Ajax Campeão Mundial 1972

Embora meio esvaziado com a ausência do campeão europeu, o Mundial de 1971 fez tanto sucesso quanto os anteriores. Mais do que isso, a calma e a disputa exclusiva na bola ajudaram a garantir a sobrevivência do torneio. E a soma desses fatores levou o Ajax a repensar seu auto-veto em 1972.

Dito e feito: em 31 de maio, o time holandês derrotou por 2 a 0 a Internazionale na final da Copa dos Campeões e confirmou presença na Copa Intercontinental. Uma semana antes, na Libertadores, o Independiente chegava ao tricampeonato ao bater o peruano Universitario na decisão, com 0 a 0 na ida e 2 a 1 na volta. Nem mesmo o fato de um clube argentino ser o adversário diminuiu o receio do Ajax em atravessar o Oceano Atlântico. As confusões com Racing e Estudiantes ainda estavam vivas na memória de todos, mas aparentemente superadas.

A presença do Ajax no Mundial também trazia algo mais. A equipe era dona do melhor futebol praticado no momento. Comandada pelo técnico romeno Stefan Kovács e com Cruyff, Neeskens, Krol e mais dois terços da seleção da Holanda no time-base, colocava em campo o conceito que ficou conhecido como "Carrossel", que chegaria ao auge durante a Copa do Mundo de 1974: nenhum jogador de linha com posição fixa, posse de bola total e marcação por zona, diminuindo os espaços do oponente.

O Mundial teve início em 6 de setembro, na Doble Visera de Avellaneda. Diante de 60 mil argentinos, o Ajax sentiu a longa viagem. Além disso, os atletas do Independiente não aliviaram em campo. Caçado, Cruyff foi substituído aos 30 minutos do primeiro tempo. Antes das dores e hematomas, o craque abriu o placar aos cinco minutos. Na raça e com certa dose de violência, o time argentino empatou em 1 a 1 aos 36 do segundo tempo, com Francisco Sá. A rispidez sul-americana neste jogo não chegou nem perto da que houve entre 1967 e 1969, mas levou o Ajax a firmar um pacto: vencer a competição na bola e — se necessário — no braço.

Em 28 de setembro, o Olímpico de Amsterdã sediou a segunda partida do Mundial. Não foi preciso usar o braço para vencer, pois agora era o Independiente quem sentia os efeitos da viagem. Neeskens fez 1 a 0 para os holandeses logo aos 12 minutos, e em seguida os argentinos caíram no carrossel. Sem forças para reagir, restava torcer por algum erro do Ajax. Mas isso não aconteceu. Posto em campo aos 16 do segundo tempo, Johnny Rep deitou e rolou na zaga cansada. Ele ampliou o placar aos 20 minutos e fechou os 3 a 0 aos 35. Confirmando a lógica, os "Filhos dos Deuses" comemoraram o primeiro Mundial diante de mais de 45 mil torcedores.

Título ganho, confiança perdida: o Ajax não gostou da postura violenta do Independiente na partida de ida e, mesmo campeão, voltou a prometer que não retornaria mais a um Mundial.


Foto Arquivo/Ajax

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