O futebol pós-Lei Bosman viveu um período de adaptações no fim da década de 90. Os clubes com maior poder de investimento começavam a esboçar um distanciamento em relação às equipes com menos cacife financeiro. A Liga dos Campeões da Europa veria cada vez menos títulos de equipes "nacionais", como Steaua Bucareste, Estrela Vermelha e Ajax.
A edição de 1997 da sempre querida Champions foi uma das últimas a ter como campeão um clube da segunda prateleira do futebol no Velho Continente. Era uma época em que ainda os países levavam apenas uma vaga na competição, e a alemã ficou com o Borussia Dortmund. Para chegar à conquista inédita, o time precisou eliminar Auxerre e Manchester United no mata-mata, e vencer a Juventus na decisão, por 3 a 1.
No lado sudaca, a Libertadores viu uma campanha de recuperação chegar ao título. O Cruzeiro conseguiu o bicampeonato depois de estar quase eliminado na fase de grupos. A equipe perdeu os três primeiros jogos, mas recuperou-se no returno, compensado com três vitórias. Depois, a Raposa eliminou El Nacional, Grêmio e Colo-Colo, sempre vencendo em casa e perdendo fora. A única fase sem derrota foi a própria final, contra o Sporting Cristal: 0 a 0 na ida e 1 a 0 na volta.
Os clubes chegariam à Copa Intercontinental com mudanças no banco de reservas. No BVB, Ottmar Hitzfeld deu lugar ao italiano Nevio Scala. Já no Cruzeiro, Paulo Autuori foi substituído por Nelsinho Baptista. Dentro do campo, os times agiram de maneira oposta. Enquanto o Borussia manteve quase todos os titulares, o clube mineiro afundou no caos: brigou para não cair no Brasileiro e contratou jogadores para atuar apenas no Mundial. Bebeto, Gonçalves e Donizete foram integrados ao elenco com poucos dias para treinos e entrosamento.
A atitude cruzeirense descaracterizou a base titular, pois Nonato, Wilson Gottardo (capitão da equipe) e Marcelo Ramos foram sacados em prol dos "contratados". Houve ainda um quarto atleta de aluguel, Alberto Valentim, mas este ficou na reserva.
O Nacional de Tóquio recebeu BVB e Cruzeiro no dia 2 de dezembro. O time alemão, muito mais organizado, dominou durante a maior parte do tempo. Aos 34 minutos do primeiro tempo, Michael Zorc aproveitou cruzamento de Stéphane Chapuisat e abriu o placar, de cabeça. Os mineiros cansaram de errar chances, e o Borussia Dortmund fez 2 a 0 aos 40 do segundo tempo, quando Paulo Sousa ganhou uma dividida com Elivélton e cruzou para Heiko Herrlich desviar ao gol. O resultado confirmou o favoritismo dos alemães, campeões pela primeira vez de um jeito tranquilo.