França Campeã Olímpica 1984

Foram quase oito décadas de futebol puramente amador, do esporte pelo esporte. Mas chegou o momento em que não houve mais como ignorar. O Torneio Olímpico chegou para 1984, nos Jogos de Los Angeles com mudanças na forma de convocar os atletas. COI e FIFA fizeram um novo acordo e, a partir da edição na cidade norte-americana, passaram a permitir a presença de jogadores profissionais nas seleções. Com um porém: seleções de UEFA e Conmebol não podiam ter jogadores com participação na Copa do Mundo.

Foi o jeito que as entidades encontraram para nivelar a competição e barrar a hegemonia do Leste Europeu, que vivia na época o apogeu do socialismo, sob a desculpa que seus futebolistas eram todos militares ou funcionários dos respectivos governos, portanto não recebiam salário dos clubes que defendiam.

Aliás, falando nos países desse bloco, eles não se esqueceram do boicote capitalista quatro anos antes, e devolveram na mesma moeda o destrato, com 14 nações dizendo não às Olimpíadas. Três deles estavam no torneio de futebol: Tchecoslováquia, Alemanha Oriental e União Soviética foram trocados por Itália, Noruega e Alemanha Ocidental.

Alheia aos fatos, a França aparecia em Los Angeles com um time promissor, mas que só cresceu no decorrer das partidas. No grupo A, estreou com empate por 2 a 2 com o Catar. Depois, venceu por 2 a 1 a Noruega e empatou por 1 a 1 com o Chile. Com quatro pontos, liderou a chave superando os chilenos no número de gols marcados. Foi no mata-mata que Les Bleus adquiriram o favoritismo e evoluíram de fato. Nas quartas de final, vitória por 2 a 0 sobre o Egito. Na semifinal, 4 a 2 sobre a Iugoslávia, na prorrogação. A medalha de bronze foi definida a favor dos iugoslavos, que fizeram 2 a 1 nos italianos. 

A decisão foi contra o Brasil, que eliminou Marrocos, Arábia Saudita, Canadá e Itália. Valendo o ouro, franceses e brasileiros jogaram no Rose Bowl, em Pasadena. E com dois gols em cinco minutos - aos dez do segundo tempo com François Brisson e aos 15 com Daniel Xuereb -, a França ganhou por 2 a 0 do time sul-americano e levou sua medalha para casa.

A campanha da França:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 13 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Bob Thomas/Getty Images

Tchecoslováquia Campeã Olímpica 1980

Os Jogos Olímpicos entram nos anos 80, e a era dos boicotes seguiu intensa na edição de 1980 em Moscou, a capital da União Soviética. Desta vez não foi só um grupo de países que disseram não às Olimpíadas, mas praticamente meio mundo. Liderados pelos Estados Unidos, 63 nações protestaram contra a invasão soviética no Afeganistão ocorrida um ano antes. A lista aumentou para 65 quando China e Taiwan recusaram-se a participar, mas estes saíram devido a divergências mútuas quanto ao nome utilizado por ambos.

O torneio de futebol acabou afetado. Das 16 seleções classificadas, sete foram substituídas: pela África, Gana e Egito deram lugar para Nigéria e Zâmbia; na Ásia, Malásia e Irã foram trocadas por Iraque e Síria; pelas Américas, Estados Unidos e Argentina deixaram as vagas para Cuba e Venezuela; e na Europa, a Noruega deixou espaço livre à Finlândia. Dessa forma, o domínio do amadorismo socialista ficou ainda maior.

Com uma prata e uma final abandonada na história, a Tchecoslováquia caminhou para o que seria o último ouro do Leste Europeu antes da reformulação na maneira de se convocar dos atletas. No grupo B da competição, estreou fazendo 3 a 0 na Colômbia. Depois, cedeu empate por 1 a 1 à Nigéria. Por fim, o time tcheco empatou perigosamente sem gols com o Kuwait. Isso porque, se sofresse um gol, a equipe estaria eliminada.

Com quatro pontos, a seleção ficou na liderança, superando os kuwaitianos no saldo de gols (3 a 2). Nas quartas, a Tchecoslováquia derrotou a Argélia por 3 a 0. Na semifinal, foi a vez de passar ganhando por 2 a 0 da Iugoslávia.

A disputa pela medalha de ouro foi entre Tchecoslováquia e Alemanha Oriental, que passou por Espanha, Síria, Iraque e União Soviética. Valendo o bronze, os soviéticos venceram os iugoslavos por 2 a 0. Enfim, a decisão aconteceu no Luzhniki, à época conhecido como Central Lenin. Em partida dura, os tchecos levaram o título ao vencer por 1 a 0, gol marcado pelo reserva Jindrich Svoboda, aos 32 minutos do segundo tempo.

A campanha da Tchecoslováquia:
6 jogos | 4 vitórias | 2 empates | 0 derrotas | 10 gols marcados | 1 gol sofrido


Foto CTKxPhoto/JirixKrulis/Imago Images

Alemanha Oriental Campeã Olímpica 1976

Os Jogos Olímpicos atravessam o Oceano Atlântico rumo à oeste e aterrissam em Montreal, no Canadá. Para a edição de 1976, o torneio de futebol reverteu a última alteração no regulamento, voltando com o mata-mata na segunda fase ao invés de outros dois grupos. O restante ficou inalterado, incluindo as 16 seleções participantes.

Mas... quatro equipes retiraram-se das Olimpíadas antes de seu início. Gana, Nigéria e Zâmbia aderiram ao boicote africano, um movimento de protesto contra a falta de punição sobre a Nova Zelândia, que meses antes fez excursão pela segregada e banida África do Sul com seu time de rugby. Outro que pulou fora foi o Uruguai, porém este foi sem motivo aparente. Os sul-americanos foram substituídos por Cuba, e a competição ficou com 13 países.

Após a conturbação, tudo seguiu nos conforme, com o Leste Europeu dominando as ações. Flertando com o ouro há tempos, a Alemanha Oriental finalmente chegaria lá em solo canadense. No grupo A, estreou com empate sem gols contra o Brasil. Depois de folgar na segunda rodada, foi a vez de encerrar a chave contra a Espanha. O confronto direto com 1 a 0 a favor dos alemães. Com dois pontos, o time ficou na vice-liderança, perdendo a ponta para os brasileiros por causa de um gol marcado a menos.

Nas quartas de final, eliminou a França com uma bela goleada por 4 a 0. Na semifinal, foi a vez de passar pela União Soviética, vencendo por 2 a 1. Na decisão, o adversário alemão seria a Polônia, que chegou lá eliminando Cuba, Coreia do Norte e Brasil. Antes disso, pela medalha de bronze, os soviéticos derrotaram os brasileiros por 2 a 0.

O Estádio Olímpico de Montreal recebeu a final entre Alemanha Oriental e Polônia. Com um ótimo futebol, a equipe alemã construiu o caminho rumo ao ouro em 14 minutos: Hartmut Schade abriu o placar aos sete e Martin Hoffmann ampliou. Grzegorz Lato descontou aos 14 do segundo tempo, mas o dia era germânico, e Reinhard Häfner fechou a conta aos 39, fazendo 3 a 1. A medalha dourada foi a única conquista nos 38 anos de história (1952-1990) da seleção da Alemanha Oriental.

A campanha da Alemanha Oriental:
5 jogos | 4 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 10 gols marcados | 2 gols sofridos


Foto Arquivo/DFV (07/1977: Argentina x Alemanha Oriental)

Polônia Campeã Olímpica 1972

Chegam os anos 70, e junto com a nova década a Olimpíada entra em uma nova fase. A tecnologia começa torna-se cada vez mais um aliado, tanto no auxílio às modalidades quanto nas transmissões televisivas. Os Jogos de 1972, em Munique, eram para ter sido um símbolo de uma nova Alemanha, cada vez mais afastada de seu passado totalitarista.

Mas as competições são lembradas até hoje pelo medo, depois do atentado à delegação de Israel na Vila Olímpica. Orquestrado pelo grupo terrorista Setembro Negro, o ataque matou 17 pessoas, dentre eles seis treinadores e cinco atletas israelenses. Depois desse episódio, a segurança redobrou nas instalações olímpicas, tanto na cidade alemã quanto nas futuras edições, mudando para sempre o trato entre público, atletas e organização.

No futebol, o Torneio Olímpico mudou mais uma vez o regulamento. O mata-mata foi substituído pela segunda fase, onde os oito classificados da primeira seriam divididos em mais dois grupos, com líderes avançando rumo ao ouro e a prata, e vice indo para disputar o bronze. O que não mudou foi o domínio do Leste Europeu.

Uma nova força crescia por aqueles lados: a Polônia, frenteada por Kazimierz Deyna e Robert Gadocha, e com um jovem Grzegorz Lato no banco de reservas. No grupo D, estreou goleando a Colômbia por 5 a 1. Na sequência, aplicou 4 a 0 em Gana. Na rodada final, disputou a liderança com a Alemanha Oriental, vencendo-a por 2 a 1 e terminando com 6 pontos.

Na segunda fase, o time polaco ficou no grupo 2. Seu primeiro adversário foi a Dinamarca, com a qual empatou por 1 a 1. Contra a União Soviética, uma inesquecível vitória por 2 a 1, de virada. Precisando vencer de novo para ir à final, a Polônia derrotou o Marrocos por 5 a 0, encerrando outra vez no primeiro, com cinco pontos.

O bronze foi definido entre soviéticos e alemães-orientais, que empataram por 2 a 2 e dividiram a medalha. Pelo ouro, os poloneses enfrentaram a Hungria, no Estádio Olímpico de Munique. A Polônia conquistou seu único título vencendo por 2 a 1, novamente de virada. Ambos os gols foram marcados por Deyna, aos dois e aos 23 minutos do segundo tempo.

A campanha da Polônia:
7 jogos | 6 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 21 gols marcados | 5 gols sofridos


Foto Peter Robinson/PA Images

Hungria Campeã Olímpica 1968

O Torneio Olímpico de futebol aterrissa pela primeira vez no terceiro mundo. Os Jogos de 1968 aconteceram na Cidade do México, em meio à efervescência social, por causa dos protestos estudantis na capital (e que infelizmente culminariam no Massacre de Tlatelolco), e às sucessivas quebras de recorde nas provas do programa, devido a altitude. No meio futebolístico, quase nada mudou. Quem tinha a vantagem de ser amador desde a raiz largava em vantagem.

Desta vez, o regulamento seria mantido sem alterações. A única diferença para 1964 foi no número de participantes, já que não houve desistências nem proibições dentre as 16 seleções. Bicampeã, a Hungria chegava novamente com força, mirando sua terceira medalha de ouro.

No grupo C da competição, o time estreou muito bem, goleando El Salvador por 4 a 0. Na segunda rodada, porém, a equipe foi surpreendida por Gana no empate por 2 a 2. A recuperação veio na última partida, na vitória sobre Israel por 2 a 0. Com cinco pontos, os húngaros ficaram na liderança da chave. Nas quartas de final, foi a vez de passar pela Guatemala, vencendo-a por 1 a 0. Mais uma goleada viria a ocorrer, agora na semifinal, por 5 a 0 sobre o Japão.

A final foi marcada por duas forças do Leste Europeu, entre Hungria e Bulgária. Os búlgaros chegaram para disputar o ouro depois de eliminar Tchecoslováquia, Tailândia, Israel e México. Antes, no jogo valendo o bronze, o time japonês venceu o mexicano por 2 a 0.

A decisão foi realizada no Estádio Azteca, diante de 75 mil pessoas. A Bulgária abriu o placar aos 22 minutos do primeiro tempo, com Tsvetan Veselinov. Apesar do revés, a Hungria se acertou aos poucos e buscou a virada. Aos 40, Iván Menczel empatou. Aos 41, Antal Dunai virou. Já no segundo tempo, aos quatro, Antal ampliou, e aos 17, István Juhász fechou a conta. Com 4 a 1 no placar, os magiares chegavam ao tricampeonato olímpico, uma marca jamais superada, pelo menos entre os homens.

A campanha da Hungria:
6 jogos | 5 vitórias | 1 empate | 0 derrotas | 17 gols marcados | 3 gols sofridos


Foto Arquivo/MLSZ

Hungria Campeã Olímpica 1964

Continuando com a saga olímpica, o torneio de futebol chega dos Jogos de 1964, sediados em Tóquio. Era a hora de compensar a capital japonesa pela interrupção causada pela Segunda Guerra Mundial, em 1940. O regulamento com fase de grupos, adotado na edição anterior, fez sucesso e acabou mantido para o futuro. Com modificações: ao invés de passar só o líder de cada chave, os vices também ganhariam a chance de seguir em frente.

Mas como nem tudo são flores, houve um time desistente e outro barrado das partidas. A Coreia do Norte retirou-se porque alguns de seus jogadores foram proibidos de pisar em solo japonês, e a Itália foi eliminada sumariamente pois seu elenco era profissional. Com 14 seleções, as Olimpíadas deram início ao torneio.

Outrora a melhor equipe do mundo, a Hungria perdera muita força após a invasão soviética ao país. Muitos dos seus craques preferiram atuar no exterior, como os agora espanhóis Ferenc Puskás e László Kubala. Porém, como seu futebol seguia 100% amador desde a seleção principal, o time magiar era um dos favoritos ao ouro. E confirmou em campo.

No grupo B, a estreia húngara foi com goleada por 6 a 0 sobre o Marrocos. Depois de folgar na segunda rodada (jogaria contra os norte-coreanos), confirmou a classificação na última partida da fase de grupos, ao derrotar a Iugoslávia em um inesquecível 6 a 5. Líder com quatro pontos, os húngaros enfrentaram a Romênia nas quartas de final, vencendo por 2 a 0. Na semifinal, 6 a 0 sobre a República Árabe Unida (Egito e Síria).

A luta pelo bicampeonato teve o seu encerramento contra a Tchecoslováquia, que passou por Brasil, Coreia do Sul, Japão e Alemanha. Na disputa pelo bronze, os alemães derrotaram os árabes por 3 a 1. A decisão entre magiares e tchecos aconteceu no Estádio Nacional de Tóquio. O placar só foi aberto no segundo tempo, quando Vladimír Weiss anotou contra aos húngaros, aos dois minutos. Ferenc Bene aumentou aos 14. Jan Brumovsky descontou para 2 a 1 aos 35, mas a Hungria soube garantir o resultado, ficando com seu segundo ouro no futebol.

A campanha da Hungria:
5 jogos | 5 vitórias | 0 empates | 0 derrotas | 22 gols marcados | 6 gols sofridos


Foto Arquivo/MLSZ