Brasil Campeão Olímpico 2020

Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram realizados em tempos difíceis. A pandemia do coronavírus atrasou as disputas de 2020 para 2021, mas a vontade dos atletas de vencer permaneceu a mesma. E na melhor participação brasileira em um século de história olímpica, o futebol masculino não poderia ficar de fora da festa, conquistando o bicampeonato nos gramados japoneses.

A competição seguiu o mesmo regulamento das últimas edições, com 16 seleções divididas em quatro grupos. A única mudança foi forçada pelo adiamento do evento: jogadores de 24 anos foram autorizados pela FIFA e pelo COI a participarem das partidas.

A pressão pela conquista do ouro já era coisa do passado, e o Brasil começou a jornada no grupo D da primeira fase. A estreia foi contra a Alemanha, vencendo por 4 a 2. Na segunda rodada, um empate chato por 0 a 0 contra a Costa do Marfim. A classificação foi confirmada no terceiro jogo, em vitória por 3 a 1 sobre a Arábia Saudita. Com sete pontos, a Seleção Brasileira ficou na liderança da chave.

Nas quartas de final, o Brasil passou pelo Egito com vitória simples, por 1 a 0. Na semifinal, foi a vez de eliminar o México (na revanche de 2012) com 4 a 1 nos pênaltis após 0 a 0 na partida e na prorrogação. A final foi contra a Espanha, que havia passado sobre Argentina, Austrália, Costa do Marfim e Japão. Mas antes da decisão, teve a disputa do bronze, com os mexicanos fazendo 3 a 1 sobre os japoneses.

A medalha de ouro foi decidida em Yokohama, no Estádio Internacional - o mesmo em que o Brasil levou o penta na Copa do Mundo, em 2002. Depois de 19 anos, o reencontro com o palco foi sem público na arquibancada e de jogo tenso em campo. O placar foi aberto aos 47 minutos do primeiro tempo, com Matheus Cunha. Antes, Richarlison tinha perdido um pênalti, atirando a bola para fora. Os espanhóis empataram aos 16 do segundo tempo, com Mikel Oyarzabal.

A partida foi à prorrogação, e aos três da segunda etapa extra Malcom recebeu assistência de Antony para fazer 2 a 1. Os 12 minutos restantes foram de muita emoção, mas a Espanha não conseguiu reagir e o Brasil segurou o resultado para conquistar o segundo título olímpico.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 10 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Fernando Vergara/AP

Canadá Campeão Olímpico Feminino 2020

Em uma Olimpíada diferente de tudo que já foi visto, o futebol feminino conheceu um nova seleção campeã. O Canadá faturou sua primeira medalha de ouro na modalidade, que lhe permitiu ser o pioneiro de uma façanha solitária na história: ser o único país a ficar no lugar mais alto do pódio tanto entre os homens quanto entre as mulheres, repetindo o gesto dos Jogos de 1904, ainda na época fosse apenas exibição.

A competição disputada em Tóquio sofreu com os efeitos da pandemia. Primeiro, o COI adiou o evento de 2020 para 2021, mas sem alterar a marca e a nomenclatura. Segundo, a organização local optou por realizar tudo sem a presença de público, com as arquibancadas e as instalações ficando restritas ao pessoal credenciado.

O regulamento do futebol feminino continuou sem alteração em relação as edições anteriores, com 12 participantes. As canadenses começaram a campanha no grupo E, estreando com empate por 1 a 1 sobre o Japão, com o gol sendo marcado pela ídolo Christine Sinclair. Na segunda rodada, a equipe encaminhou a classificação ao vencer o Chile por 2 a 1. No fechamento das três rodadas, foi a vez de empatar por 1 a 1 com a Grã-Bretanha. Ao fim da primeira fase, o Canadá ficou na segunda posição, com cinco pontos.

Nas quartas de final, o time canadense passou pelo Brasil, com vitória por 4 a 3 nos pênaltis após 0 a 0 nos 120 minutos de partida. Na semifinal, eliminaram os Estados Unidos, vencendo o clássico por 1 a 0, gol marcado por Jessie Fleming.

A final foi contra a Suécia, que chegou lá batendo Nova Zelândia, Japão e Austrália. Na disputa pela medalha de bronze, as norte-americanas derrotaram as australianas por 4 a 3.

A decisão olímpica foi jogada no Estádio Internacional de Yokohama. O placar foi aberto pelas suecas, aos 34 minutos do primeiro tempo, com Stina Blackstenius. O empate canadense veio aos 24 do segundo tempo, com o pênalti convertido de Fleming. O 1 a 1 permaneceu no resultado até o fim da prorrogação. Na disputa de penalidades, o Canadá foi levemente mais eficiente e venceu por 3 a 2, levando seu primeiro ouro no feminino.

A campanha do Canadá:
6 jogos | 2 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 6 gols marcados | 4 gols sofridos


Foto Naomi Baker/Getty Images

Santos Campeão da Libertadores 1962

Em 1962, o Santos era o melhor time de futebol do Brasil, e ia para sua primeira Libertadores embalado pela conquista da Taça Brasil de 1961. Era um representante a altura para derrubar a hegemonia do Peñarol. Depois de duas edições totalmente realizadas em mata-mata, a competição ganharia pela primeira vez uma fase de grupos.

Isso foi possível graças à introdução da vaga automática para o campeão anterior já na semifinal. A regra permitiu à Conmebol colocar nove equipes em grupos de três times. No total foram dez clubes participantes.

O Peixe ficou no grupo 1, ao lado do Cerro Porteño, do Paraguai, e do Deportivo Municipal, da Bolívia. E o time de Pelé, Coutinho e Pepe não teve problemas para passar de fase. Na Vila Belmiro, goleou os bolivianos por 6 a 1 e os paraguaios por 9 a 1. No Paraguai, empatou por 1 a 1, e na Bolívia, venceu por 4 a 3. O Alvinegro se classificou na liderança com sete pontos.

Na semifinal, o Santos enfrentou a Universidad Católica, do Chile. Em jogos difíceis, o Peixe empatou em 1 a 1 em Santiago e venceu por 1 a 0 em casa. Na outra chave, o Peñarol bateu o Nacional no clássico uruguaio e chegou na sua terceira decisão consecutiva.

A final entre Santos e Peñarol foi longa. Na ida, no Centenario, em Montevidéu, Coutinho decidiu para o Peixe, fazendo os gols na virada por 2 a 1. Na volta, na Vila Belmiro, o Santos não conteve o ataque uruguaio e perdeu por 3 a 2, sob tumulto: depois do terceiro gol do Peñarol, uma agressão ao árbitro vinda da arquibancada fez a partida ser suspensa. Ela chegou a ocorrer inteira por pressão santista, mas somente 51 minutos são considerados oficiais.

No jogo extra, no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, tudo ocorreu tranquilamente. Pelé foi o craque da partida, marcando dois gols nos 3 a 0 do Peixe, que derrubou a supremacia uruguaia e trouxe o primeiro título de Libertadores para o Brasil.

A campanha do Santos:
9 jogos | 6 vitórias | 2 empates | 1 derrota | 29 gols marcados | 11 gols sofridos


Foto Arquivo/Wikimedia Commons

Peñarol Campeão da Libertadores 1961

A primeira edição da Copa dos Campeões da América foi bem sucedida e motivou a adesão de mais países à competição. Os sete participantes de 1960 subiram para nove em 1961, com as entradas de Equador e Peru. Com isso, o regulamento precisou ser estendido em uma fase preliminar com duas equipes, para que sobrassem oito nas quartas de final. Aqui, o colombiano Santa Fe eliminou os equatorianos do Barcelona de Guayaquil e fechou o mata-mata.

A campanha do bicampeonato do Peñarol teve início contra o Universitario, do Peru. Na ida, em Montevidéu, os carboneros estrearam com goleada por 5 a 0 sobre os peruanos, consolidando uma enorme vantagem para a volta. Tanto que o time uruguaio se permitiu perder por 2 a 0 na partida em Lima.

Na semifinal, o Peñarol reencontrou seu vice de um ano antes, o Olimpia. E mais uma vez o time aurinegro mandou o primeiro jogo em casa, vencendo os paraguaios por 3 a 1. Na volta, no Manuel Ferreira, em Assunção, os uruguaios voltaram a vencer, desta vez por 2 a 1, e conquistaram a vaga na final pela segunda vez consecutiva. Seu adversário viria do Brasil. O Palmeiras chegou no outro lado da decisão passando pelos argentinos do Independiente e também pelo Santa Fe.

A segunda final da Libertadores teve o pontapé inicial no Centenario, em Montevidéu. Em uma partida complicada e brigada, o Peñarol conseguiu a vitória somente aos 44 minutos do segundo tempo, com o gol do artilheiro Alberto Spencer. O 1 a 0 já era uma ótima vantagem, dependendo do que ocorresse no Brasil.

O segundo jogo aconteceu no Pacaembu, em São Paulo. E a vantagem carbonera aumentou logo aos dois minutos do primeiro tempo, quando José Sasía abriu o placar. Os dois gols de frente permitiram ao Peñarol cozinhar ao máximo a partida. Os brasileiros fizeram 1 a 1 aos 32 do segundo tempo, mas já era tarde para tirar o segundo título da equipe uruguaia.

A campanha do Peñarol:
6 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 1 derrota | 12 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Arquivo/Peñarol

Peñarol Campeão da Libertadores 1960

A história da Copa Libertadores da América começa bem antes de 1960. A primeira competição que ultrapassou fronteiras na América do Sul foi a Copa Río de La Plata, entre os campeões da Argentina e do Uruguai entre 1916 e 1947. Em 1948 o Chile organizou o Torneio Sul-Americano, vencido pelo Vasco e que teve o aval da Conmebol. Entre 1951 e 1952 foi realizada a Copa Rio Internacional, vencidas por Palmeiras e Fluminense.

Em 1955 a novata UEFA criou a Copa dos Campeões Europeus, que reunia todos os campeões do continente em um mata-mata. Foi a partir de então que a Conmebol resolveu formar o seu campeonato. Em 1960, nasceu a Copa dos Campeões da América.

A primeira edição da competição - ainda sem ser chamada de Libertadores - foi vencida pelo uruguaio Peñarol e contou com a presença do Bahia como representante brasileiro, perdendo nas quartas de final para o argentino San Lorenzo. O primeiro dos cinco títulos carboneros na América do Sul foi conquistado de maneira rápida, já que foram apenas sete participantes em dois meses de disputa.

O adversário uruguaio nas quartas foi o  boliviano Jorge Wilstermann. E logo na ida em casa, a lenda aurinegra Alberto Spencer anotou quatro gols na goleada por 7 a 1. Na volta em La Paz, empate por 1 a 1 classificou o Peñarol.

Na semifinal, três partidas diante do San Lorenzo. Na primeira, em Montevidéu, empate por 1 a 1. Na segunda, em Buenos Aires, empate sem gols. O jogo extra estava marcado para ser na Argentina, mas o time azulgrana vendeu o mando de campo ao Peñarol, que venceu por 2 a 1 no Centenario.

A final foi contra o Olimpia, que estreou já na semifinal eliminando o colombiano Millonarios. A ida foi jogada em Montevidéu, e o Peñarol abriu vantagem vencendo por 1 a 0, gol de Spencer. A volta foi no Defensores del Chaco, em Assunção, e os carboneros empataram por 1 a 1 com os paraguaios, conquistando assim o título pioneiro da Libertadores.

A campanha do Peñarol:
7 jogos | 3 vitórias | 4 empates | 0 derrotas | 13 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Arquivo/Peñarol

Vasco Campeão Sul-Americano 1948

Nas primeiras décadas de existência do futebol, a posição de entidades como UEFA, Conmebol e FIFA era de organizar somente competições de seleções, deixando os torneios de clubes nas mãos de clubes e federações. Em 1948, o clube chileno Colo Colo teve a ideia de reunir a melhor equipe de cada país da América do Sul em uma competição em Santiago.

O torneio saiu do papel com o apoio de Luiz Valenzuela, presidente da Conmebol na época, e os oito filiados da entidade no momento deveriam indicar os campeões nacionais. Colômbia e Venezuela ainda não faziam parte da instituição, o Paraguai não indicou representante, o Peru indicou o vice nacional, e a Bolívia e o Equador indicaram, respectivamente, o campeões citadinos de La Paz e Guayaquil, pois os países não possuíam competição nacional e estas eram as maiores cidades.

O Brasil também não possuía uma competição nacional, a não ser pelo Campeonato Brasileiro de Seleções. O Distrito Federal/Guanabara (Rio de Janeiro) era o Estado campeão, e assim o Vasco campeão carioca foi indicado.

O torneio teve elementos em comum com a primeira edição da Libertadores, disputada apenas em 1960: sete países sul-americanos, cada um representado por seu melhor clube. O objetivo do Colo Colo era fazer um torneio que indicasse o campeão sul-americano, conforme o nome oficial do torneio em espanhol, "Campeonato Sudamericano de Campeones", que era bastante semelhante ao nome original da Libertadores até 1965: "Copa de Campeones de América".

Na época, o Vasco fora tratado como campeão da América, embora não houvesse posição oficial da Conmebol. Mas o critério de convites e as bases do torneio de 1948, juntamente com a concepção das Copas Rio de 1951 e 1952 serviram de embrião para a criação das competições continentais que existem até hoje, a Liga dos Campeões da Europa (desde 1955/56) e a Copa Libertadores (desde 1960). O Torneio Sul-Americano passou a ser tratado como precursor da Libertadores, e em 1996 a conquista do Vasco recebeu o reconhecimento da Conmebol e da FIFA como oficial.

----------------------------

O Vasco foi convidado para o Torneio Sul-Americano de 1948 a partir do critério empregado pela CBD. Não existia uma competição nacional de clubes. Os Estados formavam seleções e disputavam uma espécie de Campeonato Brasileiro. Em 1947 o vencedor foi o Estado do Distrito Federal, que se mais tarde mudaria de nome para Guanabara, e mais tarde ainda se uniria com o Rio de Janeiro. Assim, o campeão carioca daquele ano foi definido como o representante brasileiro na competição.

Foram sete times no torneio, jogando todos contra todos em turno único, com todas as partidas senso disputadas no Estádio Nacional. O Vasco já era conhecido como o Expresso da Vitória e, comandado pelo técnico Flávio Costa, entrou como um dos favoritos. A estreia do Cruz-maltino foi contra o Litoral da Bolívia, e com vitória tranquila por 2 a 1. O resultado do segundo jogo foi ainda maior, goleada de 4 a 1 sobre o Nacional do Uruguai.

O terceiro confronto foi contra o Deportivo Municipal do Peru, e contou com outra goleada por 4 a 0. Na quarta partida as coisas foram mais apertadas, mas o Vasco superou o Emelec do Equador por 1 a 0. Líder do torneio, o time da Colina enfrentou a pressão da torcida contra o Colo Colo, e se saiu bem ao empatar em 1 a 1.

A última rodada reuniu os únicos times com chances de ser campeão. Vasco e River Plate tinham as melhores equipes da competição, dois esquadrões. O Cruz-maltino dependia somente de si, enquanto os argentinos precisavam vencer. Como toda rivalidade Brasil x Argentina pede, o jogo foi tenso, de muita marcação e faltas.

O Vasco soube aguentar a catimba do River Plate e manteve o 0 a 0 no placar. Dessa maneira, o time de Barbosa, Ademir de Menezes, Friaça, Augusto e Danilo se tornou o campeão dos campeões, o primeiro da América do Sul. Precursor do continente com o devido reconhecimento.

A campanha do Vasco:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 12 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/Vasco