A virada de 1995 para 1996 tem uma grande representação nos rumos que tomou o futebol atual. No dia 15 de dezembro, o Tribunal de Justiça da União Europeia deu razão à causa do jogador belga Jean-Marc Bosman, que processou o RFC Liège quando estava em fim de contrato. Ele estava acertado para atuar no Dunkerque, da França, mas não conseguiu a transferência porque deveria indenizar o antigo clube. O caso feria o Tratado de Roma, que diz que todo cidadão da União Europeia tem livre acesso para trabalhar entre seus países.
A "Lei Bosman" passou a incluir os futebolistas na categoria de trabalhadores comunitários, e as restrições de estrangeiros foram deixando de existir nas federações dos países-membros da UE. Assim, o que começou a se ver na Europa foi a globalização dos clubes. Em 1996, a Juventus foi bicampeã da Liga dos Campeões ainda com nove italianos titulares, vencendo o Ajax na final por 4 a 2 nos pênaltis, após 1 a 1 no tempo normal.
Mas para o Mundial as mudanças começariam. Os nove conterrâneos foram reduzidos a seis, e os franceses Didier Deschamps e Zinedine Zidane não eram mais considerados estrangeiros. A trajetória do título da Vecchia Signora ainda passou por eliminações sobre Real Madrid e Nantes.
Na América do Sul, tudo continuou normal, e o River Plate conseguiu o bicampeonato da Libertadores vencendo o América de Cali na decisão, tal qual dez anos antes. O time millonario perdeu a ida por 1 a 0, mas venceu a volta por 2 a 0. Tudo sob o comando do meia uruguaio Enzo Francescoli. Na campanha, o River bateu San Lorenzo e Universidad de Chile nas fases anteriores.
A Copa Intercontinental entre Juventus e River Plate foi realizada em 26 de novembro, como sempre, no Nacional de Tóquio. Os efeitos da globalização no futebol ainda estavam para ser conhecidos, mas já se percebia uma tendência de predomínio europeu nesta partida. O clube italiano dominou o argentino na maior parte do tempo, mas parava na grande atuação do goleiro Roberto Bonano. Os argentinos criaram bem menos, com a melhor chance sendo uma bola de Ariel Ortega no travessão.
O gol da justiça na atuação e do título dos italianos aconteceu só aos 36 minutos do segundo tempo. Angelo Di Livio cobrou escanteio, e o croata Alen Boksic desviou a bola de cabeça, que sobrou para Alessandro Del Piero fuzilar no ângulo esquerdo. Depois, os dois times tiveram oportunidades para empatar ou ampliar o resultado, mas tudo ficou no 1 a 0. Com isso, a Juventus chegou ao seu segundo título mundial, que também serviu como um recado: um desequilíbrio poderia estar surgindo com as novas políticas de contratações na Europa.

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