareceu, a disputa do Campeonato Brasileiro por parte do Bahia, que fez com que a decisão fosse adiada em três meses.

Assim, Bahia e Itabuna, que deveriam ter feito a final em setembro, só atuaram em dezembro, em melhor de três jogos no Campo da Graça. Vindo de atividade no Brasileiro, o Bahia faturou o título estadual com facilidade e dispensando a necessidade do terceiro jogo, com triunfos por 3 a 0 e por 6 a 0 em cima de um adversário que estava parado, com diretoria nova e elenco remontado às pressas.

A campanha do Bahia:
32 jogos | 21 triunfos | 8 empates | 3 derrotas | 63 gols marcados | 18 gols sofridos


Foto Arquivo/Manchete Esportiva

Athletico-PR Campeão Paranaense 1970

O Campeonato Paranaense é dividido majoritariamente entre duas forças, Athletico e Coritiba. Ainda assim, houve épocas em que outros clubes apareceram, como Londrina, Paraná e seus ancestrais que mudaram de nome ou se fundiram (Britânia, Ferroviário, Pinheiros e Colorado).

Também resultado de uma fusão, entre América e Internacional, o Athletico surgiu em 1924 e logo em seguida venceu seu primeiro estadual, em 1925. Os títulos foram frequentes até 1949, quando o time entrou em uma fila que durou nove anos, até 1958. Depois, o jejum seria ainda maior, de 12 temporadas, até 1970, quando foi campeão pela 11ª vez. Mas esta também foi uma conquista esporádica.

O Paranaense de 1970 foi composto por 14 times. Na primeira fase, eles se enfrentaram em turno e returno, mas com a classificação dividida em dois grupos. Os três melhores de cada chave passaram à fase final, um hexagonal também em disputado dois turnos e que apontou o campeão. O Furacão compôs o grupo B e teve como adversários de tabela Grêmio Maringá, Seleto de Paranaguá, Ferroviário de Curitiba, Paranavaí, Operário de Ponta Grossa e Cianorte.

Nas 26 partidas que fez na primeira fase, o Athletico conseguiu 12 vitórias, sete empates e sete derrotas, que lhe confirmou a classificação em segundo lugar da chave e com a quarta campanha no geral. Com 31 pontos, o Furacão marcou três a menos que o líder Grêmio Maringá e um a mais que o terceiro colocado Seleto. Essas equipes juntaram-se à Coritiba, Grêmio Oeste de Guarapuava e União Bandeirante no hexagonal decisivo.

Não dava para errar na fase final. O Athletico estreou com empate por 0 a 0 com o Grêmio Oeste fora de casa. A primeira vitória veio em Curitiba, por 1 a 0 sobre o Grêmio Maringá. Nos sete jogos seguintes, o time venceu mais quarto, empatou mais dois e perdeu um. Com 14 pontos até a penúltima rodada, o clube era líder com um de vantagem sobre o rival Coritiba. Ou seja, era só vencer o Seleto na última partida para confirmar o título. Mas o Furacão foi além e comemorou goleada por 4 a 1 sobre o adversário no Estádio Orlando Mattos, em Paranaguá, litoral paranaense.

A campanha do Athletico-PR:
36 jogos | 18 vitórias | 10 empates | 8 derrotas | 61 gols marcados | 37 gols sofridos


Foto Sérgio Sade/Athletico-PR

Argentina Campeã da Copa América 2024

Um novo caminho pode ter começado na Copa América de 2024. A começar pelo alinhamento da competição aos anos pares, algo que era para ter acontecido em 2020, mas que a Conmebol adiou a edição daquele ano para 2021, devido a pandemia de covid-19. Por fim, o aumento para 16 seleções, repetindo a fórmula adotada na disputa do centenário, em 2016, com as dez equipes sul-americanas e seis convidadas.

A Conmebol escolheu os Estados Unidos como anfitrião para a edição de 2024. Inicialmente, acreditava-se que seria seguido o velho rodízio de países-sede iniciado em 1987, que zerou o primeiro ciclo em 2007 e abriu o segundo em 2011. Seria a vez do Equador, mas o país recusou a organização. Então, a entidade aproveitou a oportunidade para refazer a parceria com a Concacaf, que usou sua Liga das Nações para classificar os seis times a mais do regulamento: Estados Unidos, México, Jamaica, Panamá, Costa Rica e Canadá (estreante).

Foi nos gramados reduzidos da NFL que a Argentina chegou ao 16º título sul-americano, o segundo consecutivo e oito anos depois do traumático vice no mesmo território. Em outro contexto, foi uma conquista que coroou de vez a trajetória de Ángel Di María com a camisa azul e branca. As seleções que disputaram o torneio foram divididas em quatro grupos na primeira fase. La Albiceleste ficou no grupo A, contra Canadá, Chile e Peru. Na estreia, venceu os canadenses por 2 a 0. Depois, bateu os chilenos por 1 a 0 e os peruanos pelo mesmo placar. Com nove pontos, os argentinos passaram em primeiro na chave.

O adversário da Argentina nas quartas de final foi o Equador. Lisandro Martínez abriu o placar albiceleste no primeiro tempo, mas os equatorianos buscaram o empate por 1 a 1 nos acréscimos da  segunda etapa e levaram aos pênaltis. Nas cobranças, Emiliano Martínez defendeu duas e os argentinos venceram por 4 a 2. Na semifinal, foi a vez de reencontrar o Canadá e vencer novamente por 2 a 0, gols de Julián Álvarez e Lionel Messi.

A final foi entre Argentina e Colômbia, que eliminou Costa Rica, Paraguai, Panamá e Uruguai. A partida foi realizada no Estádio Hard Rock, em Miami. Em uma partida complicada, o La Albiceleste só foi conseguir a vitória após mais de 100 minutos de futebol. E sem Messi em campo, saído com lesão no tornozelo durante o segundo tempo normal. Aos sete minutos do segunda etapa da prorrogação, o artilheiro Lautaro Martínez, vindo do banco de reservas, fez 1 a 0 e confirmou o título argentino. 

A campanha da Argentina:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 9 gols marcados | 1 gols sofridos


Foto Omar Vega/Getty Images

Espanha Campeã da Eurocopa 2024

O principal campeonato de seleções depois da Copa do Mundo, a Eurocopa, teve mais uma edição em 2024, três anos depois da disputa adiada de 2020/2021. Esse foi o menor tempo de espera entre um torneio e outro, pois o normal é aguardar quatro temporadas. Normal também é o uso de um ou dois países-sede, e não 11 como aconteceu na última vez. Nesta oportunidade, a UEFA optou por colocar a competição inteiramente na Alemanha. 

Em solo alemão, foi vista uma Eurocopa que começou com jogos abertos e de muitos gols, ficou amarrada e econômica na metade, e terminou com viradas e fortes emoções. O título ficou nas mãos da Espanha, que repetiu 1964, 2008 e 2012 e chegou ao tetra do campeonato, sendo a equipe de melhor futebol apresentado. No grupo B da primeira fase, iniciou a campanha vencendo a Croácia por 3 a 0. Na segunda rodada, derrotou a Itália por 1 a 0. Por fim, os espanhóis fizeram 1 a 0 na Albânia e encerraram a etapa no primeiro lugar da chave, com nove pontos.

La Roja chegou para as oitavas de final para enfrentar a Geórgia. De virada, venceu por 4 a 1. Depois, encarou a Alemanha nas quartas. Na prorrogação, a equipe passou pela anfitriã do torneio ao vencer por 2 a 1. Na semifinal, foi a vez de eliminar a França com os mesmos 2 a 1, de virada, com gols marcados por Lamine Yamal, de apenas 17 anos, e Dani Olmo.

Na decisão, a Espanha enfrentou a Inglaterra. Para chegar lá, os ingleses superaram Sérvia, Eslováquia, Suíça e Holanda. O estádio que recebeu a partida foi o Olímpico de Berlim, na capital alemã. Mais de 70 mil torcedores assistiram à final. No primeiro tempo, os espanhóis foram ao ataque e os ingleses atuaram esperando um erro adversário, mas nada aconteceu.

Os gols só surgiram no segundo tempo. Aos dois minutos, Nico Williams abriu o placar para La Roja. Os ingleses até empataram o jogo aos 28, mas os espanhóis tinham mais time e mais vontade de vencer. Aos 43 minutos, Mikel Oyarzabal saiu do banco de reservas para fazer 2 a 1 e confirmar um tetracampeonato único na história da Eurocopa. Afinal, a Espanha desempatou o ranking de títulos com a Alemanha e se tornou a maior vencedora de todos os tempos na Europa, com 100% de aproveitamento.

A campanha da Espanha:
7 jogos | 7 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 15 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Stu Forster/Getty Images

Atlético-MG Campeão Mineiro 1970

O Campeonato Mineiro é dos principais do Brasil, que tem em seu domínio duas grandes forças, tanto em campo quanto na arquibancada, Atlético e Cruzeiro. De vem em quando, surge um terceiro time para beliscar algumas taças, o América. Mas, pelo menos desde a década de 1930, a hegemonia majoritária fica entre atleticanos e cruzeirenses.

Em 1970, esse domínio maior dos dois principais clubes de Belo Horizonte bateu cerca de 35 anos, após o último título de um tetra do Villa Nova, em 1935, e a sequência inigualável de dez conquistas do América, entre 1916 e 1925. Porém, ao mesmo tempo já faziam cinco temporadas que só dava Cruzeiro, penta entre 1963 e 1969. O Atlético queria acabar com a sequência de uma vez por todas, e conseguiu.

O estadual de Minas Gerais em 1970 teve a participação de 28 times, em duas fases diferentes. Na primeira, 24 equipes atuaram divididas em três grupos e dois turnos, de onde se classificaram os oito melhores. Na fase seguinte, esses clubes juntaram-se a América, Atlético, Cruzeiro e Villa Nova e jogaram mais dois turnos. Ao fim de 22 rodadas, o primeiro colocado foi declarado campeão.

Da primeira fase, avançaram Uberlândia, Fluminense de Araguari, Valeriodoce, Sport Juiz de Fora, Tupi, Flamengo de Varginha e Atlético de Três Corações. A campanha do título do Atlético teve início contra o Valeriodoce, com vitória por 3 a 2 no Mineirão. A sequência seguiu com mais 16 triunfos e apenas uma derrota até a 18ª rodada. O Galo estava em primeiro com 34 pontos, contra 27 do vice Cruzeiro.

Na 19ª rodada, o Atlético entrou apenas dependendo de si para ser campeão antecipadamente e pela 23ª vez. Bastava vencer o Atlético de Três Corações, sem importar o placar do rival. Jogando no Mineirão, o Galo se impôs diante do xará do interior e venceu por 2 a 0, chegando a 36 pontos e ficando inalcançável para o Cruzeiro, que ainda assim venceu o Tupi por 1 a 0. Nas três partidas finais, ainda teve mais duas vitórias e um empate, que fizeram o Atlético encerrar o estadual com 41 pontos.

A campanha do Atlético-MG:
22 jogos | 20 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 51 gols marcados | 12 gols sofridos


Foto Arquivo/Atlético-MG

Internacional Campeão Gaúcho 1970

Depois de oito anos, o Internacional enfim havia voltado a ser campeão estadual, em 1969. O título, juntamente com a inauguração do Beira-Rio, deu início a uma era de dominação do clube gaúcho. Em 1970, veio o bicampeonato. Era apenas o começo de uma década histórica.

O Gauchão de 1970 teve a participação de 18 clubes, em um regulamento quase parecido com o da temporada anterior. Na primeira fase, as equipes ficaram divididas em dois grupos de nove, com enfrentamentos em dois turnos. A diferença é que se classificaram cinco times por chave ao invés das quatro de 1969. A fase final foi composta por dez times, que disputaram o título em mais dois turnos.

O Colorado ficou no grupo B da primeira fase, também chamado de chave sul. Em 16 jogos, o time venceu 12, empatou dois e perdeu dois, se classificando na liderança com 26 pontos. As outras vagas ficaram com Novo Hamburgo, Cruzeiro de Porto Alegre, Pelotas e Santa Cruz. Brasil de Pelotas, Aimoré, Guarany de Bagé e Farroupilha caíram fora.

No decagonal final, o Internacional e os demais classificados juntaram-se a Grêmio, Flamengo de Caxias, Inter de Santa Maria, Esportivo e 14 de Julho de Passo Fundo. Foram mais 18 rodadas para a definição do título. O Colorado deu início à fase com vitória por 1 a 0 sobre o Novo Hamburgo no Beira-Rio. A sequência prosseguiu com o time sem perder, com mais 12 vitórias e quatro empates.

Ao final da penúltima rodada, Inter e Grêmio eram os únicos ainda com chances de vencer, como quase sempre acontecia. Os colorados tinham 30 pontos e os gremistas tinham 28. Ou seja, um empate já era suficiente para o Internacional levar a 18ª taça estadual. Na última rodada, o time enfrentou o 14 de Julho no Beira-Rio, enquanto o Grêmio visitou o Flamengo em Caxias do Sul. A maré estava muito boa para o Colorado, pois o rival perdeu seu jogo fora de casa por 2 a 1 e inviabilizou qualquer possibilidade de conquista. Assim, o Inter podia podia levar o título até com derrota. Mas a equipe preferiu comemorar o estadual com vitória por 2 a 0.

A campanha do Internacional:
34 jogos | 26 vitórias | 6 empates | 2 derrotas | 52 gols marcados | 10 gols sofridos


Foto Arquivo/Internacional

Vasco Campeão Carioca 1970

O Campeonato Carioca é considerado por muitos como o mais charmoso do Brasil. Muito dessa fama é devido as disputas que lotavam e dividiam o Maracanã em dois, em uma época que cabia mais de 100 mil torcedores no estádio. E também devido aos craques que vestiram as camisas de Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo, os maiores vencedores do estadual.

Durante muito tempo, mais precisamente até 1978, o Cariocão era restrito aos clubes da cidade do Rio de Janeiro, afinal o estado era separado do município. Até 1960, a cidade era o Distrito Federal, depois tornou-se o estado da Guanabara. O restante disputava o Campeonato Fluminense.

Em 1970, faltavam cinco anos para a unificação dos estados e oito para a união dos campeonatos. Na contramão, faziam 12 anos que o Vasco não era campeão estadual, o maior jejum da história do clube. Era preciso colocar um ponto final na fila, e assim foi. O torneio daquele ano foi disputado por 12 times em dois turnos. No primeiro, todos se enfrentaram uma vez. No segundo, os oito primeiros seguiram e se enfrentaram novamente, com o título ficando para quem mais somou pontos nos dois momentos.

O cruz-maltino começou a campanha em uma disputa ponto a ponto pela primeira colocação. Em 11 partidas do primeiro turno, A equipe venceu sete, empatou três e perdeu uma. Com 17 pontos, se classificou na terceira posição, um ponto a menos que o líder Fluminense e empatado com o vice America. Botafogo, Flamengo, Olaria, Madureira e Campo Grande foram os outros que avançaram. Bangu, São Cristóvão, Bonsucesso e Portuguesa foram eliminados.

O alto nível foi mantido no segundo turno. Nas cinco primeiras partidas, o Vasco venceu o Olaria por 3 a 1, o Flamengo por 1 a 0, o Madureira por 2 a 0, o Campo Grande por 4 a 0 e o America por 3 a 2. Faltando dois jogos, o cruz-maltino somava 27 pontos contra 25 do Fluminense e 23 do Botafogo. Assim, bastava ao Vasco vencer os botafoguenses na penúltima rodada, junto a um tropeço dos tricolores. Foi o que aconteceu: o Fluminense ficou no 0 a 0 com o America e os vascaínos venceram o Botafogo por 2 a 1, conquistando de forma antecipada o 13º título estadual.

A campanha do Vasco:
18 jogos | 13 vitórias | 3 empates | 2 derrotas | 30 gols marcados | 14 gols sofridos


Foto Arquivo/O Globo