Brasil Campeão da Copa América 2004

Conforme a história da Copa América avança, é possível observar muito bem as mudanças nos padrões de cronograma. Recriada para acontecer de quatro em quatro anos a partir de 1975, a periodicidade foi para de dois em dois anos a partir de 1987. A conta foi assim até 2001, quando a Conmebol reorganizou mais uma vez, colocando a edição seguinte três anos depois, em 2004. O plano nunca foi torná-la trienal, porque em algum momento a competição se chocaria com a Copa do Mundo. O objetivo real do movimento era adaptar o torneio de maneira gradual, para ser novamente quadrienal a partir de 2007.

Sediada no Peru, a Copa América de 2004, foi praticamente especial. Foi nela que o Brasil recuperou a hegemonia continental, mesmo poupando os principais jogadores levando à campo uma equipe B. O time era quase inteiro composto por jovens promessas, como o meia Alex, o goleiro Júlio César, e os atacantes Luís Fabiano e Adriano.

A seleção Canarinho ficou no grupo C da primeira fase, junto com Chile, Costa Rica e Paraguai. Na estreia, vitória por 1 a 0 sobre os chilenos. Na segunda rodada, foi a vez de golear por 4 a 1 os costarriquenhos. Na última rodada, porém, a equipe perdeu por 2 a 1 para os paraguaios, que empurraram os brasileiros para o segundo lugar da chave, com seis pontos.

Nas quartas de final, o Brasil voltou a crescer e se recuperou contra o México, na goleada por 4 a 0. mas as dificuldades voltaram na semifinal, contra o Uruguai, onde a Canarinho ficou apenas no empate por 1 a 1, precisando vencer por 5 a 3 nos pênaltis para se classificar à final.

Na decisão, chegaram Brasil e Argentina, algo inédito na Copa América. No caminho, os argentinos eliminaram Equador, Peru e Colômbia. A partida, que até hoje povoa o imaginário do torcedor, aconteceu Estádio Nacional de Lima. Com o time principal, a Argentina ficou duas à frente do placar. A primeira foi dos 20 até aos 45 do primeiro tempo, quando o zagueiro Luisão empatou pela primeira vez. E a outra foi aos 42 do segundo tempo, quando pareceu o título brasileiro estava perdido. Pareceu.

Aos 48 minutos, no último lance, Adriano recebeu a bola na entrada da área e, sem deixar ela cair no chão, girou batendo no canto esquerdo do goleiro Roberto Abbondanzieri, empatando por 2 a 2.  Com a parte argentina do estádio calada, o jogo foi aos pênaltis. Nas cobranças, Andrés D'Alessandro e Gabriel Heinze desperdiçaram, enquanto quatro brasileiros acertaram as suas. Nem precisou da quinta: o zagueiro Juan anotou 4 a 2 e o Brasil conquistou sua sétima Copa América, de maneira inesquecível.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 3 vitórias | 2 empates | 1 derrota | 13 gols marcados | 6 gols sofridos 


Foto David Leah/Mexsport

Colômbia Campeã da Copa América 2001

A Copa América mais conturbada da era atual. Foi assim que ficou conhecida a edição de 2001, sediada na Colômbia. A tensão política entre o governo nacional e as forças paramilitares das FARC quase inviabilizaram a competição, que chegou a ser cogitada a ser realizada no Brasil. No fim, a Conmebol confirmou o território colombiano como anfitrião, mantendo à risca o rodízio de países. Por consequência, duas seleções desistiram da disputa, alegando falta de segurança: o convidado Canadá, que foi substituído pela Costa Rica, e a Argentina.

A ausência dos argentinos foi como uma bomba, na véspera do início do torneio. Para o seu lugar entrou Honduras, que precisou convocar seus jogadores com a Copa América já em andamento, e estrear quase sem fazer treinos. A corrente de fatos com o time hondurenho tornou ainda mais vexatória a eliminação do do Brasil, que perdeu por 2 a 0 para eles nas quartas de final. A baixa qualidade técnica, que teve apenas a dona da casa apresentar um bom futebol, que lhe rendeu o histórico primeiro título.

A Colômbia começou a campanha no grupo A do torneio, contra Venezuela, Equador e Chile. Na estreia, "Los Cafeteros" venceram os venezuelanos por 2 a 0. Na segunda rodada, a equipe fez 1 a 0 nos equatorianos. Na última partida, a vitória foi por 2 a 0 em cima dos chilenos. Com nove pontos e de maneira tranquila, os colombianos se classificaram na liderança da chave.

Nas quartas de final, a Colômbia venceu o Peru por 3 a 0, com dois gols de Víctor Aristizábal e um de Giovanni Hernández. Na semifinal, o adversário foi o meteoro Honduras, o qual os colombianos frearam com a vitória por 2 a 0. Gerardo Bedoya e Aristizábal fizeram os gols que colocaram Los Cafeteros na decisão.

A final da Copa América foi entre Colômbia e México, que superou Paraguai, Chile e Uruguai. A partida foi disputada em Bogotá, no El Campín, que tinha refletida na arquibancada toda a esperança de um país. O time colombiano chegava com o enorme apoio da torcida, que jamais havia visto sua seleção erguer uma taça.

A partida em si não foi bonita, mas contou com domínio dos anfitriões. O gol do título saiu aos 20 minutos do segundo tempo, com Iván Córdoba. Com 1 a 0 no placar da decisão e nenhum gol sofrido em seis jogos, a Colômbia finalmente tinha uma Copa América para chamar de sua, com 100% de aproveitamento e sem sofrer gols.

A campanha da Colômbia:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 11 gols marcados | 0 gols sofridos 


Foto Luis Acosta/AFP/Getty Images

Fortaleza Campeão da Copa do Nordeste 2024

A Copa do Nordeste completou 30 anos de existência em 2024, com a disputa de 21 edições, descontadas as pausas de 1995 a 1996, de 2004 a 2009 e de 2011 a 2012. A disputa contou com 28 participantes, sendo 16 qualificados na fase preliminar e 12 qualificados na fase de grupos (junto com mais quatro classificados da preliminar), com o regulamento de duas chaves cruzadas de oito times.

O título ficou pela terceira vez com o Fortaleza, que venceu metade dos últimos seis campeonatos. Aliás, se contarmos o seu rival Ceará, o estado levou seis taças das últimas dez. Na primeira fase, o Leão do Pici fez parte do grupo B, mas teve uma campanha abaixo da média. Em oito partidas, o time obteve duas vitórias, dois empates e quatro derrotas. Foram apenas oito pontos conquistados, mas que renderam a vice-liderança da chave. Mas qual o por quê disso?

A explicação é que a fase foi desequilibrada, com o grupo A vencendo muito mais jogos que a chave B. Se o Fortaleza estivesse no outro lado, seria o lanterna. Na estreia, o Leão venceu o América-RN no Castelão por 2 a 1. Depois, perdeu por 1 a 0 para o CRB em Maceió e venceu por 3 a 1 o River em casa.

A caminhada estava normal até então. Até que, na quarta rodada, após o empate por 1 a 1 com o Sport em Recife, o ônibus tricolor foi atacado por bandidos. Isso sem dúvida afetou o desempenho da equipe, pois, nos quatro jogos restantes, houve empate por 1 a 1 com o Botafogo-PB em João Pessoa e derrotas por 1 a 0 para o Ceará e para o Vitória no Castelão, e por 3 a 2 para o Maranhão em São Luís.

As atuações do Fortaleza melhoraram no mata-mata. Nas quartas de final, goleada por 5 a 0 o Altos no Castelão. Na semifinal, foi a vez de enfiar 4 a 1 no Sport em plena Arena Pernambuco, vingando o ataque ao ônibus meses antes, em uma clara manifestação de resiliência.

Na final, o adversário foi o CRB, que passou por Botafogo-PB e Bahia no mata-mata. A ida foi Castelão, e o Leão venceu por 2 a 0, gols marcados por Moisés e Juan Lucero. A volta aconteceu no Rei Pelé, em Maceió, só que o Fortaleza não jogou bem e perdeu por 2 a 0. Nos pênaltis, porém, o time não errou nenhuma cobrança e venceu por 5 a 4. A batida do título saiu dos pés de Yago Pikachu.

A campanha do Fortaleza:
12 jogos | 5 vitórias | 2 empates | 5 derrotas | 21 gols marcados | 13 gols sofridos


Foto Itawi Albuquerque/AGIF

Porto Velho Campeão Rondoniense 2024

Pela quarta vez nas últimas cinco temporadas, o Porto Velho é campeão rondoniense. Fundado em 2018, o clube da capital de Rondônia chega a mais um título, que já o coloca como terceiro maior vencedor da era profissional do futebol do Estado.

O Rondoniense 2024 foi disputado por seis equipes, que se enfrentaram em dois turnos na primeira fase. Em dez partidas, a Locomotiva venceu sete, empatou uma e perdeu duas, ficando com folga na primeira colocação, com 22 pontos, seis a mais que o vice Barcelona-RO. Na semifinal, eliminou o Vilhena com vitória por 5 a 2 fora e derrota por 2 a 1 em casa.

Na final, o Porto Velho enfrentou o Barcelona, também da capital, que na semi passou pelo União Cacoalense. Os dois jogos foram realizados no Estádio Aluizão. Na ida, a Locomotiva venceu por 1 a 0. Na volta, o empate por 0 a 0 bastou a conquista do título estadual. 

A campanha do Porto Velho:
14 jogos | 9 vitórias | 2 empates | 3 derrotas | 27 gols marcados | 13 gols sofridos


Foto Leandro Morais/Porto Velho

Brasil Campeão da Copa América 1999

Em uma confederação com somente dez países, sempre foi mais complicado de organizar competições entre seleções, mas a Copa América nunca chegou a subverter tanto a geografia como faria em 1999. Sediada no Paraguai, a competição teve pela terceira vez o México como convidado, o que já era normal, pois até na Libertadores isso já acontecia.

O problema ficou no outro convite, que não foi nem Estados Unidos ou Costa Rica, mas para o Japão. Diretamente da Ásia para a América do Sul, o movimento foi parte de um acordo que envolveu a Toyota, patrocinadora master da Libertadores desde 1998. Mas os japoneses empataram um jogo, perderam dois e se despediram ainda na fase de grupos.

A disputa pelo título ficou concentrada nas seleções de sempre. Com uma equipe renovada e disposta a esquecer rápido o vice na Copa do Mundo de 1998, o Brasil entrou louco para levar o hexa e manter a hegemonia em seu quintal. A Canarinho ficou no grupo B da primeira fase, contra Venezuela, México e Chile. Na estreia já veio o primeiro furacão, na goleada por 7 a 0 sobre os venezuelanos, lembrada até hoje pelo golaço do garoto Ronaldinho, de 19 anos. Na sequência, vitórias por 2 a 1 sobre os mexicanos e por 1 a 0 sobre o chilenos garantiram a liderança do grupo B, com nove pontos.

O adversário nas quartas de final foi a Argentina, que na fase de grupos perdido por 3 a 0 para a Colômbia e viu seu atacante Martín Palermo perder três pênaltis na mesma partida. A vitória no clássico aconteceu por 2 a 1, de virada. Os gols da classificação foram feitos por Rivaldo e Ronaldo. Na semifinal, houve o reencontro com o México e outra vitória, desta vez por 2 a 0. Os gols foram anotados por Amoroso e Rivaldo.

Chegada a final, o Brasil enfrentou o Uruguai, repetindo o confronto pela quarta vez nas últimas oito edições. Os uruguaios chegaram lá ao eliminar Equador, Paraguai e Chile. O palco da disputa foi o Defensores del Chaco, em Assunção. Mas, se em 1983, 1989 e 1995 os placares foram apertados, em 1999 os brasileiros trataram de deixar as coisas mais fáceis.

Com 20 minutos de primeiro tempo, Rivaldo abriu o placar para o Brasil. Aos 27, outra vez Rivaldo mandou a bola no fundo da rede. E no primeiro minuto do segundo tempo, Ronaldo fez 3 a 0 e fechou o resultado da decisão. Pela sexta vez, Brasil conquistou o título da Copa América. E pela primeira vez, emendou duas conquistas consecutivas.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 17 gols marcados | 2 gols sofridos 


Foto Arquivo/Gazeta Press

Brasil Campeão da Copa América 1997

A concorrida década de 90 foi marcada por surpresas, inícios e quedas de tabu na Copa América. Dois destes fatos aconteceram na edição de 1997, sediada na Bolívia. Não havia o que fazer em relação à altitude, e a maioria das sedes escolhidas localizavam-se no alto, como La Paz (3.637 metros), Oruro (3.702), Sucre (2.810) e Cochabamba (2.582). No fim, o ar rarefeito contribuiu para as eliminações do Uruguai na primeira fase e da Argentina nas quartas de final. Acerca disto, a competição teve um novo estreante, a convidada Costa Rica.

Só um fator ficou inalterado durante o torneio: o favoritismo do Brasil. Atuando na única cidade ao nível do mar, Santa Cruz de la Sierra, a seleção Canarinho estava disposta a dar um fim no incômodo tabu de nunca ter vencido a competição fora de seu país. Sob a liderança ofensiva da dupla Ronaldo e Romário, todos "tiveram que engolir" o título do time do técnico Zagallo.

No grupo C da primeira fase, o Brasil enfrentou Costa Rica, México e Colômbia. A estreia foi com uma tranquila goleada por 5 a 0 sobre os costarriquenhos. A dificuldade subiu contra os mexicanos, com a vitória vindo por 3 a 2, de virada. A classificação já estava garantida quando os brasileiros bateram os colombianos por 2 a 0 na última rodada. Com nove pontos, a Canarinho ficou na liderança da chave.

Nas quartas de final, o Brasil enfrentou o Paraguai e venceu por 2 a 0, gols marcados por Ronaldo. Na semifinal, o adversário foi o Peru, que estava ali porque superou a Argentina na fase anterior. Mas os brasileiros não quiseram saber de zebra e aplicaram 7 a 0 nos peruanos, com gols de Denílson, Flávio Conceição, Romário (dois), Leonardo (dois) e Djalminha.

O adversário brasileiro na decisão foi a anfitriã Bolívia, que antes despachou Uruguai, Venezuela, Colômbia e México. Até a semi, o Brasil fez toda a campanha no Estádio Ramón Aguilera, em Santa Cruz. Na final, porém, o time teria de subir o morro até o Hernando Siles, em La Paz, onde os bolivianos atuaram em todas as partidas.

Embora a altitude fosse encarada como obstáculo, a qualidade técnica brasileira era muito maior que a boliviana. Aos 40 minutos do primeiro tempo, Denílson abriu o placar para o Brasil. Aos 45, a Bolívia empatou. A vitória e o título só foram encaminhados no segundo tempo. Aos 34 minutos, Ronaldo desempatou. Aos 45, Zé Roberto fez 3 a 1 e concluiu a conquista do penta sul-americano, com 100% de aproveitamento e, finalmente, sendo a primeira taça vinda de fora do Brasil.

A campanha do Brasil:
6 jogos | 6 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 3 gols sofridos 


Foto Alexandre Battibugli/Placar